quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo nesta guerra insana, imperialista

 Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo

Nesta guerra insana, imperialista


Alder Júlio Ferreira Calado


Nesta guerra, tem Putin as digitais: 

Não se deve invadir a terra alheia

O ocidente, porém, forjou a teia

Inda finge ser vítima, o ”rei da paz“

Seu Império, de guerras só se faz

Desta “obra”, a OTAN é a grande artista

Os dois lados tem culpa: a culpa é mista

Ocidente comete erro crasso

Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo 

Nesta guerra insana, imperialista 


A União Soviética teve fim

E o Pacto de Varsóvia se desfez

No entanto, a OTAN, por sua vez

Ao invés de fazer ação a fim

Mais se estende no rumo do confim

Apesar de promessa pacifista

Fez valer tão somente seu ponto de vista

Preferiu proceder como um devasso 

Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo 

Nesta guerra insana, imperialista 


Duplicando os seus membros, a OTAN

Foi rumando pro Leste sua fronteira 

Cooptando nações bem estrangeiras 

A denúncia da Rússia restou vã

O Império fez valer o seu afã 

Em 14, o Império, oportunista 

Gesta um golpe, traz a vista 

Sua estratégia de cerco, em tempo escasso

Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo

Nesta guerra insana, imperialista 


Mas, há, assim, uma guerra santa e justa

Me refiro a miséria de dois terços 

De milhões que na fome morrem inmersos

Porque deles uns poucos vivem a custa 

Este fato existe, e nos assusta 

E bem vale a batalha de quem insista 

Combatendo  o racismo nazifascista

Um apelo então a todos faço

Bravo,Lula! Não ceda nenhum  passo

Nesta guerra insana imperialista


A semente nazista se esparrama 

Ela atua, de forma subcutânea 

Pelo mundo, inclusive na Ucrânia 

Em 14 e 15, grande fama

No-pós golpe, do Azov se reclama

Há quem diz que este grupo arrivista

Pode usar armamento à sua vista

Um motivo pro mais estardalhaço 

Bravo,Lula! Não ceda nenhum passo

Nesta guerra insana,imperialista 



Se os Estados Unidos, no comando 

Em um caso ao da Rússia parecido

Como ele mesmo teria agido?

O que fez contra o Iraque: como? e quando?

Qual é mesmo o agir de um tal bando?

Nada impede que assim siga e persista

Ocidente vezeiro em “conquistas” 

Este agir de corifeus eu nao abraço

Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo 

Nesta guerra insana imperialista


Esta Guerra é um insulto a Mãe-Terra

Grande ultraje aos viventes do planeta

A quem mesmo interessa agir “careta”?

À indústria de armas, que ela encerra

A lucrar sem medida, com a guerra

A fortuna que nela se invista

É o que falta aos pobres pacifistas

E o que sobra à elite dos ricaços

Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo 

Nesta guerra insana imperialista


Se na Rússia, o governo é autocrata

O da Ucrânia é fantoche do ocidente

Tem parceiros nazistas convergentes

Oponentes, Zelensky desidrata

Mesmo assim pro Império é “Democrata”

Do bom-senso, o império muito dista

Pois a Rússia, avalia comunista

Europeus ante o Império se mostram lassos

Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo 

Nesta guerra insana imperialista


O Ocidente invadiu vezes seguidas

Terra, povos, nações, impunemente

O Iraque, a Líbia, Médio Oriente

Saqueando riquezas, ceifando vidas

América Latina, agredida 

Por quem jura até ser pacifista

És a marca moral desses “artistas”

Seu caráter se mostrar bem devasso

Bravo,Lula! Não ceda nenhum passo

Nesta guerra insana,imperialista  


Esta guerra todo mundo ameaça

O ambiente, os viventes, os humanos

É urgente deter o perverso plano

Monstruosa, cruel, amarga taça

Levantemos um grito, em nossas praças 

Detenhamos esse rumo armamentista

Espalhando nosso grito pacifista

Aos que amam a vida eu abraço 

Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo

Nesta guerra insana,imperialista 


Quase todas nações ocidentais

Invadiram países pelo mundo

E deixando-os mendigos, Moribundos!

Quando é outro que invade,voltam atrás

Se fingindo cidadãos de bem, vindo de paz

Esquecidos de suas vis conquistas

Contra os outros, se tornam armamentistas

Eis por que meu apelo, eu refaço: 

Bravo, Lula! Não ceda nenhum passo

Nesta guerra insana,imperialista 




João Pessoa 23 de Fevereiro de 2023





terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Palestinos, Migrantes e Africanos São as vítimas fatais do capital



Alder Júlio Ferreira Calado


Capital xenofóbico de raiz:

Não tolera conviver com os diferentes 

Seu racismo faz sofrer milhões de gentes

Com os humanos sua prática não condiz 

Só nos cabe repor pontos nos is 

É uma tragédia cruel e desigual

Tradição genocida e grande mal 

É urgente pôr fim a este plano 

Palestinos, Migrantes, Africanos 

São as vítimas fatais do Capital


O holocausto inda hoje aterroriza 

Palestinos são vítimas incessantes 

Do Estado de Israel, cruel gigante

Pro algoz, o Império, manda brisa

Esse crime, o Império avaliza

A Europa nunca deixa o pedestal

Insensível é o Império, até letal

Aos seguidos massacres, desumanos

Palestinos, Migrantes, Africanos 

São as vítimas fatais do Capital


Décadas faz que o penar dos Palestinos 

Desde mil novecentos e quarenta e oito

O Estado d' Israel irrompe, afoito

A infligir um terror vil demais cretino

Com o aval do Império… que destino!

Palestinos enfrentam um vendaval

Tal postura sionista é abissal

Aguentar tal tragédia, 70 anos

Palestinos, Migrantes, Africanos 

São as vítimas fatais do Capital


Os migrantes forçados são a prova 

Do espírito mesquinho do Ocidente

Que riquezas pilhou impunemente

Saqueando suas gente velhas, novas

E forjando versões e falsas trovas

A tragédia da África/enorme mal  

Expressão do Ocidente Imperial

O Império comporta-se desumano

Palestinos, Migrantes, Africanos

São as vítimas fatais do Capital 


Nao ha chance de mais se pactuar 

Com império rentista, genocida 

Quem se indigna em favor da humana vida

E também com o Planeta, nosso lar

Do combate vem as armas empunhar

Se opondo, de vez, a todo aval

Há quem lucra com a fome imoral 

Movimentos se unam como humanos

  Palestinos, Migrantes, Africanos

São as vítimas fatais do Capital 


Um escândalo a postura dominante

Das potências que à ONU tem atada

Apesar de dezenas de rodadas

De pedidos pra punir o vil Gigante

Sem efeito: tudo segue como D’antes

Privilégio do veto é o grande mal

Maioria absoluta é surreal

E o mundo se torna desumano

Palestinos, Migrantes, Africanos

São as vítimas fatais do Capital 


João Pessoa, 21 de fevereiro de 2023


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

O Brasil, Democracia enjaulada

 O Brasil, Democracia enjaulada


Alder Júlio Ferreira Calado 


Em apenas 45 dias desde sua apoteótica investidura no Governo do Brasil, fortemente marcada por uma rica simbologia (haja vista, por exemplo, a entrega da faixa presidencial por uma mulher negra, catadora de resíduos recicláveis), eis que o povo brasileiro, uma semana depois, se sentem duramente atacados pela Intentona de Golpe, no dia 08 de janeiro, ataque e depredação de cada sede dos três Poderes ardilosamente preparados pelas lideranças criminosas da Extrema Direita (articulados pelos bolsonarismo, por militares, por empresários financiadores, entre outros).


Contida essa fúria neofascista, com centenas de prisões e processos instaurados, o povo brasileiro voltaria a ser duramente impactado pela ampla divulgação, no dia 21 de janeiro, de imagens relativas ao genocidio do povo Yanomami, submetido que vinha sendo ao genocidio bolsonarista, com a invasão de sua terras por milhares de garimpeiros, e madeireiros, de líderes do Agronegocio, com a compricidade do Desgoverno Bolsonaro e seus aliados, inclusive figuras das Forças Armadas.


As energias  que  deveriam mover o novo Governo a pôr em prática, desde os primeiros dias, seu plano de gestão, tiveram que ser desviadas para a contenção da barbárie em curso. Ainda assim, o projeto neofascista continua impedindo a ação governamental tão esperada. Mais um entrave está sendo colocado, neste sentido, desta vez, pelas forças financistas do grande Capital, por meio da excêntrica intrusão que representa a "independência do banco central”, cuja a presidência foi assumida por Roberto Campos Neto, nomeado por Bolsonaro, e cujo cargo deve estender-se até Dezembro de 2024. 


Desta perniciosa intromissão direta na gestão de um Governo democraticamente eleito, decorre a sabotagem do Capital financista, de inviabilizar, por meio da fixação pelo Banco Central de uma escandalosa taxa da selic, de 13,75%- algo inexistente em qualquer país do mundo, impedindo com isto qualquer pretensão de investimento e de retomada das atividades econômicas programadas.

Trata-se de uma evidente chantagem da elite financista, com claro objetivo de colocar uma camisa de força no Governo Lula. Esta avaliação não parte apenas de setores da Esquerda.em recente entrevista concedida ao Canal Livre pelo ex Ministro do governo FHC, André Lara Resende (cf. https://www.youtube.com/watch?v=tuPETK1-9kU), um dos principais responsáveis pela elaboração do plano real, que recomendo aos leitores, mostra-se fortemente crítico e contrário à decisão tomada pelo atual Presidente Central. 


Outra posição que se manifesta em oposição a mesma decisão, foi exposta pelo Jornalista Luis Nassif ,ao tecer críticas aos entrevistadores e entrevistadoras de Roberto Campos Neto, no Programa Roda Viva:


No grupo de WhatsApp dos Ministros de Bolsonaro, há menção a afirmações suas de que Bolsonaro venceria as eleições devido às abstenções. Essa conclusão, em sua opinião, inspirou a decisão de utilizar a Polícia Rodoviária Federal para bloquear ônibus com eleitores no nordeste? O “erro” de conta do BC, escondendo o déficit nas contas externas em 2022, teve alguma motivação eleitoral? Porque, dispondo de reservas de 350 bilhões de dólares, o Banco Central permite a volatilidade do câmbio? Porque no início da pandemia, o Banco Central divulgou uma estatística tentando provar que a imunização de rebanho seria melhor para a economia do que a vacinação. Quem encomendou o trabalho? No grupo de WhatsApp dos Ministros de Bolsonaro, há menção a afirmações suas de que Bolsonaro venceria as eleições devido às abstenções. Essa conclusão, em sua opinião, inspirou a decisão de utilizar a Polícia Rodoviária Federal para bloquear ônibus com eleitores no nordeste? O “erro” de conta do BC, escondendo o déficit nas contas externas em 2022, teve alguma motivação eleitoral? Porque, dispondo de reservas de 350 bilhões de dólares, o Banco Central permite a volatilidade do câmbio? Porque o BC deixa o mercado definir a estrutura de taxas de juros longa, essencial para a definição da Selic? O BC procurou estudar, alguma vez, os esquemas de compras de juros futuros, para saber se há movimentos de cartelização? O senhor não considera imoral reuniões fechadas com agentes financeiros, para informá-los sobre as tendências da Selic?”


Nesta mesma toada, desta vez sob a análise crítica de uma figura da esquerda, o historiador e analista político Jones Manoel, vai mais além, ao questionar não apenas a arbitrariedade da fixação da atual taxa SELIC, mas a própria "independência"do banco central, astuciosa estratégia da ditadura rentista, hegemônica no mundo capitalista (cf. https://www.youtube.com/watch?v=HmdZyNBiwM0).


Não é por acaso que, mais de uma vez em textos anteriores, temos recomendados -especialmente aos jovens militantes dos Movimentos Populares- a revisitar os sólidos argumentos suscitando Ladislau Dowbor, seja em seus livros, seja em numerosos e didáticos vídeos, disponibilizados em seu conhecido “site”.  


O Rentismo gera a morte

"Intra Cápital, nulla salus "


Alder Júlio Ferreira Calado


 No Brasil em qualquer parte

 Onde reina a burguesia

A riqueza se extravia

Nada disso ela reparte

Secular, segue essa arte

Pobres gemem sob abalo

Só sua classe vem salvá-los

A sangria é de tal sorte

O rentismo gera a morte

"Intra capital, nulla salus "



“Banco Central independente”

É armadilha bem letal

A serviço do Capital

Quem milita contra a gente

Essa lei é indecente

Nossos bens, jogam no ralo

Nós que vamos desatá-lo

Nossa luta será forte

O rentismo gera a morte

"Intra capital, nulla salus "


Pra salvar Democracia

É urgente retirá-la

Desta jaula e servil vala 

Que o burguês tanto aprecia

Lhe impondo mais sangria

Lula diz, sem ter abalos

É preciso considerá-lo

Povo unido é povo forte 

O rentismo gera a morte

"Intra capital, nulla salus"



João Pessoa, 17 de fevereiro de 2023.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

ROTEIRO DE ANÁLISES DE CONJUNTURA

 ROTEIRO DE ANÁLISES DE CONJUNTURA

(Elaborado para o Encontro de Militantes sociais e pastorais, que teve lugar em Bayeux, no Centro de Formação do Movimento Popular, em 21/01/2023)


Alder Júlio Ferreira Calado


Não é segredo que estamos mergulhados em desafios múltiplos e complexos, aos quais somos chamados a responder, a altura de nossas capacidades, de nossos limites e compromissos. Os movimentos sociais - sindicais, populares, pastorais, e da própria esquerda partidária - constituem relevantes molas propulsoras da organização da sociedade civil, razão por que, diante de tais e tamanhos desafios, não basta esperar apenas pela ação institucional, por certo necessária, mas não suficiente.


Eis por que, dando sequência a múltiplos compromissos organizativos, formativos e de mobilização, iniciamos 2023 com uma agenda de atividades com alguns grupos e movimentos sociais, dentre os quais o movimento Raiz Cidadanista (que se reuniu, recentemente, em Arcoverde - PE, para uma “Teia” regional), o Grupo de Formação do Mutirão, para mencionar apenas dois exemplos. A quem interessar possa, segue o link de acesso ao texto ecoando o evento da Teia: https://textosdealdercalado.blogspot.com/2023/02/movimento-raiz-cidadanista-em-seu.html. Em relação ao Encontro de Formação do Mutirão, o dia 21.01.2023 foi dedicado a um exercício coletivo de análise de conjuntura como o forma de leitura crítica da realidade social (ou da realidade eclesial), em escala internacional, latino-americana, brasileira, nordestina, estadual, municipal, em um período de aproximadamente trinta anos.

Para Tanto, houvemos por bem propor o seguinte roteiro didático, que hoje cuidamos de desenvolver (apenas o roteiro):

 


  1. Pressupostos teórico-práticos


1. Pressuposto Teórico-metodológico: exercitar os princípios da Dialética (a interação universal das coisas e dos acontecimentos; o princípio do movimento;o princípio da totalidade; o princípio da unidade dos contrários; o princípio da transformação da quantidade em qualidade).

2. Assegurar criticamente  a diversidade de fontes de dados e agências noticiosas.

3. A conjuntura comporta relevantes elementos da estrutura.  

4. Procedimento pedagógico-popular: fazer análises de conjuntura em mutirão.


  1. Passos fundamentais de Análise de Conjuntura 


1. Explicitar os projetos de sociedade, em disputa 

2. Situar os representantes de cada força social em disputa

3. Identificar as estratégias básicas utilizadas pelos representantes de cada Força social, em luta

4. A partir dos passos acima trabalhados, extrair lições para a elaboração de um Plano de Atividades, de modo a enfrentar os desafios da conjuntura, conforme o plano de ação de cada Movimento Popular 


  1. Com base nos passos acima-indicados, exercitar uma análise da atual conjuntura social e eclesial.

 a partir do roteiro abaixo proposto. Tal roteiro foi elaborado com o propósito de desenvolvê-lo, por escrito, em um texto mais longo, a ser compartilhado, em breve. Por enquanto, julgamos conveniente mencionar apenas o seguinte roteiro. 


  1. Análise de conjuntura como o exercício de leitura crítica  da realidade social (ou da realidade eclesial), em escala internacional, latino-americana, brasileira, nordestina, local


Passos fundamentais de Análise de Conjuntura 


Com base nos passos acima-indicados, exercitar uma análise da atual conjuntura social e eclesial.


A parte de tal roteiro cuidamos, em breves linhas, de desenvolver cada tópico proposto, com o propósito de fornecer elementos didáticos de uma análise em mutirão de nossa atual realidade.


I.Pressuposto teórico-práticos   


Embora pareça supérfluo este primeiro tópico eles se justificam fortemente  em razão de apontar condições mais favoráveis para uma melhor percepção  crítica de como se dá a conhecer a realidade social. Sem tais elementos, corremos o risco de uma má interpretação dos fatos e acontecimentos de nossa realidade.


1.Pressuposto teórico-metodológico 


A realidade social,dada a sua complexidade, não se deixa conhecer a olho nu, ou seja, de forma desarmada.Para compreendê-la precisamos nus dotar de lentes especiais capazes de aprimorar nosso potencial perceptivo, de modo a penetrarmos no íntimo desta realidade. 

Neste sentido, a Dialética nos oferece valioso instrumental,por meio dos princípios que a caracterizam:

-A interação universal dos fatos e acontecimentos e situações.Este princípio nus ajuda perceber que os fatos de nossa realidade(sociais,econômicos,políticos,culturais…)  se acham dinamicamente conectados, de tal modo que a boa compreensão de uns  só se dá com a boa compreensão dos demais.Como diz a canção,"tudo está interligado”.       


  • O princípio do movimento, refletido desde Heráclito, tendo passado por diversos pensadores, entre os quais Hegel em Marx, nos alerta para a necessidade de entendermos a realidade social em constante movimento, em constante transformação histórica. Este princípio nos ensina que “tudo muda”, tudo flui (πάντα ῥεῖ). Para uma compreensão mais objetiva da realidade social, importa buscar acompanhar seu movimento histórico, ou seja, apreende-la como em um filme, não apenas como uma foto. No exercício crítico de leitura de nossa realidade, é fundamental também que busquemos nos pôr constantemente em movimento, tentando aproximarmos desta realidade, em seu dinamismo; - o princípio da totalidade, por sua vez, destacado especialmente por Marx, nos adverte da necessidade de irmos além de uma compreensão parcial da realidade, sempre buscando entendê-la como uma totalidade, integrada por diversas partes dinamicamente interrelacionadas;

  • No que tange ao princípio da unidade dos contrários, a Dialética nos ensina que, ao exercitarmos criticamente uma leitura de mundo, precisamos entender que os fatos, os acontecimentos e as situações não evoluem de forma linear, mas devem ser apreendidos em seus entrechoques, sempre buscando vislumbrar um traço de união que liga esses acontecimentos contraditórios. Por exemplo, ao nos debruçarmos sobre o fenômeno da pobreza, não basta situarmos as condições de miserabilidade, de extrema pobreza, mas sobretudo importa perceber a ligação orgânica existente entre pobreza e riqueza, ou seja, somente ao situarmos sua relação, é que podemos entender os dois pólos antagônicos da riqueza e da pobreza, cuja existência radica justamente na relação dos dois pólos antagônicos (“ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres”, como lembra o Documento de Puebla);

  • A dialética também nos lembra a relação existente entre quantidade e qualidade, à medida que a quantidade também pode gerar qualidade. Na prática, por exemplo, um combate mais orgânico contra as raízes capitalistas não se faz suficientemente graças a uns “gatos pingados”, mas requer um envolvimento orgânico de um quantitativo de militantes capaz de enfrentar exitosamente a barbárie capitalista.

2. Uma boa análise de conjuntura não se faz com base em dados de um única fonte de informação, mas pressupondo acompanhamento indispensável de um conjunto de fontes ou de agências noticiosas, com perfis ideopolicos diferentes e até antagônicos. Na pratica,isso significa recolher informações de órgãos os mais diversos, tais como, por exemplo, notícias colhidas da mídia comercial (do tipo globo news CBN Bandnews, inclusive a jovem pan) bem como de órgãos noticiosos de perfil à esquerda, tais como Brasil 247, Opera mundi, Boitempo, TVL, ICL, entre outro;

3. Toda conjuntura comporta elementos estruturais, isto é fatos e acontecimentos atuais só podem ser compreendidos de forma mais consistente quando buscamos identificar suas raízes históricas, como sucede como, por exemplo, na análise das manifestações racistas, misóginas, homofóbicas, etc. Neste sentido, importa revisitar nossa história de Escravismo colonial.

4.Procedimento pedagógico-popular também se faz necessário, à medida que se busca exercitar análises de conjuntura em mutirão de forma coletiva.            


II. Passos fundamentais de Análise de Conjuntura

O exercício da leitura crítica  de nossa realidade - Paulo Freire entende isso como “Leitura de mundo” - parte do convite aos participantes a lembrarem fatos ou acontecimentos que julguem mais impactantes, seja em âmbito  local, regional , nacional. Internacional, seja ainda no âmbito econômico na esfera política ou no plano cultural. Forma, assim, um vasto painel, a ser completado ou acrescido por alguém mais experiente, que coordene os trabalho.


1.Explicitar os projetos de sociedade subjacentes a esses fatos e acontecimentos. Trata-se, aqui, de pôr em evidência a presença efetiva da ideologia capitalista, que impregna os narrativas ou  pretextos dos que controlam o modo de produção capitalista, bem como seu modo de consumo e de gestão societal.


Para ilustrar, de modo mais didático, vamos partir de um exemplo concreto da atualidade: o “status” de independência que o Legislativo concedeu indevidamente ao Banco Central, para determinar a política monetária do Brasil, nomeando o seu Presidente o banqueiro Roberto Campos Neto, por um período de quatro anos, dois dos quais alcançando metade de Governo Lula. Hora, atribui-se "independência" a um banqueiro notoriamente vinculado ao rentismo, significa na prática esperar que a raposa tome conta do galinheiro. Estamos diante de uma situação que caracteriza a hegemonia do poder burguês sobre a economia do País, ainda que o Presidente Lula tenha sido eleito pelos brasileiros para governar o Brasil.


Por outro lado, contrariamente a este projeto dominante, ergue-se o projeto popular, representado pelo conjunto da maioria dos trabalhadores e trabalhadoras e seus aliados, organizados em movimentos populares, sindicais, e associações, cooperativas e outras organizações de base.


Enquanto isso, por outro lado, o projeto burguês segue representado pelas grandes empresas transnacionais, atuando nos mais diversos ramos da economia, até mesmo no campo da educação e da cultura, tendo sua expressão máxima no capital financeiro, e ainda amplamente favorecido pelos vários aparelhos de Estado (o Legislativo, o Judiciário, o aparato Militar, tendo a mídia comercial a seu favor, além da Escola, da família, das igrejas… 


III. A partir destes dados conjunturais, como devemos nos organizar?


O periódico exercício de Análise de Conjuntura deve ter como objetivo fornecer subsídios para a elaboração de um plano de ação e de lutas, por parte de cada organização de base, seja um Movimento popular, seja uma Associação, seja uma Cooperativa, seja uma Pastoral Social. Conforme seja seu campo de atuação e seus objetivos específicos, cada organização de base é chamada a planejar suas atividades, tomando em conta as tarefas a serem realizadas, bem como quem, quando e como vai assumir essa ou aquela tarefa.


Eis, em poucas linhas, o que podemos oferecer de um roteiro didático de leitura crítica e de intervenção sobre nossa esfera de educação, sempre lembrando de fazê-lo em mutirão, aproveitando a contribuição de cada participante, com a mediação de alguém mais experimentado na elaboração de Análise de Conjuntura.

É necessário lembrar que aqui se tratou apenas de um itinerário, a partir do qual os interessados encontram elementos para se fazer, na prática, a própria Análise de conjuntura.


João Pessoa, 09 de Janeiro de 2023.