segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Toda a era Bolsonaro é desumana: Como pôde ter vez, em quatro anos?



Alder Júlio Ferreira Calado


Genocídio Yanomami é a expressão

Do que é a essência neofacista


Como pôde tanta gente apoiá-lo?

Garimpeiros em terras yanomami


Garimpeiros aos milhares invadem terra

Um exército do mal a ser banido


Desta rede ignóbil de fascistas

Fazem parte “cristãos”contra o Evangelho


Muita gente instruída - até “cristãos”

Apoiaram Bolsonaro e suas tropas


Deste 8 de Janeiro a culminância 

Não se devem olvidar seus precedentes


Numerosos sinais nos foram expostos

Da barbárie infligida ao Brasil 


Dos ataques aos Índios e Quilombolas

Às mulheres e aos homossexuais


Um desmonte completo contra o povo 

No Trabalho, também da Previdência 


Sobretudo o Trabalho ”intermitente”

Denuncia o caráter das “reformas”


O descaso com o SUS, na pandemia

Implicou vasto números de óbitos 


O orçamento secreto é um ultraje

Contra o nosso tesouro nacional


Os ataques em série de Bolsonaro

Têm apoio de altos generais


O direito à História prevalece:

Golpe é golpe, não é democracia 


Petrobras é riqueza da nação

É urgente combater privataria

https://www.youtube.com/watch?v=WwFIdYzBpbw


Caldeirão e Canudos nos ensinam 

A jamais desistir de nossas lutas

https://www.youtube.com/watch?v=k1FGhelqkjI


Formação popular continuada

Nos ajuda a manter a militância 


Infeliz quem confia em banqueiros

Pelos frutos se conhece seu trabalho…

https://jornalggn.com.br/coluna-economica/as-licoes-do-golpe-da-americanas-por-luis-nassif/


Capital se diz técnico, e apolítico 

Vira e mexe, os seus feitos vêm à tona

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-01/banco-central-corrige-dados-cambiais-e-pais-fecha-2022-no-negativo


Israel volta à cena do terror

Palestinos seguem sendo as grandes vítimas 

https://www.brasil247.com/mundo/acao-genocida-representacao-da-diaspora-palestina-no-brasil-repudia-ataque-israelense-em-jenin


João Pessoa, 30 de janeiro de 2023


quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Discipulado e Missão na Diocese de Pesqueira: A contribuição dos Missionários e Missionárias inculturados

 Discipulado e Missão na Diocese de Pesqueira: A contribuição dos Missionários e Missionárias inculturados


Não foram vocês que Me escolheram, mas fui Eu quem os escolheu e os enviei, para que vocês vão e dêem fruto e este fruto permaneça (Jo 15, 16) 


Alder Júlio Ferreira Calado 


Ao longo desses mais de cem anos - e mesmo bem antes deste período -, nossas gentes têm contado com o anúncio do Evangelho, no chão da diocese de Pesqueira, graças a dedicação, de ontem e de hoje, de muitos missionários e missionárias. Dentre os anunciadores da Boa Nova - homens e mulheres -, na experiência missionária vivenciada em nossa região, incluem-se  discípulos e missionários não nascidos no Brasil, vindos de diferentes países, que se inculturaram na  realidade do nosso povo, em especial os mais pobres.

Cada qual à sua maneira, esses missionários e missionárias, tendo deixado sua terra, sua família e seu povo, responderam generosamente à vocação de anunciar testemunhar a Boa Nova, doando-se à causa do Reino de Deus, enfrentando sucessivos desafios econômicos, políticos, culturais, psicológicos, inclusive ao interno da própria Igreja. Rendendo  um tributo a esses missionários e missionárias inculturados na vida eclesial de nossa Diocese e em outras comunidades vizinhas, rememoramos figuras de missionários e missionárias de várias Congregações Religiosas (masculinas e femininas): Oratorianos, Franciscanos, Doroteias, Redentoristas, Padres ’’fidei donum’’, sem esquecermos também a contribuição oferecida por irmãos e irmãs de outras confissões,como os Menonitas, só para citar alguns  exemplos, a título de ilustração.

Justamente neste ano,estamos a comemorar também os 50 anos do profético Documento’’ Eu ouvi os clamores do meu Povo’’, assinado por 11 Bispos nordestinos e 8 Superiores Religiosos do Nordeste. Dentre os signatários do mesmo texto, figuravam Dom Hélder Câmara, Dom José Lamartine Soares (respectivamente Arcebispo e  Bispo Auxiliar de Olinda e Recife), Dom Antônio Batista Fragoso (Bispo de Crateús -CE), Dom José Maria Pires (Arcebispo da Paraíba), Dom Francisco Austregésilo de Mesquita (Bispo de Afogados de ingazeira), Dom Severino Mariano de Aguiar (Bispo de Pesqueira), além de outros signatário Bispos e Superiores religiosos do nordeste. Acerca deste Documento, já tivemos a oportunidade de escrever algumas linhas (cf. https://textosdealdercalado.blogspot.com/2016/07/eu-ouvi-os-clamores-do-meu-povo-um.html) . Dadas as circunstância Históricas da época-em plena Ditadura Civil Militar, em seu período mais tenebroso, sob o General Médici-, este texto de 24 páginas comporta uma corajosa denúncia  profética,por meio de uma análise percuciente das condições de  emprobremesimento da maioria da população nordestina, agravadas pela sistemática perseguição, numerosas prisões e torturas de parcela de significativa de nordestino e brasileiros. Rememorar este Documento constitui também um dos objetivos  de nossa proposta.    

 Retornando ao foco de nossa Proposta-celebrar a memória de Missionários e missionárias inculturados à nossa realidade-,e não podendo, nestas breves linhas, rememorar detalhadamente cada um - cada uma - desses discípulos missionários, tratamos pelo menos de destacar aspectos  dos que nos impactam pela sua notória contribuição e testemunho da causa libertadora do povo dos pobres, em nossa região. 

Em meados dos anos 60, por exemplo, contamos com a presença profética de Pe. Joseph Servat (o querido Pe. José Servat), dedicado missionário que cumpriu um denso serviço profético junto aos trabalhadores e trabalhadoras do campo em todo o Nordeste, inclusive da Diocese de Pesqueira. Francês de nascimento, ele chega ao Brasil, dirigindo-se ao Nordeste a convite de Dom Helder Câmara, em nome da Arquidiocese de Olinda e Recife. Notamos que nesta época, o Brasil estava impactado pela desventura do golpe de Estado perpetrado por forças empresarial-militares, inaugurando a tenebrosa Ditadura empresarial-militar que infelicita o Brasil durante longos 21 anos. Justamente em 1975, quando a ditadura militar recém-instalada havia desmontado, pelas perseguições e prisões, diversos membros da Ação Católica Especializada (JAC, JEC, JIC, JOC, JUC), é que Pe. Servat recebe a incubencia que, junto com alguns Padres, a exemplo do Pe. José Maria da Silva, da Diocese de Pesqueira, que estava respondendo a um IPM (Inquérito Policial Militar) perseguido que estava sendo pelo seu trabalho de Assistente da Jac (Juventude Agrária Católica), de prosseguir aquele trabalho de resistência, por outra via. É assim que, com o trabalho perseverante e conjunto com trabalhadores e trabalhadoras do campo, em várias Diocese do Nordeste, o Pe. Servat se empenha, com persistência, em semear novas sementes de resistência à Ditadura Militar, por meio de um plano de atividades organizativas, formativas e de mobilização dos camponeses e camponesas, especialmente na zona canavieira, mas também em várias microrregiões do Nordeste.

A respeito de Padre José Servat vale a pena conferir uma longa entrevista que ele concedeu ao Professor Antônio Montenegro que,reunindo mais outras quatro entrevista sobre missionários ”Fidei Donum” que atuaram no Nordeste,fez publicar no livro intitulado “ Travessia" (pela Companhia Editora de Pernambuco).


Outra figura veneranda de Missionário atuante na Diocese de Pesqueira  foi o Padre Armando Biehl. Ele atuou em nossa Diocese, na Paróquia de Jataúba, desde 1973, durante vários anos. Ele veio da França, onde havia acumulado longa experiência de  Missionário e de peregrino,tendo feito peregrinação (a pé), da França a Palestina. Vindo para o Brasil, trabalhou inicialmente na zona canavieira de Sergipe, onde travou conhecimento com um jovem casal de agricultores da região: Paulo Carlos de Sousa e Nadja de Sousa - a quem adotou como filho. Nos inícios dos anos 70, a convite de Dom Severino Mariano de  Aguiar, então Bispo Diocesano de Pesqueira, chegaram a Jataúba Padre Armando, Paulo (primeiro Diácono Permanente de nossa Diocese,ordenado em 1973), Nadja e seus primeiros filhos.

A principal marca da ação Missionária de  Padre Armando como também de Paulo e Nadja - foi sua profunda inserção na organização e formação de dezenas de Comunidades do campo, na área rural de Jataúba, bem como de sua integração nas ações pastorais conjuntas das Comunidades das Dioceses de Pesqueira, Caruaru e Garanhuns.  Com efeito, desde meados dos anos 70/inícios dos anos 80, graças ao trabalho conjunto de coordenação das comunidades de Caruaru, Garanhuns e Pesqueira, por meio de distintas atividades organizativas e formativas, em especial por meio dos encontros anuais mais conhecidos como “o Natal das Comunidades” dos quais entre as figuras de referência destacamos o Pe. Pedro Aguiar (Caruaru), Frei Juvenal (Garanhuns) e Pe. Reginaldo Mazzon (Pesqueira).

As comunidades rurais de Jataúba, além da sede da Paróquia, ainda hoje dão testemunho do denso legado do Pe. Armando Biehl, que em conjunto o Diácono Paulo e sua esposa Nadja, percorriam frequentemente todas essas comunidades, seja em função dos trabalhos litúrgicos, seja em função do acompanhamento de suas organizações populares e sindicais. Não surpreende, a este propósito, o depoimento prestado pelo Prof. Francisco de Assis Batista, da UEPB/Campina Grande, ao revelar que, em suas andanças pelo Cariri paraibano, em especial por São João do Tigre, teve acesso a um livro de Atas do Sindicato Rural de São João do Tigre, na qual consta Assinatura como visitante do Pe. Armando Biel. Vários outros testemunhos foram igualmente prestados pela gente pobre daqueles sítios, a exemplo do depoimento prestado pelo missionário leigo Zé Duda, que destacava a capacidade de serviço e de humildade do Pe. Armando, contando até que o Pe. Armando, ao visitar o seu sítio, se dispunha a fazer a limpeza dos ambientes da casa,inclusive recolhendo os penicos e jogando fora o conteúdo.

Dentre tantos Religiosos e Religiosas e Missionários que atuaram em nossa Diocese - Franciscanos, Doroteias, Redentoristas e de outras Congregações-, os redentoristas, Congregação à qual também pertence Dom José Luiz Salles, atual Bispo Diocesano de Pesqueira, tiveram um papel relevante, valendo lembrar a atuação de vários deles: Os holandeses Pe. Jaime, Pe. Estevão, Pe. Antonino, Pe. Gabriel, Pe. Frederico, os últimos dos quais com atuação em Garanhuns e nos vizinhos municípios paraibanos São Sebastião do Umbuzeiro, Camalaú, São João do Tigre, sempre com notável dedicação profética à causa libertadora dos empobrecidos. Ainda dentre estes, cumpre ressaltar a atuação missionária específica de Pe. Estevão, que se ocupava do trabalho missionário, de formação e de promoção dos Direitos Humanos, tanto nas comunidades rurais, quanto nas comunidades da periferia urbana da Paróquia de São Cristóvão em Arcoverde.

Acerca da atuação Missionária de Pe. Estevão, em conjunto com Pe .Jaime, vale destacar pelo menos duas de tantas iniciativas por eles protagonizadas:

- O bom uso das instalações paroquiais especialmente do Salão dedicado, inclusive a formação e à oferta de cursos e análises da conjuntura socio-eglesial;

- O funcionamento regular, por anos a fio, do Boletim "O'Redentor Informa’’, utilizado não apenas para a circulação de notícias das comunidades Paroquiais, mas também como espaço de análise e reflexão crítica sobre a realidade socio-eglesial;

- A animação permanente das comunidades rurais da Paróquia;

- A colaboração e a solidariedade prestadas ao Centro de Defesa dos Direitos Humanos - CDDH -, inclusive em defesa do povo Indígena Kapinawá, no Município de Buíque - PE, bem como em apoio aos trabalhadores e trabalhadoras rurais ocupantes da fazenda caldeirão, no Município de Pedra - PE. 

Diversos Padres “Fidei Donum” que atuaram em nossa Diocese, desde meados dos anos 60. Dentre eles: Padre Giovanni Toniutti, Pe. Bruno D’Andrea, aqui chegados em 1965, seguidos por outros, inclusive pelo Pe. Mario Marangon. Mas, pelas razões acima apresentadas queremos destacar a figura do Pe. Reginaldo Mazzon, que continua até o presente, já contando com 59 anos de trabalhos missionários no Brasil, entre a Bahia (Diocese de Feira de Santana - BA, por exemplo), e em nossa Diocese desde inícios dos anos 70, sempre acompanhando as Comunidades Eclesiais de Base.

Pe. Reginaldo, hoje com seus bem vividos 87 anos, estará completando, no próximo dia 30 de junho, 60 anos de ordenação presbiteral, dos quais 59 anos a serviço do povo nordestino, especialmente na Diocese de Pesqueira, onde atuou como Pároco-Vigário em várias Paróquias: Paróquia de São Pedro (Belo Jardim), Paróquia de Nossa Senhora da Conceição (Sertânia), Paróquia de (Poção), Paróquia de Mimoso, e atualmente a serviço das CEBs diocesanas sempre em trabalho conjunto com as CEBs da Diocese de Caruaru e a Diocese de Garanhuns. Ele também segue atendendo a múltiplos convites de serviço sacramental, em especial para o Sacramento da Penitência, convite feito por diversos colegas Padres, inclusive junto ao Santuário da Divina Misericórdia, em Serra das Varas (Arcoverde -PE), pelos Franciscanos, na Paróquia da Imaculada Conceição, em Pesqueira, e pelo Pároco da Catedral. A seguir, cuidamos de destacar seu trabalho específico junto às CEBs. Desde o início de sua atuação missionária, empenhou-se em participar ativamente dos trabalhos de organização das CEBs. Ainda nos anos 70, juntou-se ao esforço interdiocesano (Caruaru, Garanhuns e Pesqueira) de caminhada das CEBs, por meio da realização de diversas atividades, das quais vale ressaltar.

  • Em tempos de grande estiagem como durante o período de 1969-1983, já a serviço das CEBs compôs a equipe que foi participar, em Caucaia - CE, de um relevante Seminário organizado pelo Regional Nordeste da CNBB, em busca de pistas de enfrentamento da grande estiagem. Da caravana participante deste Seminário fizeram parte,além do Pe. Reginaldo,também Pe.Pedro Aguiar, Irmã Maria Emelia Ferreira, entre outros;

  • A Participação e a animação do Natal das Comunidades,celebrado há mais de 40 anos pelas comunidades pertencentes às Dioceses de Caruaru, Pesqueira, Garanhuns, iniciativa que consta de um programa realizado,ao longo do ano,por essas comunidades,do qual a Novena do Natal constitui uma das atividades centrais. Novena elaborada em mutirão pelas equipes das três Dioceses;

  • Pe.Reginaldo acompanhado de nossa Coordenação diocesana de CEBs,têm comparecido, com frequência, aos encontros interdiocesanos,geralmente realizados no Santuário das Comunidades,no Sítio Juriti,a 5 km de Caruaru;

  • Juntamente com os demais membros da Coordenação  Diocesana das CEBs, Pe.Reginaldo anima presencialmente as reuniões e os encontros,desde sua preparação, seja em Pesqueira,seja em Belo Jardim, seja em Jataúba,seja em Sertânia, etc;

  • Também constam da agenda de nossas CEBs os preparativos e a participação nos Encontros Intereclesiais das CEBs, inclusive para o próximo:XV Intereclesial, a acontecer, em julho próximo, em Rondonópolis - MT.

  • Nunca é demais lembrar nosso reconhecimento e gratidão,não apenas a estas figuras aqui destacadas,como também a tantas pessoas anônimas que têm dedicado sua vida ao Reino de Deus e sua justiça, em nossa Diocese e em nossa Região.Por meio desses Missionários e Missionárias inculturados no meio do nosso Povo,nosso objetivo é o de fazer memória do Discipulado e da Missão, em meio aos pobres de nossa Região.


João Pessoa, 25 de Janeiro de 2023


Festa litúrgica da conversão de São Paulo. 


segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

ROTEIRO DE ANÁLISES DE CONJUNTURA

 ROTEIRO DE ANÁLISES DE CONJUNTURA

(Elaborado para o Encontro de Militantes sociais e pastorais, a ter lugar em bayeux, no Centro De formação do Movimento popular, em 21/01/2023)


Alder Júlio Ferreira Calado


Não é segredo que estamos mergulhados em desafios múltiplos e complexos, aos quais somos chamados a responder, a altura de nossas capacidades e compromissos. Os movimentos sociais - sindicais, populares, pastorais, e da própria esquerda partidária - constituem relevantes molas propulsoras da organização da sociedade civil, razão por que, diante de tais e tamanhos desafios, não basta esperar apenas pela ação institucional, por certo necessária, mas não suficiente.


Eis por que, dando sequência a múltiplos compromissos organizativos, formativos e de mobilização, iniciamos 2023 com uma agenda de atividades com alguns grupos e movimentos sociais, dentre os quais o movimento Raiz Cidadanista (que se reuniu, recentemente, em Arcoverde - PE, para uma “Teia” regional), o Grupo de Formação do Mutirão, para mencionar apenas dois exemplos. Neste último, o dia 21.01.2023 foi dedicado a um exercício coletivo de análise de conjuntura, a partir do roteiro abaixo proposto. Tal roteiro foi elaborado com o propósito de desenvolvê-lo, por escrito, em um texto mais longo, a ser compartilhado, em breve. Por enquanto, julgamos conveniente mencionar apenas o seguinte roteiro. 


  1. Análise de conjuntura como o exercício de leitura crítica  da realidade social (ou da realidade eclesial), em escala internacional, latino-americana, brasileira, nordestina, estadual, municipal, em um período de aproximadamente trinta anos.


  1. Pressupostos teórico-práticos


1. Pressuposto Teórico-metodológico: exercitar os princípios da Dialética (a interação universal das coisas e dos acontecimentos; o princípio do movimento;o princípio da totalidade; o princípio da unidade dos contrários; o princípio da transformação da quantidade em qualidade).

2. Assegurar criticamente  a diversidade de fontes de dados e agências noticiosas.

3. A conjuntura comporta relevantes elementos da estrutura.  

4. Procedimento pedagógico-popular: fazer análises de conjuntura em mutirão.


  1. Passos fundamentais de Análise de Conjuntura 


1. Explicitar os projetos de sociedade, em disputa 

2. Situar os representantes de cada força social em disputa

3. Identificar as estratégias básicas utilizadas pelos representantes de cada Força social, em luta

4. A partir dos passos acima trabalhados, extrair lições para a elaboração de um Plano de Atividades, de modo a enfrentar os desafios da conjuntura, conforme o plano de ação de cada Movimento Popular 


  1. Com base nos passos acima-indicados, exercitar uma análise da atual conjuntura social e eclesial.


Bayeux, 21 de janeiro de 2023


segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A intentona golpista, no Brasil Tem raízes mais fundas, em nosso mundo



Alder Júlio Ferreira Calado



Neofacismo é parte da raiz 

Com o ‘’ partido Militar’’ se complementa


Desafio é punir os Militares 

Que atentem contra a ordem democrática


A gestão do País convém lembrar

É função exclusiva dos civis


Reformar formação dos militares

No currículo, na cabeça e na função


A primeira das normas a assumir:

Servidores do Povo, não seus donos


Sete dias de contrastes extremados 

Entre a posse de LuLa e a barbárie


São, contudo, duas faces do Brasil

Que se expressão na vida, dia a dia


O País da vital diversidade 

Contra a bruta visão senhorial


Bem piores que a horda deletéria

São os vis arquitetos deste caos 


Garantir o recuo do Fascismo

É tarefa maior dos movimentos    

 

João Pessoa, 16 de janeiro de 2023


domingo, 8 de janeiro de 2023

PT, CONJUNTURA E ELEIÇÕES 2000: POR UMA INTERVENÇÃO INSTITUINTE

 


 

PT, CONJUNTURA E ELEIÇÕES 2000:

POR UMA INTERVENÇÃO INSTITUINTE


Alder Júlio Ferreira Calado


Na oportunidade em que o PT na Paraíba vem desencadeando, junto aos seus militantes, filiados, simpatizantes e outros segmentos da sociedade civil, um processo de discussão em torno dos desafios apresentados pela conjuntura, tendo em vista inclusive as eleições do ano 2000, mais uma vez somos chamados a nos posicionar, no interior dos fóruns que se abrem, acerca do que entendemos deva ser o papel do PT e das/dos que o formam. No presente texto, limitamo-nos a expor, em grandes linhas, qual é a nossa leitura do atual contexto sócio-histórico, bem como as implicações e perspectivas mais tocantes, na ótica das classes subalternizadas, especialmente no terreno dos valores, enfatizando a necessidade e urgência de cerrarmos fileiras em busca da construção, na malha das relações do Cotidiano, de uma nova cultura política,com incidência também no plano eleitoral.


1-DO CAPITALISMO SÓ PODEMOS ESPERAR A BARBÁRIE...


Não bastasse a evidência da vida severina, a infelicitar um crescente número de vítimas do Capitalismo, que se manifesta sob a a estratégia dita neoliberal, os próprios dados oficiais acerca de vários índices sócio-econômicos (relativos ao desemprego, à crescente precarização das relações de trabalho, à concentração de terra e de renda, ao déficit de moradias, às doenças da pobreza, à situação das crianças de rua, ao trabalho e à prostituição infantis, à expansão da violência social, ao perfil dos encarcerados no inferno das prisões superlotadas, etc.) atestam, “ad nauseam”, o indisfarçável caráter de barbárie resultante da estratégia imposta pelos dirigentes das grandes potências imperialistas - a dos Estados Unidos à frente - que atuam por intermédio de organismos internacionais tais como FMI, Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio, a serviço dos grandes monopólios transnacionais, não sem a cumplicidade e o cinismo dos diversos setores da burguesia nacional e de seus prepostos atuantes nos aparelhos de Estado, em suas diversas instâncias, esferas e níveis.

Uma compreensão adequada dessa atual fase/face do Capitalismo implica uma clara rejeição da pretensa cisão que se tenta estabelecer entre a conjuntural hegemonia do setor financeiro e seus demais setores, até porque se mostra bastante orgânica e funcional a colaboração existente entre todos eles, que são - isto sim, e não de hoje - faces da mesma moeda, a despeito de diferenças superficiais ou não em sua manifestação. Um eventual descuido de leitura desta realidade articulada resultaria, do ponto de vista dos interesses das classes populares, uma equivocada interpretação, tendendo a desaguar numa perigosa atenuação da responsabilidade dos setores não-financistas na configuração do atual espectro do Capitalismo.

A despeito, por conseguinte, de distintas feições que o Capitalismo assume nesse ou naquele país, nessa ou naquela região, não há como negar uma considerável gama de aspectos comuns que terminam por prevalecer, notadamente nas áreas periféricas, nas diferentes esferas da realidade organicamente articuladas -econômica: desemprego estrutural, estratégia de privatização indiscriminada do patrimônio público, crescente agravamento da concentração de riquezas;política: desregulação dos direitos sociais, desobrigação por parte do Estado de suas funções sociais habitualmente tidas como suas, ao longo de décadas, estratégia de desmonte das forças de esquerda conseqüentes; cultural: controle ditatorial da midia, exercido com toda a cumplicidade pela quase totalidade dos meios de comunicação de massa; exploração da religião de mercado, só para mencionar alguns exemplos. 


2-RECUPERAR E REELABORAR A CONSCIÊNCIA E O COMPROMISSO DE CLASSE NAS DIFERENTES TRINCHEIRAS DE LUTAS DA CLASSE TRABALHADORA


Uma leitura panorâmica do quadro macrossocial acima enunciado revela, sem maior esforço de intelecção, que um enfrentamento eficaz ou se dá também de forma globalizada, ou resultará inócua. Para se fazer face, do ponto de vista das classes populares,aos desafios do quadro presente colocados pelo Capitalismo, em sua atual fase/fase,impõe-se como um pressuposto a formulação de uma estratégia que compreenda,entre outros elementos:

- a reabilitacāo da dimensão classista, ajustada, com a indispensável ajuda do legado marxiano e de seus seguidores mais conseqüentes, à complexidade e ao alcance da luta de classe nos dias presentes;

- Rejeição a uma suposta terceira via entre Capitalismo e Socialismo;

-o exercicio cotidiano da condição de militante (adequadamente articulada a outras dimensões do ser humano): dosar, de maneira satisfatória, a distribuição do tempo de militância para além da época eleitoral;

-tendo em vista que forças de esquerda se encontram numa considerável diversidade de espaços sociais, importa enxergar a realidade com lentes que permitam a(o) militante alcançar e articular numa rede, para além de sua tendência ou de seu partido, todo um conjunto de forças politicamente afinadas,atuantes nos movimentos sociais populares, no mundo sindical, em setores de igrejas, em segmentos organizados da sociedade civil;

- a recuperação e consolidação da prática internacionalista, de modo articulado às caracteristicas das lutas nacionais, regionais e locais: perceber e lidar adequadamente com a repercussão local de fatos e acontecimentos internacionais, e, ao mesmo tempo, enxergar e lidar adequadamente com a dimensão internacional ou mundial de fatos e situações locais;

-a efetiva ruptura com práticas e concepções corporativistas, distorções amplamente indutoras do processo de burocratização das organizações sindicais, partidárias e mesmo populares (“Primeiro a 'minha' categoria/ partido/tendência/igreja, depois...”). Resultado: chega-se ao cúmulo de não se tratar mais os companheiros e companheiras desempregados como trabalhadores...

-reavaliação crítica de posturas ditas “propositivas” por parte de certas forças, quando, na prática, não passam,não raro, de colaboracionismo com as forcas governamentais, de repente transformadas em “parceiras”... “Propositivas” em relação a quê(m)? À ordem imperante?

3.DESAFIOS COLOCADOS AO PT PELO PROCESSO DAS ELEIÇÕES DO ANO 2000

À medida que se aproxima o período eleitoral - mais um!-,intensifica-se,em parcela considerável de militantes petistas, o sentimento de que o PT,para ser fiel aos seus valores fundantes,deve conter sua gana de ir “com muita sede ao pote" do processo eleitoral, nele investindo e apostando o melhor do seu potencial, não raro em detrimento de outras trincheiras igualmente ou até mais urgentes e prioritárias. Se o PT deseja responder coerentemente ao seu propósito instituinte, em vão se entregará, de peito aberto. a uma aventura tão pontilhada de armadilhas pelos seculares vicios do carreirismo politico-partidario, de que as impropriamente chamadas elites brasileiras são mestras exemplares.

Nesse sentido,buscando ser coerentes com os tópicos acima trabalhados, entre os riscos mais expressivos colocados ao PT pelo processo eleitoral, no quadro de uma sociedade como a nossa, podemos destacar os seguintes:

-controle do partido pelos eleitos e seus gabinetes (seja no plano legislativo, seja no plano executivo),

- sucumbir à rotina institucional ou mesmo privilegiar a ação executivo-parlamentar, em detrimento de seu papel instituinte, com ou junto aos movimentos sociais e outros protagonistas, parceiros e aliados,  

CADERNO DE TEXTOS

 

-romper a tendência do culto a personalidades, que inibe a participação mais livre e consciente das bases, nas decisões;

-assegurar o rodízio de cargos, em todos os níveis e instâncias;

- interação orgânica estratégica com outros protagonistas da ação transformadora;

-manter-se sempre vigilante quanto ao exercicio, no cotidiano, da coerência ético-politica entre os fins almejados e os meios empregados;

- formulação de um plano de educação permanente para militantes, orientada para uma FORMAÇÃO OMNILATERAL, de modo a permitir o desenvolvimento de todas as potencialidades do ser humano, em suas diferentes dimensões (gênero, idade, etnia, espacialidade,ecologia,subjetividade,relação como Sagrado...)

-manutenção regular de uma imprensa também formativa, capaz de trabalhar a memória histórica das lutas e dos movimentos sociais populares;

- redefinir o tratamento da questão financeira, de modo a superar urgentemente a atual sistemática de contribuicão,que favorece o controle do partido pelo segmento parlamentar ou em exercicio de cargos executivos. 


Texto extraído do Caderno de Textos da “I Conferência Municipal Eleitoral - O PT construindo a alternativa em 2000”; João Pessoa, 10 a 12 de dezembro de 1999,


terça-feira, 3 de janeiro de 2023

O Desenho da nova Governança: Brasileiros tomam posse do Brasil

 O Desenho da nova Governança:

Brasileiros tomam posse do Brasil 


Alder Júlio Ferreira Calado



Transformar o Desenho em real 

É tarefa hercúlea dos ‘’ de baixo''


Refreada a barbárie, no Brasil

Resta viva, porém, sua raiz  


O Fascismo rebrota, em todo o mundo

Pois fecunda é a besta que o produz


Esta besta tem nome: é Capital 

Em seu livro, Mascaro o analisa

( https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/critica-do-fascismo-1274 )


Pelo voto, vencemos Bolsonaro

Segue vivo, contudo, o Bolsonarismo


Vigorosa porção da burguesia 

Derramou seu tesouro em Bolsonaro


Quando finge dar bronca no Capitão

Do seu plano econômico não se afasta 


Pra vencer Bolsonaro pelo voto

Costurou-se ampla frente eleitoral


Aliados estranhos cobram a conta

Paradoxo se monta: tem solução?


Triste herança, e maldita, a que se tem

Um cavalo de Tróia dos generais 


Entrevista de Lula é bem certeira 

Empresários só pensam em seus lucros

(https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/07/27/entrevista-lula-uol-integra.htm)


Não se importam com a fome e o desemprego 

Muito menos com os Sem-terra e os Sem-teto


Os discursos de Lula são bem claros:

O Brasil para o Povo, não pra poucos


Seletiva é a Bolsa, quando oscila:

Se é Direita, ela sobe; se não, baixa…


No primeiro dia útil do Governo

O “Mercado”, “nervoso”, já reage


São os novos senhores da Casa Grande:

Nem migalhas mais cedem aos “de baixo”...


Assustado com o povo subindo a rampa

O “Mercado” responde, em seguida…


Ilusão não se tenha com a burguesia

Não se importa se o povo come osso…


Eis dois motes, na fala do Empossado:

Acabar com a fome; desigualdade


Cinco em cem dos que vivem no Brasil

São mais ricos que a metade do País


A chantagem da Bolsa é criminosa:

Extrai lucro da vil especulação


De trezentos bilhões, foi o derrame

Para eleger Bolsonaro… Mas, foi em vão


A fortuna torrada, um desperdício

Que o rentismo ajudou, sem reclamar


Seus agentes, porém, levantam a voz

Quando Lula decide pôr fim à fome


O Fascismo viceja pela ausência 

Da ação popular interrompida


Nunca foi tão urgente a retomada

Do Trabalho de Base, em novo estilo


Raramente a Direita vai às ruas

A não ser que a Esquerda se acomode


Ilusão esperar só no Governo

Sem ação popular também nas ruas


Por robustas que sejam, Instituições

Não garantem as mudanças necessárias


Ditadura burguesa age assim:

Sem ter voto, o rentismo quer mandar



João Pessoa 03 de Janeiro de 2023