segunda-feira, 27 de setembro de 2021

TRAÇOS DA MÃE ÁFRICA em busca de nossas raízes (XVI)

 

Alder Júlio Ferreira Calado


Alegra-nos sobremaneira saber da realização no Mali, mais precisamente, em sua capital Bamako, de 19 a 23 de janeiro de 2006, da mais recente edição do Fórum Social Mundial (FSM). Como é sabido, inicialmente sediado, por mais de uma vez, em Porto Alegre, o FSM cumpre seu papel de Fórum policêntrico de debate e reflexão sobre temas candentes do mundo atual. Razão pela qual, este ano, se realizou, ao mesmo tempo, na Venezuela, no Mali e no Paquistão. 

Correspondendo a uma área africana emblemática, pela densidade de sua história cultural, como berço das mais antigas civilizações africanas, o Mali situa-se na parte ocidental do continente, ladeado por países como Mauritânia, Argélia, Senegal, tem uma área de cerca de 1.250 Km2, com uma população de mais de 11 milhões de habitantes.

Cumpre-nos aqui repercutir, especialmente, os temas mais importantes tratados no FSM, no Mali. Nem é preciso lembrar a enorme variedade de temas, questões e problemas que são alvo da programação do FSM: da conjuntura internacional aos desafios das relações interculturais; das relações de gênero e etnia aos impasses ecológicos; da problemática da dívida externa aos conflitos em curso... Também no Mali, foi complexa e ampla a gama de questões tratadas.

Para enforcarmos apenas a parte da vasta programação concernente às 13 principais conferências, poderíamos resumi-las nos seguintes pontos: o desafio da militarização das relações internacionais; o problema da dívida externa; a clamorosa necessidade de reforma da ONU; a unidade dos povos africanos, a partir das diferentes visões sobre os povos e as terras da África; o gravíssimo problema dos migrantes nos países centrais do Capitalismo e o desafio da mídia no mundo atual. Claro que isso é apenas uma pequena amostra. 

Para informações sobre tantos outros temas, conferências e debates realizados no FSM, recomendamos a consulta à página forosocialmundial.org.ve (a partir da qual se pode acessar também o FSM do Mali e do Paquistão).

Na coordenação dessas conferências, a participação de excelentes pensadores africanos – mulheres e homens, não apenas como facilitadores do debate, entre os quais Leila Ghanem, Mohamed Said Saadi, Waru Kara, Taroufik Ben Abdallah, mas também como conferencistas, dentre os quais Samir Amin, Demba Moussa Dembélé, entre tantos e tantas. Havia, claro, outros interlocutores de outros continentes. Alguns já com histórias respeitáveis, a exemplo de Ramonet e François Houtart.

Um dos coordenadores desses trabalhos, Demba Moussa Dembélé, do Senegal, é autor de um instigante artigo sobre a questão da dívida externa, denunciando a farsa do prometido cancelamento pelos países do G-7, em 1999, da dívida dos países pobres, num total de 100 bilhões de dólares. Resultado: tantos anos depois, o que sucede é que “less than 30% of that amount hás been cancelled.” (cf. a página http://www.tni.org/africa.docs/moussa.pdf).

Igualmente importante a esse respeito, é denunciar o caráter perverso dessa “dívida”, em relação à qual não se trata de “pedir” cancelamento, trata-se de não reconhecê-la, ou mais precisamente: de reconhecer e cobrar a inversão da relação devedor-credor...

Algo semelhante se dá na questão relativa aos migrantes. Que negócio é esse de aceitar que os capitalistas viajem e vivam onde quiserem, e ditem regras proibindo que os trabalhadores dos países africanos e do Terceiro Mundo viajem e vivam onde decidirem? As transnacionais e as grandes potências têm o desplante de, após explorarem as riquezas dos países da África e de outros continentes, tendo expropriado seus habitantes, erguerem novos muros da vergonha contra os explorados do mundo. Até quando? 

                        João Pessoa, 26 de janeiro de 2006 


quinta-feira, 23 de setembro de 2021

TRAÇOS DA MÃE-ÁFRICA : em busca de nossas raízes (XXIII)

 TRAÇOS DA MÃE-ÁFRICA : em busca de nossas raízes (XXIII)


Alder Júlio Ferreira Calado


O «chifre da África» (também) sob a mira do Império. Etiópia, Somália, Eritréia e Djibouti são países componentes do cobiçado «chifre da África», assim chamado em função do seu desenho cartográfico. De fato, nos últimos meses, esses países têm ocupado algum espaço no noticiário internacional, nesses últimos dias de 2006. O que anda ocorrendo nessa região situada no extremo Leste do continente?

Cumprindo, com a costumeira eficácia, seu papel de aparelho ideológico de Estado, a imprensa difunde com certo estarlhaço a invasão, «por tropas etíopes», de Morgadiscio, capital da Somália. Um elemento de explicação mais plausível vem mais adiante, ao referir-se a notícia às tropas «etíopes» como sendo «apoiadas» pelos Estados Unidos... Ah! Como poderíamos esquecer a participação desse «campeão da Liberdade» dos povos – do Afeganistão, do Iraque, da Palestina, do Irã...?

Não é por acaso esse «apoio». Além de todas as razões «humanitárias», esses países estão situados numa região estrategicamente privilegiada, em relação ao Oriente Médio e à Ásia... A Etiópia ocupa uma área de mais de 1.1245.000 Km2, contando com uma população de mais de 74.778.000 hab., sendo o seu PIB estimado em US$ 64.73 bilhões. Enquanto, por sua vez, a Somália ocupa uma área de aproximadamente 637.657 Km2, contando com uma população de um pouco mais de 8.863.000 hab, e com um PIB estimado em míseros US$ 2.48 bilhões.

O verdadeiro e principal móvel dessa invasão está ligado à ambição expansionista das grandes potência ocidentais - França, mas principalmente Estados Unidos! O «chifre da África» corresponde, com efeito, a um excelente trunfo estratégico, não tendo sido gratuita a instalação em Djibuti de uma base militar norte-amercana, numa região também disputada, por razões semelhantes, pela França (em vista da relativa proximidade com suas ex(?)-colônias, formadas, no caso, pelas ilhas de língua francesa do sudoeste (Madagascar, Ilhas Comores, Reunião, Maurício, Mayotte). 

Não desconsideramos motivos internos do recente conflito, afinal são conhecidas as rivalidades que opõem interesses das populações da região. Mas, seria simplório ignorar o peso decisivo na deflagração desses conflitos por parte das grandes potências ocidentais, notadamente, dos Estados Unidos e seus aliados. 

Em artigo relativamente recente, de autoria de Philippe Leymarie (cf.: artigo intitulado Djibuti, uma base estratégica. In : http://diplo.uol.com.br/2003-02,a563 ) , publicado em Le Monde Diplomatique de janeiro de 2003, o autor citava alguns depoimentos de algumas autoridades locais seduzidas pelos invasores norte-amerivanos. Um deles, o ministro da Cooperação Internacional de Djibuti, Mahmoud Ali Youssouf, declarava textualmente : “Desde 11 de setembro de 2001, imediatamente nos engajamos nessa guerra mundial contra o terrorismo e demos aos norte-americanos tudo o que queriam. Mas, até agora, nada recebemos em troca”


João Pessoa, 31 Dezembro de 2006.


quinta-feira, 16 de setembro de 2021

TRAÇOS DA MÃE-ÁFRICA: em busca de nossas raízes (IX)

 TRAÇOS DA MÃE-ÁFRICA:

em busca de nossas raízes (IX)


Alder Júlio Ferreira Calado


No vasto e multifacetado universo literário africano, que, em artigos precedentes, mal começamos a aflorar, perguntamo-nos, agora, qual vem sendo o lugar ocupado pelas mulheres escritoras? O que para elas tem significado fazer literatura no feminino? Qual é o perfil dessas escritoras? Como vêm accedendo a um universo tão marcado – não só na África, aliás - pela ampla hegemonia masculina? O que vêm tematizando em seus romances, em seus contos, em suas peças teatrais, em breve, em seus escritos? Mesmo sabendo dos limites – inclusive de espaço -, ousamos ensaiar alguns passos na direção dessas questões.

Partimos de uma constatação: também em solo africano, vem sendo cada vez maior a participação das mulheres como autoras de títulos literários. Basta que se recorra a alguns mecanismos de busca na internet, e logo aparece uma série de sites, em Inglês, em Francês, em Espanhol, em Italiano, em Português, contendo listas de nomes de escritoras dos mais distintos países da África. Sites que não se limitam a listar nomes. Também fornecem dados biográficos, seus principais livros, páginas antológicas, comentários e críticas sobre vários deles. Entre outros, consultamos, por exemplo: http://www.arts.uwa.edu.au/AFLIT/FEMEChomeEN.html  Aparecem às dezenas, e por país.

Fato deveras auspicioso, em que pese ainda persistir o desequilíbrio de gênero. Parece um fenômeno cuja evolução vem se firmando, sobretudo, a partir das últimas décadas. Elementos do perfil dessas autoras o confirmam. Por exemplo, sua faixa etária. Embora encontremos autoras nascidas nos anos 30 e 40, uma parte significativa é formada por jovens escritoras, nascidas nos anos 60 e 70. São procedentes de diferentes países. Trazem em comum, em grande parte, o fato de terem tido que migrar para as ex(?)-metrópoles para assegurarem o prosseguimento de seus estudos universitários. Fato que tem conseqüências significativas, em sua trajetória existencial e de escritoras.

Se, por um lado, dificilmente obteriam êxito garantido, caso tivessem permanecido em seus respectivos países – embora isso possa ter acontecido a algumas -, por outro lado, não se deve desconsiderar o preço que têm de pagar por tal migração. Autores como Agostinho Neto já levantavam essa preocupação. O problema dos condicionamentos ideológicos a que, não raro, terminam cedendo. O seu êxito também vai depender da forma como tais escritoras se inserem no universo de valores ocidentais. Vale, porém, lembrar, da parte de várias escritoras, sua capacidade de resistência à sedução metropolitana, e de se manterem fiéis aos bons valores de sua Gente. 

Ao focarmos aleatoriamente, por exemplo, trajetórias de escritoras como Mouna-Hodan AHMED, Mariam ABDOU, Gisèle HOUNTONDJI, podemos ter um recorte, ainda que simbólico, desses desafios. AHMED nasceu em Djibouti, em 1972. Concluídos o primário e o ensino médio, parte para a França, a fim de fazer curso superior. Seu principal romance Les Enfants du khat tematiza a situação das crianças envolvidas com a planta “khat”, um vegetal alucinógeno considerado referência de uma droga leve. Atualmente, leciona Francês num liceu de Djibouti, e dedica-se a escrever, pois afirma que “Eu escrevo para ser melhor com os outros.” ABDOU, por sua vez, nasceu em Madagascar, no final dos anos 70, aos sete anos, teve que migrar para a França, onde presta vestibular (o “Bac”, como lá se diz) para o Curso de Teatro, e, por meio de seus contatos com Benjamin Jules-Rosette, fundador do “Teatro Negro”, vai se firmando nos recitais e em montagem de peças de dramaturgia tematizando o cotidiano dos Negros, em peças  também apresentadas por atrizes e atores Negros.

De sua parte, Gisèle HOUNTONDJI, nascida no Benin, em 1954, apresenta um percurso semelhante. Após fazer curso primário e médio em sua terra natal, segue, também ela, para a França, para fazer um curso superior, enfrentando um leque de desafios, inclusive o racismo. Conseguiu viajar por vários países, na África (especialmente pelos países limítrofes ao Benin) , na Europa e na América do Norte. Considera-se uma “cidadã do mundo”. Sua principal obra é o romance intitulado Une Citronnelle dans la neige. No site acima mencionado, encontra-se disponibilizado um breve e instigante conto seu, intitulado Daniel. De volta à terra natal, a autora atua como intérprete de conferência. 

Ao buscarmos fazer uma leitura crítica desses e doutros escritos, um instrumental valioso a não se dispensar é o recurso a áreas como a Sociologia, a História, ä Antropologia, além da Lingüística, dadas as interfaces como cada autora constrói as tramas de suas obras literárias. Voltaremos ao assunto, na próxima edição de ABIBIMAN.


João Pessoa, 23 de Maio de 2009.


segunda-feira, 13 de setembro de 2021

TRAÇOS DA MÃE-ÁFRICA em busca de nossas raízes (XXVI)



Alder Júlio Ferreira Calado


E a Líbia como vai? Hoje, pouco se ouve falar da e na Líbia. Há cerca de três décadas atrás, a mídia não cessava de estampar notícias espalhafatosas sobre a Líbia, em função das posições de seu principal líder, o temido Muammar Al Qadhafi. Àquela época, ocupava o noticiário político da imprensa oficial, de modo semelhante ao espaço hoje assegurado ao Irã e seu líder atual. Mas, o que representa mesmo a Líbia, no variado espectro econômico e sócio-cultural africano? Vejamos alguns dados.

Tendo como capital Trípoli, a Líbia situa-se ao Norte do continente, ao Sul do Mar Meditarrâneo; limita-se ao Sul com o Chade e Níger; tem ao Leste o Egito e o Sudão, enquanto a Oeste, a Argélia e a Tunísia. Ocupando uma área maior do que a do Nordeste brasileiro, a Líbia tem 1.759.540 Km2, com uma população estimada, em 2006, conforme dados colhidos em http://www.indexmundi.com/libya/population.html, em 5.900.754 hab. Dadas as condições desérticas do interior do país, a grande maioria da população concentra-se na região costeira, às margens do Mediterrâneo.

Originalmente habitada pelas tribos Berberes, que se espalharam de Leste (desde o Marrocos) a Oeste (a parte ocidental do Egito), a Líbia tem uma história marcada por uma longa sucessão de invasões (Fenícios, Gregos, Romanos, Vândalos, Bizantinos, Árabes, Turcos, Espanhóis, Italianos (mais recentemente, A partir de 1912), além da intervenção dos países aliados do período pós-guerra (Inglaterra e Estados Unidos), que instalaram bases militares no território líbio (depois, foram obrigados a retirar). Só no início dos anos 50, a Líbia começa a alcançar poder sobre seu próprio território.

Se é fato que das marcas das antigas invasões dão prova alguns sítios arqueológicos, tombados como patrimônio cultural da humanidade, também é verdade a heróica resistência longamente exercida pelos Berberes contra tantos e tão poderosos invasores. (cf. http://www.miraggi.it/storia/libiasto.html , devendo-se, porém, ter o cuidado de dar o devido desconto ao enfoque eurocêntrico deste site italiano).

Do ponto de vista econômico, a Líbia apóia-se fundamentalmente em seus recursos naturais, notadamente no petróleo e no gás natural, tendo um PIB estimado em 70 bilhões de dólares, com uma renda per capitã estimada em 11.800 dólares. A agricultura enfrenta dificuldades semelhantes às que enfrentam países situados em regiões desérticas. Mesmo assim, o trigo, a oliva e outros produtos são cultivados em algumas regiões, graças à irrigação propiciada pelos recursos de engenharia hídrica, a partir de lençóis subterrâneos.

A exemplo do que sucede em tantas outras partes do mundo, inclusive hoje (Afeganistão, Iraque, Iran...), os grandes conglomerados transnacionais, apoiados pelas grandes potências, não cessam de cobiçar a hegemonia, razão por que mantêm tanta ambição em conquistar postos estratégicos. E este é também o caso da Líbia, dada sua posição estratégica privilegiada, às margens do Mar Mediterrâneo, e não menos em função do petróleo...

Como se comporta a Líbia diante dessas investidas de ontem e de hoje? Ao visitar alguns sites representativos das idéias políticas das forças dirigentes desse país, encontramos afirmações do tipo: “A Líbia é um país socialista próspero. È um dos mais destacados produtores de petróleo do mundo. (...) A organização política da Líbia está baseada nos comitês populares. A Líbia recusou o parlamentarismo como forma obsoleta de se fazer política. A forma de pensar do povo da Líbia corresponde à dos clássicos do Socialismo. O sistema parlamentar contemporâneo não traz democracia. Ao contrário. Os parlamentos são obstáculos à democracia. (...) O povo líbio pode estar satisfeito com o desenvolvimento em alta escala do seu país independente. A Líbia é o único Estado africano sem pobreza real. Os serviços de saúde pública cobrem gratuitamente toda a população. O sistema escolar garante educação gratuita até o nível universitário.” (cf. http://www.kominf.pp.fi/Iextra.html ). Daí por diante, são veiculadas notícias, seguindo a ordem cronológica, acerca do contexto nacional e internacional, com registro inclusive da visita do Presidente Lula à Líbia, em 2003.

Mesmo com os cuidados que devemos tomar em relação a toda fonte oficial ou oficiosa, e sem qualquer propósito de copiar modelos, vale a pena tomar em consideração os avanços conquistados pelo povo da Líbia, sobretudo se olharmos para a penúria extrema em que vegeta grande parte da população mundial, inclusive na América Latina, e não só no Haiti, onde infelizmente o Brasil continua a fazer o papel de polícia do Imperialismo. Consola-nos o que estamos vendo acontecer em vários outros países dessa “Pátria Grande”!

João Pessoa, 30 de Abril de 2007.


sábado, 11 de setembro de 2021

NÃO SE DEVE MARCHAR COM OS ENTREGUISTAS MAS É ÚTIL ENGROSSAR O GRITO: “FORA!”

 


NÃO SE DEVE MARCHAR COM OS ENTREGUISTAS

MAS É ÚTIL ENGROSSAR O GRITO: “FORA!”


Alder Júlio Ferreira Calado



Justo à véspera do Onze de Setembro

Boris Johnson recebe S. Piñera

https://www.bol.uol.com.br/noticias/2021/09/10/pinera-e-johnson-unirao-forcas-na-cop26-para-evitar-holocausto-ambiental.htm


Quem pranteia 2021, estenda o pranto

Aos chilenos, setembro/73


A memória das vítimas de atentados

Nos anime a enfrentar suas raízes


Dia e mês a marcarem hecatombes:

A do Chile de Allende e a do Pentágono


Reverência às vítimas de atentados

Pressupõe incluir o contra Allende


Maioria cristã n´Ásia estará

Diz Comblin, em seu livro-testamento


“A longo prazo, o futuro do cristianismo está no Extremo Oriente. Em primeiro lugar porque o futuro da humanidade está no Extrmeo Oriente, ou seja, na China, na ìndia, no Japão, na Coreia, no Vietnã, nas Filipinas e nos países da Península Indochinesa. Na frente estará a China. No século XXII, o Extremo Oriente terá ultrpassado a economia do bloco América-EUropa, dito o Ocidente, que predominou desde o século XVI.” (COMBLIN, José. O Espírito Santo e a Tradição de Jesus. São Bernardo do Campo, SP: Nhanduti, 2012, p. 437.)


Tradição de Jesus migra pra China

Missionários, aprendam o mandarim


Sectários católicos lançam semente

Do terror neofascista no Brasil


“Os novos movimentos sectários praticam uma chantagem constante e dispõem de um imenso poder político, econômico, cultural. Intimidam pela sua prepotência, pelo seu fanatismo. Paralisam a hierarquia que se sente pressionada sem poder resistir. Entram na hierarquia e ali praticam a mesma chantagem. Que peso do passado! Na Europa, o fascismo está invadindo o mundo político e daí passa para o mundo eclesiástico. A democracia está em decadência, eo o clero recupera os velhos reflexos dos tempos em que a Igreja mandava. Os movimentos são a presença do fascismo dentro da Igreja. A América Latica não escapa e sofre o domínio desses movimentos em vários países, na maioria. O que mais preocupa nesses movimentos extremistas é a sua riqueza cumulada em poucos anos e o seu afã de poder. Isto é tão antievangélico que assusta, e assusta o poder qie adquiriram dentro da Igreja, ou seja, dentro da instituição eclesiástica. João Paulo II permitiu que se transformassem em empresas com finalidade econômica com muitas práticas externas de religião,vividas como mecanismos sagrados que asseguram a salvação sem passar pelo evangelho. Pode ser o equivalente eclesiaástico das multinacionais financeiras da sociedade contemporânea, o que assusta mais ainda. Será que a hierarquia um dia vai abrir os olhos?” (COMBLIN, José. O Espírito Santo e a Tradição de Jesus. São Bernardo do Campo, SP: Nhanduti, 2012, p. 451).


As injustas prisões com base em fotos

Se destinam a prender pretos e pobres


Deles, delas jorra o GRITO de justiça:

Que o ouçamos, nesse Sete de Sembro.


Está solto no País um possesso perigoso: 

É urgente o processo de exorcizá-lo!


É letal o enxofre que ele exala!

Só os "de baixo" exorcizam este possesso!


Excluídos também se acham inclusos

No sistema perversos do Capital


Cor Brasil, cor de brasa, cor vermelha

Na bandeira também que se reflita!


No desfile de apagões do desgoverno

O apagão da energia  só mais um


É “a Manu militari” que se monta

Todo esquema corrupto, no Brasil


Sanguessuga da Pátria é a burguesia

Vale tudo em função da sua gula


Praza a Deus que as cepas da COVID

Não alcançam metade do alfabeto


Não importa o mal-feito do bandido

Se ao meu lado estiver, é "gente de bem"


Nossa Pátria bandeira - multicolor

Cor de brasa, inclusive, nela vejo!


O seu nome é Marcelo Luiz Nogueira

Ele tem coisas graves a nos contar 


Que malfeito mais grave Lyra espera

Para pôr o impeachment em votação?


Contra Senso  apostar que dez por cento

Sobrepujam noventa em cada cem


Quando ele fala em povo que se entenda:

Sou eu mesmo e minha familícia!


Ele é hoje o que desde sempre foi:

Como então explicar sua eleição? 


Steve Bannon precisa ser punido

Pelos crimes em série cometidos


O apagão panorâmico da gestão

Só reflete o apagão da energia


PGR descumpre seu papel

Onde há caos, ele vê democracia


A desordem das hordas governistas

Aras vê como festa democrática


Quão difícil imagino tenha sido

A escolha entre Haddad e o capeta


MBL é golpista de raiz

Entreguista do povo e da nação


A extrema-direita mundial

Tem Brasil como alvo predileto


O tal Marco Temporal é um projeto

De extermínio dos povos originários


As mulheres indígenas põem-se em Marcha

Contra o Marco legal do extermínio

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/09/10/mulheres-indigenas-fazem-ato-em-brasilia-por-mais-direitos-e-contra-marco-temporal.ghtml



João Pessoa, 11 de setembro de 2021.


terça-feira, 7 de setembro de 2021

TRAÇOS DA MÃE-ÁFRICA: em busca de nossas raízes (XXIV)

 TRAÇOS DA MÃE-ÁFRICA: em busca de nossas raízes (XXIV)


Alder Júlio Ferreira Calado


Nairóbi, a capital do Quênia, acaba de sediar a mais recente edição do Fórum Social Mundial, iniciado em Porto Alegre, e aí realizado em suas primeiras edições, e depois, adquirindo um caráter policêntrico, organizado em várias partes do mundo. Desta feita, mais uma vez, em terras africanas, durante alguns dias, a partir de 20 de janeiro. Em pauta, como foco de debates e de aprofundamento, temas variados e de reconhecida relevância social, numa perspectiva de humanização dos Humanos, em suas relações entre si e com o Planeta. Vale a pena recordar o temário vivenciado no FSM em Nairóbi:

- Mais diretamente relacionados com a dimensão ético-política: Dignidade humana/ Diferenças/ Discriminações; Meio Ambiente/ Energia; Direitos Humanos; Água; 

- Temas ligados às relações de Gênero e geracionais: As Lutas das Mulheres; Crianças; Juventude

- Do ponto de vista econômico, foram debatidos: o Trabalho; as Corporações transnacionais; Dívida externa; Economias alternativas; Livre Comércio;

- No plano cultural e educativo: Educação; Conhecimento/ Informação/ Comunicação; Cultura;

- Nas esferas política e social: Migrações; Guerra e Paz; Saúde; Soberania alimentar/ e Reforma Agrária; Instituições nacionais e internacionais e Democracia.

Como se percebe, é amplo e instigante o leque de questões tratadas, além de bastante pertinentes.  Correspondem bem aos objetivos gerais do Fórum, que são:

“1. Pela construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito pelas espiritualidades diversas. 2. Pela libertação do mundo do domínio das multinacionais e do capital financeiro. 3. Pelo acesso universal e sustentável aos bens comuns da humanidade e da natureza. 4. Pela democratização do conhecimento e da informação. 5. Pela dignidade, diversidade, garantia da igualdade de gênero e eliminação de todas as formas de discriminação. 6. Pela garantia dos direitos econômicos, sociais, humanos e culturais, especialmente os direitos à alimentação, saúde, educação, habitação, emprego e trabalho digno. 7. Pela construção de uma ordem mundial baseada na soberania, na autodeterminação e nos direitos dos povos. 8. Pela construção de uma economia centrada nos povos e na sustentabilidade. 9. Pela construção de estruturas políticas realmente democráticas e instituições com a participação da população nas decisões e controle dos negócios e recursos públicos. “

Como fórum de debate, trata-se de uma iniciativa bem-vinda, na medida em que seus protagonistas estejam conscientes também de seus limites. Por mais instigantes e calorosas que sejam as discussões aí travadas, bem sabemos não ter o FSM caráter deliberativo, além de restringir seus espaços a forças sociais mais palatáveis pela ordem imperante. Condição que me faz lembrar de um depoimento tocante que li, acerca deste evento em Nairóbi. Refiro-me a uma das iniciativas da abertura do FSM, a realizada numa das inúmeras favelas de Nairóbi. Lá estavam cerca de duas mil pessoas, a enfrentarem o desafio de terem acesso a uma celebração litúrgica programada no centro da favela, passando por sucessivas vielas estreitíssimas, cuja população em estado de profunda penúria, a ponto de causar perplexidade até às pessoas mais habituadas a ver cenas congêneres, a exemplo do que escreveu sobre isso o Agente de Pastoral Gogó, da CPT: “Entramos pela favela, onde praticamente é preciso entrar em fila indiana, tamanha a estreiteza das vielas. O esgoto corre a céu aberto entre os casebres, quase todos de dois metros por três. Nas vielas as crianças brincam, pulam, cumprimentam os que vão passando. As vielas estão apinhadas de gente, com aquelas coisas de ambulantes dependuradas nas paredes, música tocando, como são as características típicas das favelas. Chegamos à paróquia. Ali, no pátio interno de uma escola, umas duas mil pessoas presentes para a celebração, ao sol. Acreditem, a maioria era de homens. (...) Depois da missa nos dividiram em grupos para visitar as outras partes da favela. Acompanhamos uma das lideranças comunitárias. Pelas vielas ela nos levou para mostrar sua casa. Quando entramos, vimos o que de mais contraditório poderia se ver. São uns vinte cubículos - não mais que 3x3 metros - emendados, com um corredor fechado ao meio. Dentro de cada cubículo mora uma família. Ela tinha exatamente isso para sua família, um cubículo. Ela dizia isso e ria, mas um riso verdadeiro. E a gente se entreolhava para dizer a si mesmo: "como é que pode"?” (cf. www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=26116)


João Pessoa, 28 de janeiro de 2007


quarta-feira, 1 de setembro de 2021

PELOS FRUTOS SE CONHECE BEM A ÁRVORE (cf. Mt 7:17)



Alder Júlio Ferreira Calado


Tais os crimes do Ocidente contra o Oriente

Que lhe falta moral para acusá-los


Vinte anos de mortes, de tragédias:

Eis o rastro do Império contra Afegãos


O Império se arma até os dentes

Nesta híbrida guerra contra a China…


Dois U$ trilhões o Império desperdiçou

Invadiu, destroçou, plantou barbárie


Contundentes os golpes da direita

Desde Temer, o Brasil só retrocede


Abusivos recursos a tribunais

Privilégios escancaram das “elites”


Dos milhares de presos, pretos, pobres

Quantos são os recursos a tribunais?


Como o ódio não tem força maior

Chega um dia que implodem seus agentes


Pras “elites” o Estado é instrumento

De extrair sua fortuna e plantar miséria


Eu transgrido a Lei Magna, todo dia

Mas, à mesma recorro, se me convém


Eu combato, sem fim, Democracia

Mas benesses dela extraio quanto posso


Em processo julgando Bolsonaro,

Dele afirma o Ministro do STM:

Juiz do STM afirmou, em 1988: “este capitão Bolsonaro não é de muitas letras”. Ouça o áudio | Revista Fórum (revistaforum.com.br)


A “facada” atormenta a familícia:

Só levanta suspeitas, mais e mais...


Da denúncia ao anúncio é nosso plano

Ecocídio combate-se com atitudes


Desvendar “fakeada” ganha força

A pergunta: a quem ela interessa?


Conhecido o dizer de gente séria:

Das elites, pior é a brasileira


Diferente de outras das Américas

Nossa elite sempre foi escravagista


Bandeirantes resumem seu pensar

Borbagato atesta o seu legado


“Pré-burguesa”, dir-se ia, foi a nossa

Nunca teve projeto de Nação


Bolsonaro é a cara desta elite:

Truculento, odioso, antipovo


Banditismo estatal desencadeia

Anomia civil tiranizante


Mente mais quem de Deus do nome abusa

“Este povo me louva com os lábios”... Mt (15,8)


Onde diz o “Pastor”: “humanitário”

“Monetário” se leia o que ele disse

(268) RR Soares Recebe Presentinho de Eduardo Cunha e Só Falta Chorar de Emoção Servo de Deus - YouTube


O Império, com Biden continua

A flertar com bandidos nazifacistas


Elevando-se a mentira a um padrão

É a força que decide a verdade


Com o capeta é inútil dialogar

Estratégia eficaz é combatê-lo


A Direita é gêmea de sua extrema:

Bolsonaro é um produto liberal


Nem que fosse um espesso dicionário

Conteria os delitos do Capetão


Logo, o Código Penal perde a conta

Do total de delitos do Presidente


Malafaia, evangélico? Que contra senso!

O anti-Cristo é mais forte, em seu perfil!

(268) Pastor Silas Malafaia : Vídeo resumido da declaração profética em favor do Brasil e de Bolsonaro - YouTube


De tal sorte é o mendaz pretensioso

Que prescinde de ares de verdade


Transferir o patrimônio petroleiro

Eis o alvo do golpe de Dezesseis

 

Será justo aplicar terceira dose

Em um mundo em que há tantos sem a primeira?

 

Denuncia o corruptor a burguesia

No que toca ao camelo, mosquito engole (cf. Mt 23,24)

 

Apesar do bloqueio, Cuba avança

No diálogo com a China, pela paz

 

Ocupantes se despedem de Cabul

Atacando por drones seus civis

 

De Brasília ecoam seus clamores

Com os Indígenas estamos solidários

 

João Pessoa, 01 de setembro de 2021