quinta-feira, 23 de junho de 2022

NO BRASIL, A BARBÁRIE AVANÇA MAIS DESGOVERNO DELINQUE, DIA A DIA

 NO BRASIL, A BARBÁRIE AVANÇA MAIS

DESGOVERNO DELINQUE, DIA A DIA


Alder Júlio Ferreira Calado


Amazônia, em luto, chora vítimas

Povo em luta ressurge Bruno e Dom


Bruno e Dom já se somam a tantas vítimas

A Maria, Maxciel e outro tantos


Que o Povo em massa ganhe as ruas

Pois remédio não traz, quem dá veneno


Índios foram os primeiros a encontrar

Os primeiros vestígios de Bruno e Dom


Muitas furos melaram a coletiva:

Inclusive, ausentaram a UNIVAJA


Amarildo e Dos Santos, seu irmão

Formam parte menor da trama atroz


Os autores do crime, conhecidos

Os mandantes, porém, cumpre indicar!


Ocidente repercute o crime horrendo:

Dando a Bruno um lugar bem secundário


Seu olhar faz de Dom o único ator

Desprezando o papel que Bruno tem


A Assange e Delgatti seja o louvor:

Expuseram as vísceras do sistema


Cabe às Forças Armadas defender 

O País de invasões dos inimigos


Militares, ausentes nas fronteiras

Se imiscuem no trato eleitoral


Desgoverno é um peixe de mentiras

Deixa atrás, truculência, devastação


A barbárie não é a última palavra:

A Esperança refuge na escuridão 


Transformar massa em povo, povo em classe:

Condição pra fazer um mundo novo


Povo pobre, em Colômbia, vence Pleito

Vez primeira, eleição a Esquerda ganha


Tanto Petro quanto Márquez têm perfil

De pelejas ao lado dos oprimidos 


Jornalista qual pena de aluguel

É o que a mídia burguesa mais contrata


Que as Forças Armadas não se metam

A turvar o Processo eleitoral


Que assumam as funções que lhes são próprias

As fronteiras reclamam sua presença


Que respeitem o Congresso e a Justiça

Para isto são pagas pelo Povo


General Figueiredo era franco:

Só com armas, Ditadura não resiste


Como pode a PF declarar 

Que as mortes (Bruno e Dom) não têm mandante?


Traço forte da vitória, na Colômbia

É o perfil exemplar de Francia Márquez


A assédio indecente dos patrões

Jornalistas se vendem sem pudor


CNN, Record, SBT

Só expressam a visão de quem lhes paga


Asquerosa, a conduta usual

De quem vive refém de seus patrões


A imprensa burguesa reverbera

Interesses restritos do Capital


Compromisso não tem com a verdade

Para tanto, ela, é paga regiamente


Mas, se a gente se entrega à Formação

Consciência de classe brotará


E tal como em "Operário em Construção”

Fake-news não terá qualquer efeito


Contumaz mentiroso, o Desgoverno

De qualquer estratégia ele se vale


Eis por que nos incumbe acompanhar

Os canais de análise alternativa


WikiLeaks escancara a hipocrisia

Do Império a fingir “pai” dos direitos


Documentos vazados sobre o Império

Vão a fundo na lista de seus crimes


Ex Ministro Ribeiro, da Educação

Corrompido, é preso, com Pastores


Incessante é a lista de delitos

Desgoverno fingindo o inocente


A dois meses do assassínio de Bruno e Dom

UNIJAVA à FUNAI pede socorro


Maioria elegeu quem não devia

Hoje, todos pagam caro pela asneira


Aprendamos, porém, com nossos erros

Mediante informes fidedignos


Os estragos profundos cometidos

Tomam tempo para serem superados


Gabinetes ocultos do Desgoverno

Têm presença em dois dos Ministérios


Na saúde, também Educação

É o mesmo seu “modus operandi”...


Orçamento secreto é ultrajante

Ante a fome de trinta e três milhões


Poucos dias trabalha o Legislativo

Na União, nos Estados e Municípios


São milhões - 33! - nossos famintos

Orçamento secreto é um assalto


João Pessoa, 23 de junho de 2022.


segunda-feira, 20 de junho de 2022

THOMAS MÜNTZER: EVANGELHO E REVOLUÇÃO

 THOMAS MÜNTZER: EVANGELHO E REVOLUÇÃO


Alder Júlio Ferreira Calado


A barbárie na qual o necrófilo Desgoverno tem mergulhado o Brasil e sua gente, nos impõe redobrar os esforços de resistência e de busca incessante de superação deste quadro sombrio. Para tanto, somos historicamente convocados a recorrer a vários meios, inclusive, o exercício contínuo da memória histórica dos oprimidos, no Brasil e no mundo. 


Há 60 anos, em uma conjuntura de grande efervescência, no Brasil e alhures, e em que a Igreja Católica iniciava seus passos numa perspectiva libertadora, importa lembrar, entre outros feitos, a publicação do livro “Evangelho e Revolução Social” de autoria do Dominicano Frei Carlos Josaphat (São Paulo, Ed. Loyola, 1962). Sete anos mais tarde, em 1969, já em um contexto ditatorial (além do golpe de Estado de 1964, a decretação do AI-5, em 1968), sob o mesmo título, Dom Antônio Batista Fragoso também publicava, na França, outro livro memorável. No ano seguinte, seria a vez de o Pe. José Comblin publicou o primeiro volume de sua “Théologie de la Révolution” (Puf, 1970) e poucos anos depois, “Teoria da Prática Revolucionária” (publicada em Portugal). Estes registros vêm à memória por remeterem a figura de Thomas Müntzer (Allstedt, 1489 - Frankenhausen, 1525), tendo vivido em um contexto de grande opressão sob os camponeses na Alemanha, nas primeiras décadas de 1500. É precisamente sua saga que tomamos, nas linhas que seguem, como alvo de reflexão.


Em dois mil anos de sua história o cristianismo tem sido  - e continua sendo marcado pelo contraste de duas tradições antagônicas: a da cristandade (até hoje dominante) e a protagonizada por minorias proféticas (Dom Helder chamava as minoria abraâmicas) ainda nos primeiros séculos do cristianismo, durante a partir da era constantiniana (séc IV) prosperou a ação de um segmento minoritário do Clero, que, para se impor como grupo dominante, e graças a uma crescente helenização da proposta de Jesus de Nazaré e seus discípulos e discípulas, componentes das primeiras comunidades cristãs, conforme inclusive o relato dos atos dos apóstolos, testemunhavam um especial empenho e compromisso de uma fraterna partilha de bens - “e todos repartiam o pão e não havia necessidade entre eles”.


O princípio, séculos depois formulado por Marx, segundo qual “de cada um conforme suas possibilidades, para cada um conforme suas necessidades”, se inspira direta ou indiretamente nas relações descritas nos atos dos apóstolos, todo um contexto histórico que se pode interpretar como dizendo respeito apenas ao modo de consumo e não como aos meios de produção. Ainda sim uma narrativa a ser positivamente tomada em conta.


Sucede, contudo, que nos séculos seguintes ao do relato dos atos dos apóstolos e outros registros relativos àquela época, diversos letrados, especialmente fascinados pelo platonismo pela filosofia helenista - até mais do que pelo espírito do evangélico - em busca de seu protagonismo, passaram a empenhar-se na elaboração de uma teologia da Cristandade, crescentemente afastando-se do ethos comunitário, característico do Novo Testamento, especialmente do Evangelho, com argumentos e arrazoados, da lógica helenista, que acabaria conquistando hegemonia, ao longo dos séculos seguintes. Nesse período ganharam força especial os escritos de figuras como o do teólogo Eusébio de Cesaréia em sua vasta obra Historia Ecclesiae (com 10 volumes), fazendo toda uma reinterpretação fundada em novas narrativas de inspiração helenista, com pouca base no espírito do Novo Testamento.


Narrativa que se fincou na recusa teológica e filosófica elaborada por Agostinho no século IV. Com Agostinho emerge vigorosa a ideia do dualismo platônico entre corpo e espírito entre corpo divino e humano. Divisão bem presente em seu tempo em seu famoso livro De Civitate Dei. Desta temática, ocuparam-se bem, entre outros autores, José Comblin e Eduardo Hoornaert.


A despeito de tal hegemonia teológica importa lembrar a presença de resistência profética oposta por sucessivas minorias, a exemplo dos testemunhos já no séc IV e V, de figuras como João Crisóstomo, Basílio e outros, mas é sobretudo no sec XII - e estendendo pelos séculos seguintes que ressurgem novas vozes proféticas. Com efeito, seja por meio de denúncias e contestações verbais contundentes, seja graças a atitudes radicais, figuras proféticas vão inaugurar um novo tempo, a era do espírito santo, como evocam a figura do monge Calabrês Gioacchino da Fiori cuja obra profundamente fundada nas escrituras propagava a chegada de uma nova era, a era do espírito santo que deveria suceder as duas anteriores, a do pai em que vigia a disciplina; a do filho, tempo de graça e o tempo de Jesus, vem a do espírito santo caracterizada pelo amor e pela liberdade. Logo em seguida ao novo protagonismo dos pobres trazido pela proposta de Gioacchino da Fiori que surge a figura de Francisco de Assis, cuja principal contribuição é a promoção da fraternidade no chamamento de volta às fontes de Jesus, expressa bem mais pelas suas atitudes proféticas, em relação ao que ele costumava afirmar aos seus companheiros: “vão anunciar o Evangelho, se necessário, também com palavras.”. 


Tal a força do testemunho evangelho de Francisco e seus primeiros companheiros de irmandade, que o papado e o alto clero de tudo fizeram para cooptá-lo para estrutura eclesiástica. Em vão, enquanto ele viveu.  Mesmo assim,  a instituição e seus apoiadores acabaram por obter o controle da ordem.


Ainda sim a semente evangélica disseminada por Francisco e seus poucos companheiros, além da relevante participação de Clara, cai em terra fértil, fazendo brotar mais tarde, seguidores seus, a exemplo dos Valdenses, dos Albigenses, dos Begardos, das Beguinas, entre outros. Em memória do testemunho de Francisco, sempre fiel à Dama Pobreza, também surgiram os “Apostolici”, tais como grupos liderados por figuras proféticas como de Gerardo Segarelli e Fra Dolcino. Diversos outros grupos e movimentos deram prosseguimento ao discipulado de Jesus. Dentre eles especial atenção merecem os Albigenses, os Begardos as Beguinas acerca dos quais já tivemos oportunidade de refletir. 


Também no Séc XIV, XV e XVI essas minorias proféticas voltariam a levantar sua voz e a protagonizar edificantes testemunhos. Com efeito, importa evocar o denso legado de figuras como John Wycliffe, Jan Hus e em especial ao alvo-mor deste texto a figura de Thomas Muntzer.


Cenário sócio histórico da Irrupção da Reforma:


A Europa quinhentista - especialmente a Inglaterra, Países Baixos, a França e com menor intensidade a Alemanha, viviam um tempo de glória com as grandes aventuras oceânicas e o desenvolvimento das grandes navegações, com os relevantes investimentos financeiros nos “descobrimentos” e exploração de povos americanos e outros continentes. Vivia-se, entao, se costuma chamar de acumulaçõa primitiva do Capital, ao tempo em que grandes avanços tecnologicos eram também registrados, a exemplo da invenção da Imprensa. 

No plano religioso, o papado e o alto clero protegidos pela inquisição seguiam protagonizando crescentes escândalos sobretudo quanto à abominável campanha das indulgências. Sob a promessa feita aos aderentes, de proporcionar-lhes a redução de suas penas no purgatório, conforme o valor de suas ofertas. Iniciativa que ao lado de profunda corrupção do clero, provocava a ira profética, dos que, conhecendo as Escrituras, consideravam como alta traição ao Evangelho. Entre estes, destacava-se a figura de Martinho Lutero (Eisleben, 1483 — Eisleben, 1546), de quem no início se aproximou o jovem sacerdote Thomaz Müntzer, por volta de 1519. Ambos sentiam-se profundamente indignados contra os malfeitos do papado e do alto clero, por conta da venda de indulgências e da ampla devassidão do Clero, inclusive por proibirem a divulgação, em línguas populares, da Bíblia. Neste sentido, convém sublinhar, a exemplo do que um século antes, fizera o Wycliff (traduzindo a Bíblia para o inglês), a iniciativa de Lutero, de traduzir a Bíblia para o Alemão, a partir da Vulgata. Vale sublinhar, quanto a Müntzer, que empreendeu a tradução para o alemão dos textos litúrgicos, inclusive da Missa. 

Ambos comungavam da mesma indignação e iracùndia proféticas, contra o Papado e o alto clero, que levaram Lutero, com o assentimento de Müntzer, a denunciar publicamente tais aberrações, tendo Lutero tomado a iniciativa de afixar, na porta da igreja de Wittemberg, suas famosas 95 teses protestando contra os demandos eclesiásticos. Ou seja: do ponto de vista estritamente teológico estavam de comum acordo, comungavam do mesmo sentimento. Sucede que, diferentemente de Lutero, Müntzer percebia e se indignava igualmente contra os príncipes alemães, que oprimiam brutalmente os camponeses. Daí nasce entre os dois uma profunda e crescente divergência, chegando a um inevitável antagonismo. Por um lado, Lutero e Müntzer seguiam concordes quanto às críticas contra os desmandos eclesiásticos. Mas por outro lado se afastavam diametralmente, quando se tratava de sua posição em relação aos príncipes. Da parte de Lutero, por se sentir cada vez mais ameaçado pela perseguição do papado, do Alto Clero e seus apoiadores, entendia necessário proteger-se junto aos príncipes. No que diz respeito a Müntzer, compreendia que, do mesmo modo que a sua denúncia era dirigida à estrutura eclesiástica, devia fazê-lo igualmente em relação aos opressores dos camponeses. 


Razões da oposição de Müntzer também contra os principes


Como visto, a ruptura de Müntzer contra Lutero não se deu por acaso. Há, com efeito, uma série de motivos que a explicam, dentre às quais:


- Conforme a fé cristã, o Deus da Bíblia é o Deus da vida, e vida em plenitude (“Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância”, Jo 10,10); Um Deus que escuta os clamores dos oprimidos, como se constata no caso dos camponeses (cf. Ex 3,7);

- Os camponeses viviam cada vez mais asfixiados pelos pesados impostos que lhes eram cobrados pelos príncipes; 

- Para tanto, viam-se obrigados a trabalharem como escravos;

- Os camponeses, para cozinharem e para não morrerem de frio, eram obrigados a pagar o dobro do que antes pagavam pela retirada da lenha das florestas de propriedade exclusiva dos príncipes;

- A apropriação indébita pelos príncipes das florestas impunha aos camponeses, para sobreviverem, de terem que caçar o mínimo para sua alimentação, o que se constituía num motivo de protesto e de contestação desse e de outros privilégios, condenados por Müntzer e por seus apoiadores, em especial os anabatistas;

- As próprias viúvas e órfãos de camponeses eram igualmente vítimas da ganância e da atrocidade cometida pelos príncipes, o que suscitava também a iracúndia de Thomas Müntzer e de seus companheiros.

Diante dessa situação Müntzer se punha a cultivar uma profética espiritualidade do conflito que o fez mergulhar nos textos sagrados, em especial, elaborando uma exegese sobre a profecia de Daniel(Cf: Lefebvre, Joel “ THOMAS MUNTZER (1490-1525), ECRITS THEOLOGIQUES ET POLITIQUES, LETTRES CHOISIES. Christianisme et révolution dans l'Allemagne du XVIème siècle, 1982), inspirando-se também em místicos como Mestre Eckhart, aí encontrando força para o bom desempenho da missão profética. 

Ordenado em 1513, antes de tornar-se um pregador itinerante, ordenado em 1513, desempenhara diversas funções como presbítero, pelo menos uma delas por recomendação do próprio Lutero. Por um período exerceu a função de confessor, em uma congregação feminina. Oportunidade em que se sentiu amplamente favorecido pelo tempo, podendo se dedicar profundamente aos estudos das escrituras beneficiado inclusive pelos seus conhecimentos de hebraico, do grego e do latim. Exerceu em outras regiões diferentes atividades, em especial a de prestigiado pregador. Era amplamente apreciado pelas pessoas inclusive por setores privilegiados pela força e inspiração de suas homilias. Como parte componente de sua espiritualidade - uma espiritualidade exercitada no contexto de conflitos intensos -, e como fruto de seus estudos escriturísticos e da partilha com interlocutores e parceiros de suas convicções políticas, Müntzer prosperava, a olhos vistos em seus achados e descobertas, que fazia questão de expressar em suas homilias. 

Sua fidelidade ao Espírito do Evangelho, fortalecida pela sua inspiração em místicos como Mestre Eckhart, à medida que fortalecia o seu ânimo profético pastoral, o movia a uma solidariedade, e a um testemunho de compaixão para com os camponeses.

 Seus estudos escriturísticos de referência na história da cristandade o convenciam, cada vez mais, da traição ao evangelho ao seguimento de Jesus, cometidos pelo papado e pela alta hierarquia eclesiástica cúmplice dos desmandos e dos escândalos dos imperadores e príncipes. Quando mergulhava na leitura orante da Bíblia, especial dos profetas da prática de Jesus e das primeiras comunidades cristãs nos Atos dos Apóstolos e no Novo Testamento, cada vez mais se sentia instado a denunciar as profundas desigualdades que separavam de um lado, a vida nababesca dos papas e alto clero, dos príncipes, imperadores e da nobreza, de um lado e do outro a vida miserável dos camponeses, algo que possivelmente o remetia ao episódio evangélico de Lázaro, do rico epulão a banquetear-se e o pobre Lázaro a recolher as migalhas do banquete. Impasse que no entendimento de Müntzer, só se poderia resolver revolucionariamente a base do "omnia sunt communia" (todas as coisas devem ser comuns). Ao lermos seus escritos - coletânea de sermões, cartas e panfletos - entendemos melhor as razões do enorme interesse que a liderança de Müntzer, à frente da resistência camponesa e sua insurreição contra a ordem social desumana imposta pelos príncipes, pela nobreza, pelo papado e pela alta hierarquia eclesiástica - tanto católica quanto luterana - e falando de tal modo que Engels, entre outros, dedicou um relevante estudo seu a irrupção da Guerra Camponesa, na Alemanha, no qual atribui uma importância capital ao papel revolucionário exercido por Thomas Müntzer. Estudo que inspiraria investigações ulteriores por outras figuras como no caso de Ernst Bloch "Thomas Müntzer o teólogo da revolução". 

Traz a relevância e o impacto do trabalho de Engels que, a justo título, Michael Löwy o considera o fundador da sociologia da religião, na perspectiva marxista. 


A título de remate

Seja do ponto de vista teológico, seja do ponto de vista da práxis revolucionária, o legado profético pastoral e revolucionário de Thomas Müntzer se revela marcado pelo seu potencial transformador, pela sua força subversiva, cuja rememoração se reveste pessoal e coletivamente de um relevante sentido político pedagógico e ético, especialmente para nossas organizações de base, em particular para os movimentos sociais populares que protagonizam lutas por uma nova sociedade alternativa à barbárie capitalista e a toda sociedade de classes. Daí a importância ético-política da educação popular desde que trabalhada numa perspectiva marxista-freireana orientada/alimentada criticamente a um horizonte de alternatividade em relação ao modo de produção de consumo e de gestão capitalista, fundada numa mística revolucionária, exercitada diuturnamente pelos sujeitos históricos protagonistas e pelo exercício pessoal e coletivo da crítica precedida/acompanhada da autocrítica, e alimentada pela memória histórica dos oprimidos em âmbito Mundial, Latino Americano e Nacional, mediante uma contínua leitura de mundo seguida do compromisso pessoal e coletivo de luta ao lado das classes populares, do campo e da cidade.

Exercitar a tal memória histórica - no caso da figura de Müntzer - não significa reproduzir seus feitos, mas recolher criticamente as lições desta (e de outras) saga, tendo em vista os desafios da realidade atual. 


João Pessoa, 20 de junho de 2022. 


PS: Texto digitado (a partir de áudios) por Eliana de Freitas Calado, Gabriel Calado Bandeira e Heloise Calado Bandeira, Alexandre Soares, Águeda Calado e Antônio Souza, e revisado por Luciana Calado Deplagne.  


sábado, 11 de junho de 2022

TEM PRA TODOS? OU NÃO SE TENHA PRA NINGUÉM? QUE OS DIREITOS TORNEMOS UNIVERSAIS

TEM PRA TODOS? OU NÃO SE TENHA PRA NINGUÉM? QUE OS DIREITOS TORNEMOS UNIVERSAIS



Alder Júlio Ferreira Calado



Emergência climática entre nós


Que tornemos agenda número um


Em socorro de nossa causa comum


Contra crimes de inimigo tão feroz


Nos ergamos, lancemos nossa voz


Numerosas espécies não há mais


Outras tantas emitem maus finais


E se formos os próximos, nós também?


TEM PRA TODOS? OU NÃO SE TENHA PRA NINGUÉM?


QUE OS DIREITOS TORNEMOS UNIVERSAIS



Com um povo decente, não se aceita


Que uns luxem a custa dos famintos


No Brasil, chegam à casa de um/quinto


Multidão que não come, com fome deita


Um por cento em banquete na espreita


Não se diga que o Brasil não é capaz


Um país que alimenta tantos mais


Sem justiças direito não se tem


TEM PRA TODOS? OU NÃO SE TENHA PRA NINGUÉM?


QUE OS DIREITOS TORNEMOS UNIVERSAIS



É altíssimo o déficit de moradias


No Brasil e no mundo do Capital


Com milhões sem abrigo, algo brutal


E milhares de casas estão vazias


Tantos, nada; e poucos, em demasia


Enfrentar este mal e outros tais


Convocando quem sofre e outros mais


Esta luta aos “de baixo” só convém


TEM PRA TODOS? OU NÃO SE TENHA PRA NINGUÉM?


QUE OS DIREITOS TORNEMOS UNIVERSAIS



Se da Terra viemos, somos Terra


E a Mãe-Terra de todos cuida tanto


Elevemos a ela nosso canto


Trabalhar e viver, pois, nela encerra


O direito ao cultivo, mas sem guerra


Da Reforma Agrária marchemos atrás


O tamanho do Brasil já satisfaz


Das barreiras precisamos ir além


TEM PRA TODOS? OU NÃO SE TENHA PRA NINGUÉM?


QUE OS DIREITOS TORNEMOS UNIVERSAIS



Dentre tantas problemas tão urgentes


Desemprego afeta enormes massas


Provocando miséria; a fome grassa


Como vive a sofrer a nossa gente


Desgoverno agrava enormemente


Carestia faz sofrer a nossa gente


Se hoje come, amanhã já não tem mais


E se enfermo cair um pobre alguém ????


TEM PRA TODOS? OU NÃO SE TENHA PRA NINGUÉM?


MOQUE OS DIREITOS TORNEMOS UNIVERSAIS



Quem tem força pra isso transformar?


É a base, reunida em movimento


Que organiza as massas, estando atento


Ao processo formativo regular


De jamais limitar-se a esperar


Que seu sonho por terra, pão e paz


Que de cima a elite vem e faz


Cabe a nós ir atrás do nosso bem


TEM PRA TODOS? OU NÃO SE TENHA PRA NINGUÉM?


QUE OS DIREITOS TORNEMOS UNIVERSAIS



Na questão Segurança Alimentar


Nosso povo padece enormemente


Pois bem mais da metade desta gente


Come um dia, outro não… como explicar?


No cultivo, o Brasil seja exemplar


Bate récorde em safra, mais e mais


De nutrir os pobres, é incapaz


São milhões (33) que nada têm


TEM PRA TODOS? OU NÃO SE TENHA PRA NINGUÉM?


QUE OS DIREITOS TORNEMOS UNIVERSAIS



João Pessoa, 10 de junho de 2022.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

COMO MARCHA ESTE MUNDO FRATRICIDA? EVITAR O PIOR É UM DESAFIO…

 COMO MARCHA ESTE MUNDO FRATRICIDA?

EVITAR O PIOR É UM DESAFIO…


Alder Júlio Ferreira Calado


A Ucrânia é tão só o território:

O conflito é entre a Rússia e a OTAN


Oito anos, no mínimo, tem o conflito

Os “cem dias” só mostram atual fase


É preciso lembrar o alvo em jogo:

Rússia e China são alvo do Império


A expansão incessante ao Oriente

Só reforça o cinismo da OTAN


Juan Guaidó e Zelenski são figuras

Que o Ocidente aprecia como modelo…


A riqueza detida por monarcas

É um acinte a própria Democracia!


A imprensa reporta, com requintes

A festança da Monarca da Inglaterra


O sistema geral de Segurança

Dos quartéis, em raiz, clama reforma


A gestão é tarefa dos civis

Militares não são donos da nação


Bolsonaro apregoa guerra civil

Golpeando de morte Democracia


Presidente só recorre a Lei Maior

Para tentar golpeá-la, mortalmente


Bate récord sua Política deletéria

Com estragos profundos, em profusão


Ambiente, Petrobrás, emprego, renda

Na saúde, no ensino, na Cultura…


Os direitos do pobres suprimiu

Enricou os mais ricos, sem limite


Índios, Negros, Mulheres, Homoafetivos

Camponeses, Operário, povo da rua


Ancorado no Golpe de Dezesseis

Fez ministro a Sérgio Moro, lesa Pátria


Em conluio com o Império, traiu a Pátria

Destruiu nossa indústria, e a Petrobrás


Desemprego gerou, em larga escala

As pesquisas mais sérias tratam disso


Põe em xeque até mesmo o exorcista

Quem elege figuras tão malignas


Democrata de araque, cuida o Império

De ditar o que é Democracia


Biden chama sua cúpula das Américas

Excluindo uma dezena de países…


Todo dia, o Império fustiga a China

Revoltado por perder a liderança…


Orçamento secreto é um ultraje 

Legaliza um assalto ao erário


Paulo Guedes tem conta em “paraíso”

Que o povo se exploda: ele vai bem


Reincide a Polícia em crimes bárbaros

Sendo impune, a Polícia delinquirá 


Quando vejo tantos casos regressivos

Sinto urgência na ação dos movimentos


Mais que mero ocupar de posições

É urgente gerar novos processos


As mudanças reais são resultantes

De sujeitos históricos organizados


Faz sentido o embate eleitoral

Sem jamais abrir mão de nossa Classe


Genivaldo de Jesus é uma classe:

A dos pobres, dos pretos, dos favelados


A prisão, a tortura, o assassínio

Fazem parte do seu cotidiano


Drogas, armas - como chegam às favelas?

Nada a ver a Polícia tem com isso?


Intrigante o silêncio-general:

Ante a série de delitos do capitão


E se Lula estivesse em seu lugar

O silêncio seria preservado?


Com o discurso da da anti-corrupção

Os piores corruptos faturam mais


Foi o mote do presente desgovernos

Sustentado pela nata do Capital


O Brasil virou terra arrasada

Igualmente no terreno da Cultura


Os recentes escândalos ”sertanojo”

Só atestam a sordidez de espertalhões


Asquerosa a estratégia do desmonte:

Urdem o mal, acusando serem outros…


Recorrer à Justiça em demasia

Empodera Ministros, além da conta


Ressaltar é preciso o fio “Classe”

Na costura da pauta identitária


O perfil do Congresso Nacional

É o pior que o Brasil pôde eleger


Os piores projetos têm passado

Retirando os direitos dos mais pobres


A barbárie prospera em grande parte

Pela ação e omissão, o Parlamento


Quem se senta em cima dos pedidos

Do “impeachment” já quase centena e meia


Eleição terminada, qual tarefa

Endossar Capital ou combatê-lo?


Mapear correntezas subterrâneas

Ou reféns no tornar dos Plutocratas?


Do orçamento secreto se faz cúmplice

Mandatário que beber da mesma fonte


A extrema Direita, na Colômbia

Segue impune, matando opositores


As mulheres indígenas, são exemplo

De coragem na luta por direitos


Formação que se preze, também se informa

Confrontando as fontes com senso crítico


Na esteira da mídia alternativa

Movimentos, com blogs e canais


TVT, Ópera Mundi, MST

Prerrô, Fórum, também 247


Os bons clássicos dão pistas criativas

Cabe a nós criticamente adaptá-las.


João Pessoa, 08 de junho de 2022