Alder Júlio Ferreira Calado
E a Líbia como vai? Hoje, pouco se ouve falar da e na Líbia. Há cerca de três décadas atrás, a mídia não cessava de estampar notícias espalhafatosas sobre a Líbia, em função das posições de seu principal líder, o temido Muammar Al Qadhafi. Àquela época, ocupava o noticiário político da imprensa oficial, de modo semelhante ao espaço hoje assegurado ao Irã e seu líder atual. Mas, o que representa mesmo a Líbia, no variado espectro econômico e sócio-cultural africano? Vejamos alguns dados.
Tendo como capital Trípoli, a Líbia situa-se ao Norte do continente, ao Sul do Mar Meditarrâneo; limita-se ao Sul com o Chade e Níger; tem ao Leste o Egito e o Sudão, enquanto a Oeste, a Argélia e a Tunísia. Ocupando uma área maior do que a do Nordeste brasileiro, a Líbia tem 1.759.540 Km2, com uma população estimada, em 2006, conforme dados colhidos em http://www.indexmundi.com/libya/population.html, em 5.900.754 hab. Dadas as condições desérticas do interior do país, a grande maioria da população concentra-se na região costeira, às margens do Mediterrâneo.
Originalmente habitada pelas tribos Berberes, que se espalharam de Leste (desde o Marrocos) a Oeste (a parte ocidental do Egito), a Líbia tem uma história marcada por uma longa sucessão de invasões (Fenícios, Gregos, Romanos, Vândalos, Bizantinos, Árabes, Turcos, Espanhóis, Italianos (mais recentemente, A partir de 1912), além da intervenção dos países aliados do período pós-guerra (Inglaterra e Estados Unidos), que instalaram bases militares no território líbio (depois, foram obrigados a retirar). Só no início dos anos 50, a Líbia começa a alcançar poder sobre seu próprio território.
Se é fato que das marcas das antigas invasões dão prova alguns sítios arqueológicos, tombados como patrimônio cultural da humanidade, também é verdade a heróica resistência longamente exercida pelos Berberes contra tantos e tão poderosos invasores. (cf. http://www.miraggi.it/storia/libiasto.html , devendo-se, porém, ter o cuidado de dar o devido desconto ao enfoque eurocêntrico deste site italiano).
Do ponto de vista econômico, a Líbia apóia-se fundamentalmente em seus recursos naturais, notadamente no petróleo e no gás natural, tendo um PIB estimado em 70 bilhões de dólares, com uma renda per capitã estimada em 11.800 dólares. A agricultura enfrenta dificuldades semelhantes às que enfrentam países situados em regiões desérticas. Mesmo assim, o trigo, a oliva e outros produtos são cultivados em algumas regiões, graças à irrigação propiciada pelos recursos de engenharia hídrica, a partir de lençóis subterrâneos.
A exemplo do que sucede em tantas outras partes do mundo, inclusive hoje (Afeganistão, Iraque, Iran...), os grandes conglomerados transnacionais, apoiados pelas grandes potências, não cessam de cobiçar a hegemonia, razão por que mantêm tanta ambição em conquistar postos estratégicos. E este é também o caso da Líbia, dada sua posição estratégica privilegiada, às margens do Mar Mediterrâneo, e não menos em função do petróleo...
Como se comporta a Líbia diante dessas investidas de ontem e de hoje? Ao visitar alguns sites representativos das idéias políticas das forças dirigentes desse país, encontramos afirmações do tipo: “A Líbia é um país socialista próspero. È um dos mais destacados produtores de petróleo do mundo. (...) A organização política da Líbia está baseada nos comitês populares. A Líbia recusou o parlamentarismo como forma obsoleta de se fazer política. A forma de pensar do povo da Líbia corresponde à dos clássicos do Socialismo. O sistema parlamentar contemporâneo não traz democracia. Ao contrário. Os parlamentos são obstáculos à democracia. (...) O povo líbio pode estar satisfeito com o desenvolvimento em alta escala do seu país independente. A Líbia é o único Estado africano sem pobreza real. Os serviços de saúde pública cobrem gratuitamente toda a população. O sistema escolar garante educação gratuita até o nível universitário.” (cf. http://www.kominf.pp.fi/Iextra.html ). Daí por diante, são veiculadas notícias, seguindo a ordem cronológica, acerca do contexto nacional e internacional, com registro inclusive da visita do Presidente Lula à Líbia, em 2003.
Mesmo com os cuidados que devemos tomar em relação a toda fonte oficial ou oficiosa, e sem qualquer propósito de copiar modelos, vale a pena tomar em consideração os avanços conquistados pelo povo da Líbia, sobretudo se olharmos para a penúria extrema em que vegeta grande parte da população mundial, inclusive na América Latina, e não só no Haiti, onde infelizmente o Brasil continua a fazer o papel de polícia do Imperialismo. Consola-nos o que estamos vendo acontecer em vários outros países dessa “Pátria Grande”!
João Pessoa, 30 de Abril de 2007.
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