quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Burguesia se apossa do Estado / Em um ritmo crescente, escandaloso!

 Burguesia se apossa do Estado 

Em um ritmo crescente, escandaloso!


Alder Júlio Ferreira Calado 


Maioria do Congresso representa 

Interesses da classe dominante 


Hugo Motta e Alcolumbre, em conluio 

Derrotando projetos populares 


Eleições em Honduras, nos acena 

Com vitória popular e progressista 


No entanto, o Império intervém

Procurando reverter o resultado…  


Eduardo, Zambelli e mais Ramagem 

Fugitivos, mantendo seu mandato…


Cada vez, se a figura mais difícil 

Governar o país com frente ampla 


Se permite dar um passo para a frente 

Em seguida, dá três passos para trás 


Frente Ampla desfaz nossas conquistas 

Mesmo quando tem êxito eleitoral 


A imensa maioria do Congresso

É inimiga do povo trabalhador  


Só defende interesses dos mais ricos

Que derramam fortunas, nas eleições 


Votação vergonhosa contra o Ambiente

Escancara as ações devastadoras 


Muito grave o escândalo banco Master 

“obra prima” de banqueiros e políticos 


De bilhões (26) foi o total 

Do assalto Praticado por banqueiros 


A aliança entre Motta e Alcolumbre 

Só se presta a impor mais retrocessos  


O revés cometido pelo Congresso  

As conquistas do cuidado ambiental


O Império perpetra retrocesso 

Ao processo de humanização


É inútil busca em Donald Trump 

Qualquer traço de razão em seus comandos 


Haja vista atacar Venezuela

Com o propósito de apossar-se do petróleo 


Dirigentes da UP Sofrem invasão

Da polícia de Santa Catarina 


Sua sede e residências invadidas

Sem qualquer razão prévia para os atos 


Solidários às vítimas da ofensa:

O lutar é virtude, não é crime 


Quanto mais apregoa o estado mínimo 

Mais assaltam do Povo suas riquezas 


De bilhões são duzentos e quarenta 

Que sequestram do fisco brasileiro 


Chegam a mil os devedores contumazes 

Que assaltam as riquezas do País 


Isto prova avidez descontrolada

Que os burgueses cometem contra o Povo 


Pavorosos os dados do feminicídio

Pois a cada 6 horas, matam uma mulher 


Enteados se unem contra Michelle 

Mas, amargam derrota a acachapante 


Foi ambígua a mensagem do Pontífice 

A respeito do caso Venezuela


Por um lado o dissuade de invadir 

E, por outro, insinua outra sanção


A barbárie é instalada pela força

Nos tornando cada vez mais desumanos 


Hugo Motta garante ordenados 

De cassados, na Câmara, no estrangeiro…


De 40% é o desperdício

Que fazemos de água no Brasil 

 

Chegam a 600 os bilhões 

De renúncia fiscal para burguesia 

  

Paraíso fiscal para os de “Cima” 

Um inferno pro povo trabalhador…


João Pessoa, 04 de Dezembro de 2025 


 








sexta-feira, 28 de novembro de 2025

GT-06 da ANPEd/2025 no Memorial das Ligas e das Lutas Camponesas da Paraíba

 GT-06 da ANPEd/2025 no Memorial das Ligas e das Lutas Camponesas da Paraíba



Alder Júlio Ferreira Calado



Na quinta-feira, 30/10, antes do encerramento da Reunião da ANPED/2025, coordenadores e vários integrantes do Grupo de Trabalho 06 (Educação Popular), inclusive o seu atual Coordenador, Sandro de Castro Pitano, (com quem atuei, em coautoria, em algumas publicações ) da Associação Nacional de Pós-graduação em Educação, por ocasião de sua Reunião Anual realizada em João Pessoa-PB, houveram por bem visitar o emblemático Memorial das Ligas e Lutas Camponesas da Paraíba, situado no Município de Sapé-PB a cerca de 40 Km de João pessoa. Além de integrantes do GT 06 (Educação Popular) também participaram componentes de outros GTs da ANPEd.



Ao felicitar os participantes da ANPEd e de outros Grupos locais - a exemplo de integrantes do Extelar (Grupo de Pesquisa em Extensão Popular da UFPB), inclusive seu Coordenador, Prof. pedro Cruz pela instigante iniciativa tomo a liberdade de rememorar alguns aspectos daquela visita que mais me impactaram. Em ônibus e em alguns automóveis, os visitantes encaminharam-se em direção ao Memorial, no começo da tarde daquele dia 30/10. Acompanhado, na viagem de automóvel por integrantes da Extelar, ao passarmos em frente da Capelinha construída em homenagem a João Pedro Teixeira, no exato lugar onde foi assassinado a mando do famigerado “Grupo da Várzea”, no dia 02/04/1962, tomei a liberdade de convidá-los a prestarmos breve reverência a João Pedro. No Memorial foram todos bem recebidos pelos representantes do Memorial, Alane e Weverton e seus filhos. Após a calorosa acolhida pelos da casa, fomos convidados a tomar uma deliciosa merenda oferecida pelos anfitriões, e compartilhada pelos participantes. 

Em seguida, todos formos convidados a visitar a casa onde moraram João Pedro Teixeira, Elizabeth Teixeira e seus 11 filhos e filhas. Ocasião em que vai brilhar a estrela de Weverton, a expor, de forma competente e didática, apoiando-se nas inúmeras fotos, quadros e documentos expostos pelas paredes da casa, em seus diversos compartimentos.



Competente, oportuna e didática exposição que, de modo circunstanciado, passou em revista múltiplos detalhes históricos do heroico movimento das Ligas Camponesas da Paraíba e da região: seus objetivos, seus princípios, suas lideranças principais, os muitos conflitos e perseguições que tiveram que enfrentar, enfatizando especialmente as figuras de João Pedro Teixeira e Elizabeth Teixeira, além de outras tais como João Alfredo Dias (Nego Fuba), Pedro Inácio de Araújo (mais conhecido como Pedro Fazendeiro, vendedor de tecido) e outros. 



Tratou-se de uma exposição bastante circunstanciada raramente interrompida por alguns pedidos de maior detalhamento, como foram, por exemplo, os que solicitaram circunstâncias mais precisas sobre a presença em Sapé de altas autoridades dos Estados Unidos - com a indisfarçável preocupação de evitar que o Brasil se transformasse em uma nova Cuba -, além de outro pedido acerca da forte solidariedade prestada pelo Governo Cubano à família de João Pedro e Elizabeth Teixeira.


Em Seguida, sob a coordenação do Prof. Severino Silva, da Linha de Pesquisa Educação Popular do PPGE da UFPB, Alder Júlio Ferreira Calado foi convidado a tecer algumas considerações acerca da Educação Popular vivenciada pelas Ligas Camponesas, prometendo fazê-lo em 20/25 minutos. Começou por solicitar às pessoas presentes - uma trintena - que se apresentassem, nome, procedência geográfica, atuação profissional, vínculo com a ANPEd e outras instituições. Constatou-se uma diversidade de procedências geográficas de várias regiões do Brasil, sendo grande parte das pessoas presentes integrantes da ANPEd.


Atendo-se, agora, às Ligas Camponesas do ponto de vista da Educação Popular, começou lembrando que este Movimento Popular teve uma curta duração - de 1954 a 1964, o que muito limitou seu processo organizativo, formativo e de lutas. Tendo surgido no Engenho Galileia, Município de Vitória de Santo Antão-PE, em 1954, logo se estenderia por vários Estados nordestinos - sobretudo na Paraíba - e por outras regiões do Brasil. Em que pese a grande influência da Revolução Cubana de 1959, e a despeito da participação nas Ligas Camponesas de lideranças socialistas (a exemplo de Francisco Julião) e comunistas (a exemplo de militantes do PCB), especialmente na América Latina, as Ligas Camponesas dificilmente podem ser interpretadas como um Movimento Popular propriamente revolucionário, mas antes como pré-Revolucionário, dado o contexto de enorme efervescência sócio-política, eis que, desde a fundação lutavam fundamentalmente por direitos trabalhistas, pelo direito de se organizarem em sindicatos rurais então legalmente proibidos, permitido apenas aos trabalhadores urbanos. Lutavam fundamentalmente contra a cruel exploração praticada pelos latifundiários - contra o “cambão” (obrigando os camponeses a trabalharem alguns dias de graça para seus patrões), o roubo na medida da quantidade de cana por eles cortada, o roubo nas contas dos barracões, obrigando os trabalhadores e suas famílias a se endividarem, comprando neles seus mantimentos, com preços extorsivos, além da humilhação com que tratavam as famílias dos trabalhadores.



No tocante aos aspectos relativos especialmente a Educação Popular, as Ligas Camponesas apresentaram relevantes marcas, em sua trajetória. Uma delas tem a ver com seu profundo compromisso com o “ethos” comunitário, marca especialmente testemunhada pela figura de João Pedro Teixeira. Chama a atenção sua profunda aposta transformadora na Comunidade Camponesa. São inúmeros os testemunhos acerca deste traço de João Pedro: em um contexto de penúria e de escassez de transporte, João Pedro saía frequentemente andando a pé quilômetros, a procura de companheiros e companheiras a convencê-los a se filiarem à Liga de Sapé, como forma de resistência aos ataques corriqueiros dos patrões: destruição de roças pelo gado do patrão, constantes desrespeitos ao mínimo de direitos dos trabalhadores, expulsões arbitrárias de suas casas, entre outros tipos de ataques. É assim que vai crescendo o número de filiados da Liga de Sapé, de modo a tornar-se a maior da Paraíba.



Exercitando este “ethos” comunitário, e ajudado por outras lideranças da Liga de Sapé, João Alfredo Dias (mais conhecido como “Nego Fuba”) e Pedro Inácio de Araújo (mais conhecido como “Pedro fazendeiro”) entre outros e outras, conseguem plantar uma nova consciência entre os camponeses, consolidando sua força organizativa e de resistência aos abusos cometidos pelos latifundiários da região. Tal organização também se fortalecia pelo apoio e solidariedade de lideranças políticas da região, a exemplo do então Deputado Francisco Julião e outros.



Um terceiro aspecto - concernente ao processo formativo - enfrentou mais dificuldades, inclusive pelo curto tempo de sua duração (menos de 10 anos). Mesmo assim tais compromissos (“ethos” comunitários, organizativo, formativo e de lutas) renderam memoráveis conquistas, contando inclusive com a assessoria de advogados sindicais e lideranças políticas do Estado.


Em seguida, o Prof. Severino Silva convidou Alane Silva, anfitriã do Encontro e ex-Presidente do Memorial das Ligas e das Lutas Camponesas da Paraíba, para expor diferentes aspectos da estrutura organizativa e do funcionamento bem como dos principais Projetos vivenciados pelos protagonistas do Memorial. Noticiando a recente eleição da Professora Juliana Teixeira, neta de João Pedro e Elizabeth Teixeira, como a atual Presidente do Memorial das Ligas e das Lutas Camponesas da Paraíba, com muita segurança e fluência, Alane cuida, então, de expor, durante cerca de uma hora, os inícios da fundação do Memorial, ainda na metade da década dos anos 2000, rememorando os principais protagonistas - mulheres e homens - do Memorial, de modo a destacar a participação de figuras tais como da Irmã Marlene Borges, da Irmã Tony, Luizinho (pai de Alane Silva), Pe. Hermínio Canova, Genaro e Gláucia Ieno, Alan, Socorro, João Fragoso, Alder, Iranice, Nazaré, Toninho, entre outras pessoas.


Alane prossegue, discorrendo sobre a formação das primeiras Diretorias e seus componentes, destacando suas iniciativas, seu empenho em conectar-se organicamente com a Comunidade de Antas, especialmente com os acampados (em processo de luta da Fazenda Antas), (só recentemente atendidos em seus pleitos), as reuniões ampliadas da Diretoria do Memorial, a cada mês, seu empenho de contactar os diversos Assentamentos vizinhos ao Memorial, o Centro de Formação Pe. José Comblin, bem como diversas iniciativas, especialmente no campo da Formação em conjunto com várias Escolas da região. Eis um breve resumo da rica exposição feita por Alane atualmente integrando a Turma de Geografia, no âmbito do PPG/UFPB, sendo orientanda da Professora Emília Moreira.


Não obstante a hora avançada, o Prof. Severino Silva abriu espaço para um breve momento de diálogo com as pessoas presentes, acerca das exposição de Alane e de Alder, em blocos de 03/04 pessoas. Relevantes comentários e questionamentos passaram a ser trocados entre as pessoas presentes. Sempre em ambiente de empolgação todos os participantes encerraram o Encontro, com fotos e fraternos abraços.

João Pessoa, 28 de Novembro de 2025

 


quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Em destaque, ocorrências mais urgentes No Brasil, na Ameríndia, em nosso mundo

Em destaque, ocorrências mais urgentes 

No Brasil, na Ameríndia, em nosso mundo


Alder Júlio Ferreira Calado 


Sionismo continua massacrando 

Renegando cessar-fogo ao Palestinos 


Europeus ameaçam sequestrar 

Os bilhões que a Rússia tem em crédito 


O Império fustiga Venezuela 

A pretexto de combate de narcotráfico 


Hugo Mota comete o despautério

De fazer G. Derrite Relator


Em projeto enviado por Governo 

De combate às Facções do Narcotráfico 


A Política antidroga da Direita 

Só consiste em matar os periféricos..    


Não contente com o dever de aprovar 

O Congresso executa o Orçamento 


Desde Cunha, o Congresso hipertrofia-se

Usurpando funções de outros Poderes 


No combate aos narcotraficantes

A Polícia executa os periféricos…

   

Cláudio Castro autoriza uma matança 

Desdenhado a polícia Federal 

 

Ao Caribe, o Império trás terror:

Sem julgar, bombardeia embarcações  


Chega a termo o julgamento dos golpistas 

Todos são condenados, justamente  

 

Com cinismo, Donald Trump “justifica”

Sua ausência no G-20 


Acusado de racista a África do Sul

De que os Negros discriminam Povo Branco…

 

Bolsonaro tenta fuga, mas em vão 

A extrema-Direita “pisa na bola”

 

Danifica a própria tornozeleira   

Convocando vigília para tumulto


Banco Master dá golpe de milhões

Envolvendo políticos e banqueiros… 


A Polícia prendeu Daniel Vorcaro 

Quando usava fugir desse País   


Se Vorcaro resolve abrir a boca 

Vai sobrar pra dezenas de Políticos…


Negritude em luta, em Brasília 

As mulheres em marcha por Direitos


De dezenas de milhares a marcha

Combatendo o racismo e a opressão 


STF decreta punição 

A golpistas, à frente Bolsonaro 


Fato inédito, na história do Brasil:

Generais condenados à prisão! 


O Governo sanciona uma conquista:

Põe os pobres no Orçamento;


Banco Master revela as entranhas 

Do pior que produz a burguesia… 


O conluio banqueiros e políticos 

Se apropria das riquezas da Nação  


A política é o campo dos civis 

Não é mesmo terreno de Militares 


Com perfil de tutoras da Nação 

Nossas Forças precisam reformar-se


Paridades de armas é rompida 

Se armados disputam com civis 


Militares já têm sua missão: 

Quem quiser se eleger que deixem as Armas 


Cidadãos conscientes não elegem 

Candidatos que integram nossas Forças 



João Pessoa, 27 de Novembro de 2025  

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Voltar a Jesus: Primeiro compromisso das CEBs - parte do roteiro vivenciado, por ocasião do Encontro das CEBs, Diocese de Pesqueira (Serra das Varas, Arcoverde-PE,15 e 16/11/2025)

 Voltar a Jesus: Primeiro compromisso das CEBs - parte do roteiro vivenciado, por ocasião do Encontro das CEBs, Diocese de Pesqueira (Serra das Varas, Arcoverde-PE,15 e 16/11/2025) 


1. Oração e cantos iniciais

2. Apresentação das pessoas participantes

3. As CEBs no atual contexto sócio-eclesial 

4. Problematizando a partir do tema do encontro: “Voltar a Jesus: primeiro compromisso das CEBs”


= Em busca de nossa refontalização na Palavra de Deus 

= Diferentemente dos profetas subordinados aos reis, os Profetas de Israel clamavam pela fidelidade à Aliança de Javé com o seu Povo: 


+ “Detesto, desprezo vossas peregrinações, não posso suportar vossas assembleias, quando me façais subir holocausto; e em vossas oferendas nada há que me agrade; vosso sacrifício de animais cevados, dele viro o rosto; afasto de mim o alarido de teus cânticos, o toque de tuas harpas, não posso nem ouvi-lo. que o direito jorre como água e a justiça seja uma torrente inesquecível” (Am 5, 21-24).


+ “Desatar os laços provenientes da maldade, desamarrar as correias do jugo, dar liberdade aos que estavam curvados, partilhar o teu pão com o faminto. Abrigar os pobres sem moradia. Vestir os que estiverem necessitados de roupa… Então tua luz despontará com a aurora” (Is 58, 6-8). 


+ "Julguem com retidão todos os dias e livrem o oprimido das mãos do opressor" (Jr, 21, 12).


= Jesus como profeta:


+ “Cumpriu-se o tempo, o reino de deus aproximou-se: convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15)


+ Jesus anuncia a que veio: “Jesus leu o trecho que diz: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pois me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os contritos de coração, apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos" (Lc 4, 18-19). 


+ “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25).


+ “E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mt 19, 24).


+ “Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: “E quem é o meu próximo?”

Em resposta, disse Jesus: “Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: ‘Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’.

Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”

“Aquele que teve misericórdia dele”, respondeu o perito na lei” (Lc 10, 27-35).

+ “Ninguém pode servir a dois senhores porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou se dedicar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6, 24).

+ “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt 7:21).

+ “Não foram vocês que Me escolheram, mas fui Eu quem os/as escolhi, para que voĉes vão e deem fruto, e este fruto permaneça” (Jo 15, 16)

= A Boa Nova interpretada pelos Padres da Igreja:

+ João Crisóstomo “Nos dias de hoje, os sacerdotes se acham na dependência da colheita e do comércio… Nós que fomos chamados à intimidade dos céus, que penetramos no verdadeiro sancta sanctorum, entregamos-nos logo as preocupações de comerciantes e donos de lojas. Daí o enorme descuido pelas escrituras, e tibieza de nossas orações e a negligência em tudo o mais, pois não é possível dedicar-se a ambas as coisas com o devido empenho” (extraído do livro “A Profecia na Igreja”, de José Comblin, p. 111).

= Advertência profética de Basílio:

+ “Quem não partilhar dos próprios bens com os pobres equivale a cometer um roubo contra eles e atentar contra a sua própria vida. Lembre-se de que não retemos o que nos pertence, mas o que pertence a ele” (do mesmo livro acima citado, p. 113-114).

+ Gregorio Nanzianceno “lembremo-nos, sobretudo, da definição da perfeição que o senhor dá ao jovem rico, dizendo que dê tudo o que tem aos pobres. Vocês acham que a humanidade para com o próximo não é uma necessidade, mas um ato opcional, que não é uma lei, mas apenas um conselho?” (do mesmo livro, p.116). 

= Os movimentos dos pobres, na Idade Média (os Valdenses, Francisco de Assis, os Cátaros, às Beguinas, entre outros) (Do mesmo livro p.119-164)

= Ensinamentos do Concílio Vaticano II (“A Igreja no Mundo de Hoje sobre os bens comuns e a destinação universal dos bens comuns”, cf. n. 69):

+ Em resumo, O texto afirma que Deus destinou a terra e tudo o que ela contém para o uso de todos os homens e povos. Consequentemente, os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos, segundo os princípios da justiça e da caridade. 

5. Como lidar com as contradições enfrentadas pelas CEBs, no cotidiano pastoral de nossas comunidades paroquiais? Nossas CEBs vêm atuando, conforme a Tradição de Jesus? (um debate, entre as pessoas participantes, sobre as dificuldades encontradas e como as comunidades tentam superá-las) 

6. Notícias sobre os preparativos para o 16º inter-eclesia das CEBs

7. Celebração final 


Em breve, será compartilhado um relatório circunstanciado sobre este Encontro, incluindo os momentos de leitura e reflexão da recente Exortação Apostólica “Dilexi te”, recém lançada pelo Papa Leão XIV.  


Alder Júlio Ferreir

a Calado   

João Pessoa, 18 de Novembro de 2025

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

MIEIB, 39º Encontro Nacional: Conquistas, dilemas e perspectivas

 MIEIB, 39º Encontro Nacional: Conquistas, dilemas e perspectivas


Alder Júlio Ferreira Calado


Respondendo ao generoso convite das organizadoras e organizadores do 39º Encontro Nacional do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil (MIEIB), realizado na UFPB, em João Pessoa de 30 a 31/10/2025, tive a oportunidade de escutar várias integrantes do seu Comitê Diretivo das diversas regiões do Brasil, e de ousar problematizar alguns aspectos dos desafios que me relataram. Neste sentido, nas linhas que seguem, cuido de sintetizar e de compartilhar alguns pontos de minha reflexão, que intitulo: “MIEIB: Conquistas, dilemas e perspectivas”. 


Agradecendo a professora Fabiana, Representante do comitê diretivo do Maranhão que também coordenou os trabalhos desta mesa pelos preciosos elementos de contextualização da trajetória do MIEIB, cuido de destacar diversos elementos, a partir dos quais ouso compartilhar algumas inquietações/provocações.


Contextualização

 

Com base no resumo prestado pela Prof. Fabiana e por algumas outras integrantes do Comitê diretivo do MIEIB melhor nos inteiramos da trajetória e de alguns desafios enfrentados pelo MIEIB, a parti do que me senti motivado a compartilhar, a título de provocação/problematização, alguns aspetos, que cuido de de expor brevemente. E o faço, também inspirando-me em seus principais objetivos e princípios, relembrando especialmente que o foco de nossa breve exposição recai sobre as relações mais orgânicas que o MIEIB é chamado a tecer com os Movimentos Sociais.  


Alguns entraves enfrentados pelo MIEIB 


Como todo Movimento Social, também o MIEIB se sente confrontado com diversos desafios. Um deles tem a ver com a dificuldade de lidar com os dissensos. Embora saibamos que nenhum coletivo está isento de posições divergentes entre os seus integrantes, o fato é que nos sentimos desapontados diante de situações de dissenso. Neste sentido, parafraseando um antigo dito em Latim parece útil recordar algumas evidências esquecidas. Por exemplo, as diferenças, antes de serem tomadas como obstáculos, deveriam ser assumidas como fecunda ocasião de enriquecimento mútuo, até porque são constitutivas do exercício democrático, desde que não se trate de posições antagônicas... Embora não haja receitas, parece uma atitude razoável, no que tange a busca de superação de divergências, a recomendação de que “Nas coisas essenciais, devemos reger-nos pela unidade; nas situações que suscitam dúvidas, devemos exercitar a Liberdade; e em todas as situações, o respeito aos entendimentos diversos.” Quando se tratar de psiçẽs antagônicas convém tomar como baliza os princípios e objetivos do MIEIB.              


“representação” ou “Delegação”?


Por mais que nos sintamos condicionados pelos ares da representatividade, tal orientação não se tem mostrado eficaz um instrumento conceitual fecundo, à medida que, a semelhança do que sucede nas Democracias constata-se um crescente fosso entre ‘representantes” e “representados”, haja vista os constantes clamores das ruas contra os ditos “representantes”. Neste sentido, à carta de alternativa, sentimo-nos remetidos a uma prática inspiradora de certos Movimentos Populares, dos anos 80, que mais apostaram na efetividade da delegação. Quem quer fosse eleito/eleito como “Delegado/Delegada”, a participar de assembleias ou encontros, em outras instâncias, se compromete a votar, não a partir de sua cabeça individual, mas conforme as decisões tomadas pela base. Nas décadas seguintes, enquanto vigorou está prática, os Movimentos Populares seguiram dando frutos promissores, mas infelizmente isto durou pouco…         


A força revolucionária do mecanismo de alternância de cargos e funções 


Outro aprendizado que recolhemos dos Movimentos Populares que se organizavam apostando na construção de uma sociabilidade alternativa ao modo, de consumo e de gestão societal capitalista  consiste na prática do rodízio ou alternância de cargos e funções, isto é, não se permitia que as mesma pessoas se mantivessem por muito tempo como Coordenadoras, mas para assegurar que as pessoas da base tivessem lugar na Coordenação, se exigia que houvesse o rodízio de pessoas da Coordenação (que voltavam a base), dando lugar as pessoas da base na Coordenação. Seguimos considerando revolucionário este procedimento.   


Auto Sustentação ou dependência de outras fontes?


Ouvimos, com atenção, relatos acerca das dificuldades encontradas pelo MIEIB, para assegurar o financiamento de suas atividades organizativas, inclusive seus encontros. Conscientes de que se trata de um entrave presente na maioria dos Movimentos Populares, e sem pretender trazer receita, ouso, mais uma vez, sobre o assunto rememorar como alguns Movimentos Populares ou grupos assemelhados - a exemplo da JOC (Juventude Operária Católica, nos anos 50 60) enfrentavam criativamente este entrave. Convencidos de que sua autonomia organizativa também tinha a ver com sua auto-sustentação - estavam sempre a lembrar o dito popular, segundo o qual “Quem come do meu pirão, prova do meu cinturão” -, cuidavam de financiar, com os seus tostões e recursos (conseguidos, inclusive, mediante a organização de feijoadas rifas e outras iniciativas semelhantes, sua ação programática).         


Traços principais do perfil de nossas crianças 


Outro aspecto a merecer atenção, prende-se a nossa postura de atuar enquanto integrantes do MIEIB, tomando consciência, em primeiro lugar, de quais são os verdadeiros protagonistas do MIEIB, dos quais nossas instâncias organizativas deve atuar, não como os principais protagonistas mas como os promotores e propulsores do protagonismo das crianças do MIEIB. Somos servidores e servidoras de sua causa, as crianças é que são os verdadeiros protagonistas do MIEIB.      


Quem são nossos adversários parceiros e aliados?


O enfrentamento exitoso pelo MIEIB dos embates requer, de nossa parte, ter presentes quais são nossos adversários, nossos parceiros e nossos aliados. Quanto aos primeiros, enfrentamos, especialmente durante as últimas décadas, o ameaçador ascenso, em âmbito internacional na América Latina e no Brasil, das forças de extrema-direita, das quais o Trumpismo, o Sionismo e o Bolsonarismo constituem as forças mais deletérias, de modo a agredirem o Planeta e a ameaçarem os humanos e os demais viventes. Sozinhos, enquanto MIEIB, não temos condição de superar tais forças, cujo enfrentamento exitoso demanda unidade orgânica com os nossos parceiros, principalmente os Movimentos Populares, bem como contar com os nossos aliados.  


Nesta mesma esteira, importa conjugarmos esforços no cumprimento, pelo menos, de três tarefas históricas: no processo organizativo, no compromisso formativo permanente e no contínuo esforço de mobilização ou de lutas. Quanto a tarefa organizativa, parece-útil rememorar aspectos fecundos legados por alguns Movimentos Populares especialmente entre os anos 1950 e 1980, destacando sobretudo sua aposta em se organizarem pela base, em seu método de atuação (direção colegiada, mecanismo do rodízio de coordenadores e coordenadoras, esforço de auto-sustentação econômicas de suas atividades, como condição de manterem sua relativa autonomia, entre outros elementos). 


No que tange a tarefa formativa, importa inicialmente ressaltar seu caráter de continuidade (uma formação descontínua implica graves retrocessos). Além disto, mostra-se fecundo um processo formativo que tome a sério em consideração três dimensões relevantes: manter sempre aceso o horizonte rumo ao qual queremos caminhar (um novo modo de produção, de consumo e de gestão societal, alternativo a barbárie capitalista); o contínuo exercício da memória histórica dos oprimidos, em escalas internacional, latino-americana e brasileira; o compromisso de lutas no cotidiano, sustentado por uma constante leitura crítico-transformadora de nossa realidade bem como por uma inserção irrenunciável, no campo e na cidade, em nossas organizações populares; em consequência destes esforços conjugados, nasce e frutifica o compromisso com as lutas populares do dia-dia. Nunca é demais lembrar que não se trata de receitas, mas de possíveis pistas que nos inspiram certas práticas recolhidas junto a alguns Movimentos Populares, especialmente entre os anos 1950 e 1980 na América Latina e no Brasil, e que podem ser úteis a nossa atual conjuntura. 


João Pessoa, 31 de Outubro de 2025




terça-feira, 28 de outubro de 2025

Igrejas Cristãs na contramão da Tradição de Jesus

Igrejas Cristãs na contramão da Tradição de Jesus 


Alder Júlio Ferreira Calado


Quem acompanha mais atentamente os passos das Igrejas cristãs, na América Latina, inclusive no Brasil especialmente nas últimas décadas, não cessa de se espantar com seus escandalosos sinais de distanciamento da tradição de Jesus. Ressalvadas as exceções, constatamos crescente involução. Mesmo parte considerável das Igrejas reformadas históricas - e não apenas as pós- pentecostais (protestantes ou católicas) - parecem aderir, cada vez mais, à idolatria do Mercado, deste fazendo sua religião, ainda que insistam por palavras, em sua identidade cristã.


Nestas breves linhas que seguem, limitamo-nos a tangenciar alguns poucos elementos mais pronunciados desta situação desafiante. Um primeiro aspecto comum a essas Igrejas Cristãs tem a ver com seu empenho em centrar sua atenção, não tanto ou não mais no cerne programático do evangelho - o serviço à causa libertadora dos oprimidos (os pobres, as mulheres, os famintos, os doentes, os encarcerados, os migrantes, o povo da rua, as vítimas de todo tipo de perseguição - aporofobia, misoginia, racismo, homofobia, xenofobia seletiva, entre outros preconceitos), mas em priorizar iniciativas e atividades visando aos seus próprios interesses institucionais. Daí a multiplicação de projetos e iniciativas de arrecadação de valores, não se contendo em constranger seus fieis em contribuírem, com valores e com serviços cada vez mais exigentes dizendo fazerem sempre “em nome de Jesus”... 


Outro aspecto comum prende-se a uma crescente superestimação de tradições litúrgicas e cultuais mais inspiradas nos valores da tradição imperial romana e de outras similares, de modo a secundarizar ou mesmo anular objetivamente os valores da grande Tradição de Jesus: o amor aos pobres, aos perseguidos, aos presos, a partilham a simplicidade de vidam a misericórdia, a compaixão. Em vez disso, demonstram atitudes comodistas, de priorização de uma estética burguesa e elitista observável, inclusive, nos cultos e liturgias (paramentos e objetos sacros luxuosos…), intermináveis e caras reformas de prédios e de instalações.


Ainda um terceiro aspecto comum tem a ver com uma tendência a crescente partidarização, e investimento nas atividades ao interno dos espaços do Estado, por meio da criação de frentes ou de bancadas parlamentares ditas “evangélicas”, ou “cristãs”, em preocupante desrespeito ao caráter laico do Estado brasileiro, acenando para um Estado teocrático…


Consola-nos, por outro lado, perceber o que vem acontecendo nas “correntezas subterrâneas”, onde graças à divina Ruah, diversos grupos e movimentos ecumenicos seguem ensaiando, a margem dos espaços eclesiásticos hegemônicos, passos de experiências grávidas da Boa Nova do Reino de Deus. Limitamo-nos a destacar apenas algumas dessas Experiências grávidas do novo: o CEBI (Centro Ecumenico de Estudos Biblicos - https://cebi.org.br/ ),  https://www.movimentodeemaus.org/  ASA (Articulação Movimento do Semiarido https://asabrasil.org.br/   “Laudato si”), experiências promovidas por algumas Igrejas reformadas promotoras de iniciativas tais como a do Congresso do Conversas 2025 sob o título “a útopia do evangelho e o Brasil que a gente quer”, do qual destacamos especialmente a fala da Pastora Lusmarina Campos Garcia, a partir do minuto 47 do link que segue, em que tematiza sobre o Patriarcalismo (c.f https://www.youtube.com/live/8u_lJVFvSmg ). Já há alguns anos, vimos mantendo, seja de modo presencial seja de modo virtual alguns grupos de reflexão semanal dentro os quais grupo Direitos Iguais (onde vimos estudando o livro “Discipulado de Iguais: Ekklesia-logia feminista crítica da Libertação” de autoria da teóloga Elizabeth Schüssler Fiorenza livro cuja leitura também estamos a concluir no grupo Kairós, que há 27 anos se reune, de modo presencial, todas as quintas-feiras; grupo “Teologia da Libertação”, que se reúne virtualmente todas as sexta-feiras no momento prestes a concluir a leitura do livro “Espiritualidade da Libertação”, de autoria de Pedro Casaldáliga e José Maria Virgil; além do grupo José Comblin, que por meio do Centro de Formação José Comblin, promove seminários e estudos formativos com diversos grupos inclusive com a CPT; e do grupo “Caminhos de Liberdade”, no qual estamos lendo o livro “O Caminho: ensaio sobre o seguimento de Jesus”, de autoria de José Comblin, e o livro “Contemplando e anunciando os sinais do Reino”, de autoria de Glaudemir Silva.


É confortante saber que tantas outras experiências estão se passando no Brasil, na América Latina e no mundo que ajudam a dar razão a nossa Esperança.


João Pessoa, 28 de outubro de 2025.


domingo, 26 de outubro de 2025

Escolas de Formação Missionária: meros ajustes ou refundação?

 Escolas de Formação Missionária: meros ajustes ou refundação?



Graças incessantes dirijamos a Divina Ruah pelos frutos abençoados que, há 36 anos, vimos colhendo da experiência das Escolas de Formação Missionária, experiência iniciada, em Juazeiro-BA, em 1989, sucedida por outras coirmãs nos anos seguintes. Todas elas correspondem ao processo de caminhada desde os inícios da Teologia da Enxada, em 1969.


Pelas Escolas de Formação Missionária tem passado gerações de formandos e formandas, hoje chamados mais diretamente a contribuírem com este processo formativo, sempre numa perspectiva de renovação.


A figura do Missionário itinerante José Comblin, ao longo de seus 53 anos de frutuoso trabalho profético com os pobres da América Latina (Brasil, Chile, Equador e outras Comunidades) - dos quais 42 anos, entre os pobres do Nordeste brasileiro - inspirou e animou dezenas de experiências missionárias e formativas, das quais mais de uma dúzia, na Paraíba (1980-2008). Trata-se de iniciativas, sobretudo de caráter formativo, compreendendo, por exemplo, desde o Seminário Rural, o Centro de Formação Missionária a Associação dos Missionários e Missionárias do Campo, as Escolas de Formação Missionária, em diferentes Estados do Nordeste e do Mato Grosso, só para mencionar 4 delas.


Em cada uma delas, sempre cercado de equipes criativas e comprometidas - foi sempre uma marca de sua pedagogia - ao traçar comunitariamente as linhas de trabalho, costumava deixar certa margem de dúvida, pois não tinha compromisso com atitudes calculistas. Aí reside sua abertura às novidades do Espírito e ao emponderável da História. Lembro-me que, dez anos após o início dos trabalhos do Centro de Formação Missionária, em Serra Redonda-PB, convidou formadores e formandos a um trabalho de avaliação.


Como toda obra humana - inclusive as que contam com a inspiração divina -, traz a marca do inacabamento. Situam-se no plano histórico e, por conseguinte, requerem renovação, atualização, adequação às novas exigências. Este exemplo ratifica essa abertura de Comblin, e das equipes que o acompanhavam, ao novo, às novas condições histórico-conjunturais. Por que não tomar a sério tal procedimento pedagógico? As considerações que seguem, têm a ver mais diretamente ao caso da Escola de Formação Missionária de Santa Fé, na Paraíba, com a humilde expectativa de que algumas dessas considerações possam eventualmente ser úteis às Escolas coirmãs.


Neste sentido, com base em diversos elementos de avaliação relativos à Escola de Santa Fé, trato de compartilhar algumas possíveis pistas, em busca de renovação: “Reformata, Ecclesia semper reformanda est”.



Processo de discernimento vocacional


Sabemos como frutuosos critérios de reconhecimento vocacional tiveram - e, em certa medida continuam tendo - a indicação de Bispos e de Párocos. Vivíamos em tempos mais proféticos. Isto já não corresponde plenamente à realidade presente. Ressalvadas as exceções, não raramente as indicadas/ indicados por esta via parecem não confirmar as qualidades esperadas para o compromisso missionário de nossa realidade atual. Importa ensaiar novos critérios de confirmação dos sinais vocacionais apresentados pelos postulantes. Nos anos 80, por exemplo, o processo seletivo dos postulantes, além de contar com indicações oferecidas pelos Bispos da época, ainda requer algumas semanas de convivência comunitária, como condição a um melhor discernimento vocacional, critério que se mostrou bastante fecundo.


Dadas as novas exigências histórico-conjunturais, somos instados a combinar diferentes critérios, dentre os quais destacamos:


Para o período de discernimento vocacional, continua eficaz o critério da convivência comunitária, posto que o próprio discernimento vai se mostrando também pelo reconhecimento da Comunidade, o que só pode acontecer em clima de convivência.


Coordenação Colegiada, com alternância, formada por professores/professoras e estudantes egressos.


O espírito participativo que anima nossas Escolas de Formação Missionária tem-se revelado fecundo. Com efeito, diversos de nossos egressos e egressas vêm também compondo tarefas de coordenação e de animação, experiência pedagógica a ser reafirmada, de modo mais intenso. Em Busca de assegurar uma crescente participação mais efetiva de nossos egressos e egressas como integrantes da equipe da Coordenação convém realçar, igualmente, tanto a dimensão colegiada quanto a necessidade de alternância periódica dos membros da Coordenação.



Atualização dos componentes curriculares


Sem deixarmos de reconhecer os aspectos positivos constantes dos componentes curriculares fundados em uma perspectiva disciplinar, percebemos também seus limites, principalmente em meio a uma sociedade, vivendo uma mudança de época. Neste caso, tem-se mostrado mais frutuosa abordagem dos conteúdos, não baseados propriamente em “disciplinas” mas, trabalhadas por temas, voltados para as diferentes demandas de nossa realidade presente, sendo cada tema analisado comunitariamente sob os mais diferentes ângulos da realidade, e de modo interconectado. Não é novidade, a este propósito, a necessidade de priorização de temas tais como: “Emergência climática”, “Transição energética”, “Agroecologia”, “Processo de humanização”, “Eco-socialismo”, “Paradigma do Bem-viver”, “Espiritualidade Reinocêntrica”, “Igreja em saída”, “Patriarcalismo”, “Discipulado de iguais”, “Teologia Eco-feminista”, “Decolonialidade”, “Clericalismo”, “Relações sociais de gênero”, de etnia, geracionais, de procedência geográfica, apenas para mencionar algumas prioridades temáticas emergentes. Temas a serem trabalhados, também em conexão com textos bíblicos, litúrgicos e ainda com o legado do Concílio Vaticano II, de Medellín, de Puebla, as principais Encíclicas sociais e Exortações apostólicas.



Emprego do tempo de formação


Somos chamados e chamadas por um lado, a dar sequência ao espírito e a metodologia de trabalho que vem caracterizando, à luz da Teologia da Enxada, e, por outro lado, a atualizar procedimentos requeridos pela nova conjuntura sócio-eclesial. Neste sentido, nosso processo formativo segue inspirado nas atividades axiais: Oração, Trabalho, Estudos, Encontros comunitários. Ao mesmo tempo, cuidamos de atualizar a vivência de cada um desses momentos dinamicamente inter-relacionados, sempre à luz das novas exigências missionárias suscitadas pelo Espírito entre o povo dos pobres.


Nesta toada, abertos aos novos tempos, também somos chamados/chamadas a exercitar o discernimento - dom da Divina Ruah - quanto a forma mais adequada de duração de cada módulo, de acordo com a situação concreta das comunidades envolvidas, sempre atentas e atentos a manter o espiritual da Pedagogia combliniana.



Escolas Missionárias no mundo e nas Dioceses


Desde o início, nossas Escolas de Formação Missionária tiveram uma relação afetiva e cordial com as Comunidades Diocesanas, a começar dos respectivos Bispos, sem que para tanto tenham que ser “diocesanas”, sempre em diálogo aberto com as autoridades diocesanas.



Em busca de auto-sustentação econômica 


Tal como era frequente nos trabalhos da Ação Católica Especializada (JAC, JEC, JIC, JOC, JUC), bem como nas diversas experiências da Teologia da Enxada, tem sido uma constante o esforço comum de desenvolver nossas atividades, sempre que possível, sem depender de outras fontes, ainda que nem sempre o tenhamos conseguido. Ainda assim, importa reafirmar este horizonte de relativa autonomia, à medida que formos capazes de amealhar os nossos tostões, em vista de nossas atividades.



Eis alguns pontos que, muito brevemente ouso compartilhar, a título de uma fraterna provocação inicial a(o)s demais participantes desta retomada no esperançar de que “A Esperança dos Pobres Vive e Viverá”. Com vocês, “Alegre na Experiência”,


Alder Júlio Ferreira Calado

Educador Popular, na caminhada da Teologia da Enxada.


João Pessoa 24 de Outubro de 2025

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Em busca de uma sociabilidade alternativa: a contribuição da pedagogia e do legado freireanos