quinta-feira, 23 de junho de 2016

Se os gestores não são seus usuários, os serviços do público se dão mal

Quanto tempo esperando esse transporte!
Quando chega, é lotado, e vou em pé
Anda lento, parece em marcha à ré
Quatro vezes por dia, há quem suporte?
Pro gestor, isso já seria a morte…
Sua vida, porém, é especial
Pois a máquina lhe dá completo aval
E, não raro, tornando-o perdulário
Se os gestores não são seus usuários
Os serviços do público se dão mal!
Coisa igual se repete na saúde
É do SUS? O gestor não se habilita
Nunca vai ter noção de hora aflita
Com ambulância o povão então se ilude
E se instala de vez tal atitude
Na escola, é o mesmo ritual
Qual gestor põe seu filho em escola tal?
Toca aos pobres arcar com o ordinário
Se os gestores não são seus usuários
Os serviços do publico se dão mal!
Quanto ganha, de ofício, um magistrado?
Presidente e ministros ganham quanto?
E quem varre das ruas cada canto
Camponês vive à margem, maltratado
Quanto mal se percebe nesse estado
Por que, então, endeusar telejornal?
O que eles divulgam, afinal?
Pra que vale apostar em mandatáio
Se gestores não são seus usuários
Os serviços de público se dão mal!
Quanto ganha a doméstica ou um vigia?
Professora primária ganha quanto?
E quem varre na rua cada canto?
Vive à margem o campona, e se atrofia
E a Reforma não vem: que covardia!
E a mídia a incensar o Capital
Quer a Globo, ou a Band – é tudo igual
E por que apostar em mandatário?
Se os gestores não são seus usuários
Os serviços do público se dão mal
Quão distante a elite está dos pobres
Só na hora do voto chega perto
De mentira o sistema está coberto
Ao faminto eu não digo: “Não te dobres.”
Digo: “Pega! Ele é teu, se vem dos nobres…”
Eleição é ridículo festival
Que a elite inventou, de modo tal
A fazer do pilantra um mandatário
Se os gestores não são seus usuários

Os serviços do público se dão mal

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