quarta-feira, 22 de junho de 2016

Copa, arte, mercado e política: Algumas notas

Apenas iniciada, há três dias, a Copa de 2010 se tem transformado no mais atrativo espetáculo de massas, em escala internacional. Ainda que isto se dê em certos países mais intensamente do que em outros, o futebol tem, por certo, lugar privilegiado entre os esportes de massa, em parte considerável do mundo atual.
No caso do Brasil, não obstante o crescente interesse por várias outras modalidades, cabe perguntar: que outra modalidade, além do futebol, tem despertado tanta magia em multidões, de Norte a Sul, de Leste a Oeste do País?
De fato, sempre que praticado como expressão artística, o futebol se apresenta dotado de uma magia dificilmente superável. Que bom apreciar uma bela jogada, um passe dado na medida, em situações inesperadas! Que bom apreciar uma bola bem matada no peito, em situações embaraçosas, e mais ainda se e quando concluída a jogada com uma exitosa finalização. Que bonito contemplar um atleta a conduzir a bola com maestria, e, sem que ninguém espere, lançar a bola em diagonal, a longa distância, num passe certeiro para o atacante matador!
É fantástico fruir uma partida bem jogada, não apenas por nossa seleção, como também por uma Argentina, por uma Alemanha! E aqui já me denuncio um mau torcedor, ou pelo menos um torcedor atípico. Difícil para Gabriel, meu netinho, apaixonado pelo Flamengo, assistir a uma partida, na companhia esquisita do avô materno…
Por outro lado, o futebol comporta, por vezes, um certo lado sombrio. A coisa começa a complicar-se, quando jogam areia no negócio… Quando entram em campo fatores extra-campo: a cartolagem, o futebol-empresa, a politicagem dos clubes ou a violência de certas torcidas…
Futebol-arte dificilmente rima com futebol-empresa. Onde impera o valor das cifras, há menos lugar para arte que mais rima com espontaneidade, com paixão. Não tanto com contratos feitos à base de cifras astronômicas. Isto tem efeitos terríveis e múltiplos, inclusive sobre o rendimento do jogador. Quantos jogadores simples mudam completamente a cabeça – e futebol! -, ao passarem, de uma dia para a noite, a receber fortunas…
A quem interessa promover a superestimação desse clima de negócio? Certamente não ao futebol-arte! Curioso é que aí se produzem dois lados perversos: alguns jogadores sendo tratados a peso de ouro, enquanto a grande maioria deles tem sido tratada com desdém…
No que diz respeito mais especificamente à esfera político-eleitoral, também o futebol não raro é transformada numa versão atualizada do famoso “pão e circo” dos antigos romanos. Um entretenimento a que se recorre como um eficaz anestésico, a adormecer a consciência cidadã das massas… Momentos que se têm prestado, por vezes, como mecanismo engenhoso, semelhante ao dito popular “Com bananas e bolos se enganam os tolos”. E as raposas das campanhas eleitorais fazem a festa… Até quando?

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