segunda-feira, 29 de abril de 2024

Falácias que ameaçam o nosso mundo

 Falácias que ameaçam o nosso mundo 


Alder Júlio Ferreira Calado 


Não precisamos recorrer à figura abjeta de Goebbels, chefe da propaganda ideológica do Nazismo, celebrizada pelo famigerado dito de que uma mentira repetida mil vezes acaba assumindo ares de verdade. Resulta trágico reconhecer, com Bertold Brecht, que “Ainda é fecundo o ventre de onde surgiu a besta imunda”. Não bastassem todas as atrocidades cometidas pelo Nazismo, eis que, cerca de 80 anos após, e já por algumas vezes, a humanidade volta a amargar práticas Nazistas, inclusive no Brasil. Aqui e alhures é o mesmo o seu “Modus Operandi”, sempre alimentado por suas armas ideológicas letais, tais como o ódio, a mentira, a violência, a hipocrisia…


Como é amplamente sabido, o Nazi-Fascismo despreza qualquer referência ética, sempre empenhado em equiparar mentira e verdade. Um exemplo ilustrativo, na atualidade, pode ser conferido em recente entrevista feita ao jornalista estadunidense Michael Shellenberger. Quando perguntado se reconhece como mentirosa sua acusação feita contra figuras do Judiciário brasileiro, ele confirma com a maior “cara de pau”. Isto revela o completo desprezo pela ética, que forma parte do processo de humanização, comportando-se como alguém, para quem a mentira é banalizada, despudoradamente. A quem interessar possa, recomendo a íntegra da entrevista, pelo acesso ao link https://www.brasil247.com/blog/debater-a-liberdade-de-expressao-hoje-e-uma-cortina-de-fumaca-orquestrada-pela-extrema-direita#google_vignette


A este propósito, a despeito de certa diferença de grau, cumpre assinalar traços substantivos entre a Direita e a Extrema-direita, uma como outra camufladas, na história recente do Brasil, de “Centrão”. A despeito da frente ampla, na qual se sente obrigado a apostar o atual Governo, nunca é demais alertar para os riscos em que incorre nossa sociedade - aqui tratamos fundamentalmente desde a perspectivas dos “de baixo” -, ao apostar no acerto desta estratégia (Frente Ampla), cujos malogros já amargam, em outras ocasiões.


Quando observamos, por exemplo, o altíssimo preço que somos obrigados a pagar, em consequência da famigerada Lei do Teto de Gastos, podemos nos dar conta dos profundos retrocessos a que este arcabouço fiscal nos submete. Não bastasse a retranca imposta pela autonomia do Banco Central - agravada pela gestão de um fiel representante do setor financista, o mais cruel dos setores do capitalismo -, eis que o Executivo se vê constantemente constrangido a lidar com as pressões diárias do tal “Mercado” fortemente acolitado pelo Legislativo e pela mídia corporativa.


Manter-nos algemados por esta lógica implica renunciarmos às legítimas aspirações e às promessas programáticas de campanha, à medida que a Lei do Teto de Gasto nos obriga:


- A reduzir o investimento público nas políticas públicas essenciais (saúde, educação, etc.);

- Impede ou reduz drasticamente a retomada de milhares de obras interrompidas, há anos;

- Aumenta a pressão parlamentar, especialmente dos Partidos da Direita e da extrema Direita, sobre o Executivo nas bizarras barganhas por verbas espúrias;

- Força o Executivo a comprimir ainda mais a massa salarial e poder aquisitivo dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente dos serviços públicos;

- Inviabiliza o cumprimento de promessas legítimas de campanha, como é o caso da redução de alíquotas do imposto de renda, situação aberrante, em que modestos assalariados são, por vezes, obrigados a pagar, de Imposto de renda o mesmo de banqueiros e de plutocratas;

- Ao mesmo tempo, o Executivo fica obrigado a seguir pagando religiosamente juros faraônicos, a título de serviço da dívida, uma dívida escandalosa e recheada de “mutretas”. 


Sem a retomada do Trabalho de Base e das lutas dos Movimentos Sociais, não vislumbramos saída para um exitoso enfrentamento desses impasses.     


Texto interrompido em 15/04/2024, em razão de minha internação hospitalar, em 16/04/2024. Resolvi compartilhá-lo, ainda que incompleto. 


João Pessoa, 29 de abril de 2024.


quinta-feira, 11 de abril de 2024

O germe colonialista de Igrejas Cristãs volta a atacar…

 O germe colonialista de Igrejas Cristãs volta a atacar… 


Alder Júlio Ferreira Calado 


Em meados dos anos 90 do século passado, realizou-se, no Seminário Arquidiocesano, em João Pessoa-PB, um Encontro avaliativo e prospectivo, organizado pelos Padres Italianos “Fidei donum”, no Nordeste, para o qual foi também convidado o Pe. José Comblin, a fazer uma reflexão crítica sobre o evento. Antes dele intervieram duas pessoas convidadas, após o que Comblin foi instado a fazer sua reflexão. Seu primeiro gesto foi o de apagar o que estava anotado na lousa, justificando que, até ali se havia tratado no âmbito do consciente, e ele passaria a tratar do inconsciente.


Tratou, então, de questionar o que motivava os missionários europeus - sendo ele também um missionário europeu - a fazerem seu trabalho no Brasil, como se duvidasse de que o único propósito fosse apenas evangelizar. De forma direta ou indireta, sem deixar de reconhecer o legado evangélico do trabalho dos missionários europeus, ele passava  também a questionar a existência de certa pretensão colonialista, de quem vinha mais para ensinar do que para aprender com os pobres do Brasil. Supérfluo dizer de certo mal-estar produzido no ambiente, a tal ponto que o palestrante não compareceria ao encontro, na parte da tarde. 


Aqui tomo a rememoração deste episódio, do qual fui testemunha, como um dos convidados, como ilustração pedagógica para uma reflexão crítica acerca do risco de reprodução ideológica, de caráter colonialista, em que podem incorrer, de um lado, missionários e missionárias não nascidos no Brasil, em sua atividade de evangelização dos pobres, na América Latina e em outros continentes, e, de outra parte, o público-alvo destas atividades, aos se portarem como meros receptáculos (portanto, passivos) da mensagem recebida. Nas linhas que seguem, tratamos de problematizar tais riscos, recorrendo à rememoração de traços históricos da ação missionária ocidental feita na América Latina e no Brasil. Em seguida, cuidamos de compartilhar alguns questionamentos que podem ser úteis, no enfrentamento permanente destes riscos.


Este episódio me vem à memória, como uma ocasião propícia para redobrar a vigilância quanto à necessidade de superação cotidiana e processual, em face dos riscos de introjeção do germe colonialista que pode sobreviver, de parte a parte, nas relações entre missionários e missionárias não-nascidos no Brasil e Cristãos e Cristãs aqui nascidos.


Como se deu a ação missionária realizada na América Latina e no Brasil?            


Os povos originários, africanos e de outras regiões têm sido, após o século XVI, alvos constantes do processo ocidental de colonização. Na verdade, já três séculos antes, sob a égide dos papas em conluio com os reis, haviam autorizado, por meio de bulas a invasão, a apropriação das terras e das riquezas dos povos africanos, bem como sua escravização. É farta a literatura multidisciplinar que analisa criticamente, sob os mais diferentes aspectos e perspectivas, onde, quando e como isso se deu. Um dos traços axiais do processo colonialista se acha intimamente conectado a suas motivações econômicas -  religiosas - especialmente protagonizadas pela a cristandade. 


A empreitada colonial, desde seus inícios, se deu graças à aliança entre o trono e o altar, ou seja, entre as metrópoles europeias e, depois, dos Estados Unidos, e seus respectivos chefes religiosos tanto católicos quanto protestante. Nas grandes viagens de navegação rumo às Américas (então, conhecidas como às “Índias”), estavam presentes a espada e a cruz, simbolizando os instrumentos da conquista das terras e dos povos de além-mar, tornando-se a principal estratégia de “dilatação da fé e do império”. Não é à toa, a este propósito, que o símbolo da cruz vinha afixado nas velas das embarcações ibéricas destinadas à África e à América Latina.  


Sem esquecermos tantas outras fontes históricas, aqui recorremos especialmente à densa contribuição oferecida pelo Projeto da CEHILA (Comisión de la Historia de la Iglesia Latino-Americana), coordenado por uma Equipe de historiadores Latino-Americanos entre os quais Enrique Dussel, José Oscar Beozzo, Eduardo Hornet, há quem também recorremos, em seu conhecido “A História do Cristianismo na América Latina e no Caribe” (São Paulo: Paulus, 1994). Na perspectiva histórica protestante, por sua vez, nos inspiramos em autores tais como William Yoo (cf. por exemplo: “What kind of Christianity? A History of Slavery and anti-Black racism in the Presbyterian Church”, Presbyterian Publishing, 2022. - Livro que me empenho em adquirir), José Bittencourt Filho (cf. textos e vídeos, inclusive sua contribuição escrita para o livro “Cristo e o Processo Revolucionário Brasileiro: a Conferência do Nordeste 50 Anos Depois (1962-2012)”, Editora Muad X, 2012.).


Seja na tradição missionária católica, seja na empreitada missionária protestante, o germe colonialista/escravista se achava fortemente inoculado. Em ambos os casos, era prática frequente a presença de escravos em conventos e a disposição de chefes religiosos protestantes. Convivia-se, sem escrúpulos, com os valores da escravidão, ainda que flagrantemente contrastando com a mensagem evangélica. A era constantiniana e mesmo o advento da Reforma Protestante, alimentados por valores helenísticos e pela ideologia do Império Romano, serviram de base justificativa para tal abuso. Aí estava agindo eficazmente o germe colonialista, durante séculos, na empresa missionária de igrejas cristãs, na América Latina e no Caribe.


Tanto as incursões missionárias católicas, quanto as protestantes já eram, desde seus países de origem, acometidas do germe colonialista/escravista. Para tanto, no caso da Igreja Católica uma rápida consulta ao teor de Bulas papais, tais como a “Dum diversas”, de 1452, de autoria do Papa Nicolau V;  “Romanus Pontifex” (1455), de autoria do Papa Nicolau V, e à “Inter caetera”, de 1493, de autoria do Papa Alexandre VI, nos enseja a perceber a gravidade desses documentos, ao autorizarem monarcas europeus a invasão violenta e a escravidão de povos Africanos. Importa, ainda, assinalar que tais bulas se associam intimamente ao famigerado “Dictatus Papae”, de meados do século XI, atribuído ao Papa Gregório VII. 


No que toca ao legado de Igrejas Protestantes, também podemos observar a presença do germe colonialista/escravista, em suas incursões na América Latina e no Caribe. Mesmo em se tratando de Igrejas Cristãs históricas - Igreja Batista, Igreja Presbiteriana, Igreja Metodista, Igreja Anglicana, entre outras -, há relatos colhidos de fontes credíveis, que atestam práticas escravistas (trazidas de suas respectivas matrizes, especialmente do Sul dos Estados Unidos), nestas organizações eclesiásticas, seja no Rio de Janeiro, seja em Minas Gerais, seja em São Paulo, etc.


Passados 5 séculos, a despeito de seus fluxos e refluxos, eis que, no cenário histórico  atual com o ascenso das forças neofascista em escala mundial podemos constatar sinais de uma pavorosa recidiva, a merecer especial atenção de quantos e quantas seguem empenhados na construção processual de um novo modo de produção e de gestão societal, ecologicamente respeitoso da dignidade de nossa Casa Comum, economicamente justo, socialmente participativo e culturalmente diverso.


Tais registros resultam relevantes, para avaliarmos o que se passa hoje, no cenário brasileiro, com o reavivamento de tendências da ultra Direita, com a qual setores de Igrejas Cristãs, católicas e protestantes se têm mostrado organicamente afinados. Manter firme a vigilância, quanto a este fato, constitui uma tarefa permanente aos grupos e pessoas que se sentem discípulos e discípulas do Movimento de Jesus, até porque, ante o alerta trazido por José Comblin, no episódio acima descrito, ninguém de nós está isento deste risco, pois, como também alerta Paulo, “Quem estiver de pé, cuide para não cair” (I Cor 10,12). 


João Pessoa 11 de Abril de 2024.           


terça-feira, 9 de abril de 2024

À memória das Ligas e das lutas camponesas

 À memória das Ligas e das lutas camponesas


Alder Júlio Ferreira Calado


O movimento das Ligas Camponesas, iniciado no Engenho Galileia, em Vitória de Santo Antão - PE, em meados dos anos 50, estendeu-se rapidamente pela Paraíba, pelo Nordeste e outras regiões. Tendo surgido como uma iniciativa camponesa de caráter meramente assistencial, graças a militância e ao compromisso político de figuras tais como Zezé da Galileia, João Targino, José Francisco, Francisco Julião (em Pernambuco) e João Pedro Teixeira, João Alfredo Dias (Nego Fuba), Pedro Fazendeiro, Elizabeth Teixeira (“Mulher marcada para viver” em seus bem vividos 99 anos) - estes últimos da Liga de Sapé - PB, foi ganhando força e se firmando, em âmbito nacional, a clamar pela Reforma Agrária. 

A segunda metade dos anos 50 e os inícios dos anos 60 mostraram-se pródigas nas lutas pelas então chamadas Reformas de Base (reforma agrária, reforma urbana, reforma da educação, reforma bancária…). Trata-se de um período histórico profundamente marcado pelo ascenso de movimentos sociais  - do campo e da cidade, estudantil, operário, etc -, a ponto de atraírem a ira e a perseguição dos segmentos dominantes da sociedade brasileira. Este período constitui uma das épocas mais promissoras e animadoras no tocante ao avanço das forças progressistas e de esquerda da sociedade brasileira. Não foi por acaso que o governo dos Estados Unidos investiu tantos recursos para abortar este processo revolucionário então em curso, não bastasse a violência e as perseguições desencadeadas pelos latifundiários, em associação a outras forças reacionárias, tais como as forças militares, igrejas cristãs, a imprensa hegemônica, os banqueiros, entre outras.

Nas rápidas linhas que seguem, cuidamos apenas de registrar traços da manifestação anteontem dia 07/04/2024 ocorrida, no memorial das Ligas e das Lutas camponesas da Paraíba, situado no município de Sapé - PB, em homenagem aos lutadores e lutadoras das ligas camponesas, especialmente deste Estado. Dela participaram centenas de pessoas, vindas de vários municípios vizinhos e da capital. A manifestação foi animada por Alane e Marquinhos, a coordenarem a pauta do dia, da qual fizeram parte diversos números, tais como a participação do conhecido repentista Oliveira de Panelas, da ciranda de Cocos de Caiana dos Crioulos, do coral Voz Ativa de João Pessoa, entremeados de falas rememorativas, feitas por diversos militantes, mulheres e homens.

Não tendo podido participar fisicamente, cuidei de me informar sobre o ocorrido, fazendo questão de compartilhar aspectos vivenciados, no Memorial das Ligas e das Lutas Camponesas da Paraíba, como uma manifestação do Reconhecimento da importância de fazermos esta memória, comprometendo-nos a tornar sempre vivo este legado, especialmente na atual quadra histórica e expansão das forças distópicas e tenebrosas, que infestam nossa sociedade.

Que as Ligas Camponesas nos inspirem a garra e o compromisso de enfrentarmos os desafios de hoje, conscientes de que os movimentos sociais, do campo e da cidade, seguem sendo as forças principais, sem as quais não podemos superar os atuais desafios.


João Pessoa, 09 de Abril de 2024. 


quarta-feira, 3 de abril de 2024

Encontro preparativo para a XIV Semana Teológica Pe. José Comblin

 Encontro preparativo para a XIV Semana Teológica Pe. José Comblin


Alder Júlio Ferreira Calado 


No centro de formação Pe. José Comblin, situado em Café do Vento (Sobrado - PB), realizou-se, no dia 24 de Fevereiro  passado, o primeiro Encontro de preparação para a realização da XIV Semana Teológica Pe. José Comblin (STPJC). Bem acolhidos, como de hábito pelo Pe. Hermínio Canova, participaram do Encontro: Pe.Hermínio, Elenilson, João Batista, Jéssica, Maria José (membros do Grupo José Comblin); Glaudemir (membro da Associação dos Missionários e Missionárias do Campo);Salene (Integrante do Grupo Santa Dulce dos Pobres); Aparecida, Glória, Alder (Membros do Grupo Kairós, sendo Gloria e Salene também integrante do CEBI); e Noaldo (advogado da CPT), que também almoçou conosco e compartilhou informações acerca do caso Almir Muniz, trabalhador da CPT desaparecido é assassinado, julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), em San José, na Costa Rica, sessão da qual Noaldo também participou.


Por volta das 09 horas, após o café preparado por Maria José, Pe. Herminio convida os presentes a tomarem assento à mesa da varanda. Rememora os pontos de pauta e os objetivos da reunião. Em seguida, convida a todos a um momento de Oração, com base na leitura do dia 25/02, versando sobre a Transfiguração de Jesus (Mc 9,2-10). Após a leitura, convida os participantes a compartilharem sua interpretação e sua reflexão sobre a leitura do dia, aspectos diversos e complementares vinham  à tona. Podemos entender a narrativa da Transfiguração como um apelo à nossa atitude de fé e de esperança diante dos desafios hoje enfrentados pela humanidade, o que exige de nós uma atitude de vigilância e de oração, por meio do serviço aos mais necessitados (o sempre atual apelo dos profetas à nossa solidariedade ao órfão, a viúva e ao estrangeiro).


Após anunciar os principais pontos da pauta (informes trazidos pelos participantes; notícia sobre os desafios da Escola de Formação Missionária de Santa Fé-Solânea-PB; primeiros passos para a XIV Semana Teológica Pe. José Comblin; um olhar sobre a atual conjuntura; lançamento de livros), ouvimos alguns informes trazidos pelos participantes bem como uma rápida explanação feita pelo Pe. Hermínio acerca das dificuldades e do fechamento (provisório?) da Escola de Formação de Missionários de Santa Fé, à qual se seguiram algumas intervenções, inclusive da parte de Glaudemir. Quanto ao principal da pauta - a organização da XIV STPJC - , foram solicitadas sugestões  de temas, lugares e datas desta nova edição da STPJC. Foi feita, então, uma roda de sugestões temáticas. Começou-se por lembrar que, neste ano, completam-se 40 anos da publicação, pela Vozes, do livro “O Clamor dos Pobres, O Clamor de Jesus, bem como da publicação de um dos tomos de “Breve Curso de Teologia” (em quatro volumes), todos de autoria de José Comblin. Foi ainda lembrado que, em 1974, foi publicado, pela Vozes, o livro “Jesus de Nazaré”. Dada a atualidade dos temas, isto poderia inspirar a organização da XIV STPJC.


Sem prejuízo desta sugestão, também surgiu a proposta de exercitarmos a memória do Teólogo José Comblin, a partir de sua experiência espiritual, do modo como buscou vivenciar, ao longo da vida, uma Espiritualidade da Libertação ou uma Espiritualidade Reinocêntrica, a partir da mensagem nuclear anunciada e testemunhada por Jesus. Acolheu-se a sugestão de irmos amadurecendo nossa reflexão sobre a questão temática, deixando para tomar uma decisão, na próxima reunião do nosso Grupo, marcada para o dia 11/05.


Além da questão temática, vieram a tona outros aspectos relativos à XIV da SPTJC tais como: onde, como e quando realizar as Jornadas Comunitárias e a Sessão de Encerramento. Na ocasião, foi sugerido fazer novas experiências em outras comunidades, mantendo, porém, a de Várzea Nova e a do Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero, em Tibiri II. Também, foi acolhida a ideia de encontrarmos um novo local para a sessão de encerramento. 


Dada a hora avançada, foram apenas rapidamente esboçados alguns elementos da conjuntura internacional e nacional, destacando-se o crescente avanço da Extrema Direita pelo mundo (Hungria, Polônia, Itália, Holanda, Suécia, Portugal…), inclusive na América Latina e no Brasil, onde persiste um preocupante cenário bolsonarista. Apesar dos esforços do Governo Lula, em busca de reconstruir o País, tem enfrentado obstáculos de monta, tendo que enfrentar a Direita, seja ante o Bolsonarismo, seja no Parlamento, seja na mídia hegemônica, seja os interesses no Agronegócio, dos banqueiros… não menos desafiante, uma certa paralisia dos movimentos populares, sindicais e partidários.


O último ponto de pauta constou da informação da publicação recente de dois livros: “Contemplando e Anunciando os Sinais do Reino”, de autoria do Missionário e educador popular Glaudemir Silva, que o apresentou brevemente; e o livro “Kairós, 25 anos”, escrito por Aparecida e Alder, recuperando a memória deste grupo que nasceu, em 1998, na casa do Padre José Comblin. 


Ao final do Encontro, ficou acordada nossa próxima reunião para o sábado, 11 de maio próximo. Como de costume, foi-nos servido um saboroso almoço, com direito a brinde oferecido por Pe. Hermínio.


João Pessoa, 03 de abril de 2024



segunda-feira, 1 de abril de 2024

A Extrema-Direita infesta o mundo Pervertendo a humana condição

A Extrema-Direita infesta o mundo

Pervertendo a humana condição


Alder Júlio Ferreira Calado


A Extrema-Direita, em todo o mundo 

Ameaça o Planeta e os humanos 


Tênue, o fio que distingue a  Direita e Extrema

Sempre juntas, quando e como lhes convém


Enganosa, a alcunha de “Centrão”

Os seus atos só pendem pra Direita


O verniz “democrático” das potências

Só ilude quem as chama “Democracia”


Emblemáticos os fracassos reiterados 

Para a ONU deter o genocídio      


Os humanos são parte da Mãe-Terra

Pra Direita, ela é só mercadoria 


Ser humano é chamado a ser mais 

Pra Direita, só importa ter mais bens


Frente ampla, se serve, é em eleição

Na gestão, a Direita é quem mais ganha


Do orçamento, aos ricos o filé 

Para os pobres sobram ossos e nada mais 


Qual moloche, o Mercado exige humanos 

Em ofertas, sacrifícios sanguinários


Os fascistas se creem supremacistas

A direita defende privilégios


Cultivam idolatria, falam de Deus 

Mas seu Deus é o dinheiro, deus Mamom


Acumulam riqueza em excesso 

E de fome e miséria matam milhões


Tem horror dos indígenas

A riqueza existente nas suas terras


São herdeiros diretos de escravistas

Seu projeto é voltar a escravidão


Igualdade de direito entre os gêneros

Prós fascistas mulheres são objeto


Não bastassem os covardes bombardeios 

Sionistas de fome matam um Povo


Genocídio se faz a olhos vistos

Sob o olhar complacente da “grande” mídia 


O massacre sionista dos palestinos 

Nos remete a traços de holocausto 


Sionismo desafia a própria ONU

“Terroristas” pra mídia é só Hamas…


Palestinos massacrados a céu aberto 

E Tarcísio e Caiado a quem apoiam?


Diminui desemprego, mas o Mercado

Precariza os empregos, extremamente


Se lutamos por nova sociedade

Da memória não podemos abrir mão


Militares não são proprietários

Do destino da Pátria e da nação 


A gestão só compete aos civis

Militares já têm própria função 


Condição de armados, “ipso facto” 

Já os leva para fora da Política 


Se lutamos por nova sociedade

Da memória jamais abramos mão!


Das tragédias de golpes sucessivos

Extraiamos lições para superá-los  


Se a gestão do Estado é dos civis 

Dela distem os que lidam com as armas 


Militares não devem ser um “gueto”

Têm que estar a serviço dos civis 


Fora a pauta militar bem específica

Que se formem em conjunto com os civis  


Refundar toda a pública segurança 

Com critérios democráticos essenciais


Decisões democráticas não se tomam 

Sob a mira de tanques e canhões


Servidores, não donos de nações

São as Forças Armadas e congêneres 


Há civis tão somente a governança 

Que a política se afasta dos quartéis


O Império interveio contra o Golpe

Dissuadiu os generais da intentona


As potências não dão ponto sem nó

E se algo oferecem, exigem em dobro


Infeliz da Nação, ai do Governo 

Que a outro dever a sua sorte


Reverencia a João Pedro e companheiros

Lutadores das Ligas Camponesas


Homenagem a Gregório Julião, 

João Targino e Zézé da Galiléia


João Pessoa 31 de Março de 2024