Mulheres, na Sociedade e nas Igrejas: apontamentos a partir dos escritos de Elisabeth Schussler Fiorenza
Alder Júlio Ferreira Calado
Não obstante múltiplas resistências opostas por grupos e movimentos oprimidos, explorados e marginalizados, profundas desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais - inclusive no campo religioso -, secularmente acumuladas, tendem a se perpetuar. Uma atenta consulta à literatura pertinente permite constatar diferentes aspectos deste processo: a despeito da tendência dominante à “naturalização”, importa, com efeito, não perdermos de vista a incidência neste processo de uma rede de fatores (econômicos, políticos e culturais), a apontarem, de forma concatenada, a presença de fatores de exploração de dominação e de marginalização no cotidiano das relações entre povos, classes e grupos sociais nas mais diferentes esferas da realidade. É assim que, ao nos debruçarmos sobre as relações processadas nas sociedades de classes - notadamente no modo de produção capitalista -, vamos percebendo mais claramente as raízes estruturais das mais diversas manifestações dessas profundas desigualdades que marcam o cotidiano entre grupos dominantes de um lado, e por outro lado, povos, classes sociais e grupos assujeitados - povos colonizados (povos originários, afro-ameríndios, povos tradicionais das florestas, das matas, das águas…), Mulheres, camponeses, operários, migrantes forçados, entre outros.
Cumpre, desde já, alertar que nas linhas que seguem, nos limitaremos a focar o fato das desigualdades sociais atinentes especialmente às mulheres, na perspectiva tratada pela Teóloga feminista da Libertação Elizabeth Schussler Fiorenza, em vários de seus escritos, sobretudo em seu livro “Discipulado de Iguais: por uma Ekklesia-logia feminista Crítica da Libertação” (Petrópolis, Vozes, 1993) e seu texto “Rumo ao Discipulado de Iguais: a Ekklesia de mulheres”, (Revista Estudos Teológicos, Harvard, 1996).
Desde o título destes apontamentos, resulta claro o propósito de examinar a condição das Mulheres, não apenas ao interno das Igrejas Cristãs como também no âmbito da sociedade. Comecemos por esta última. Nas diversas esferas da realidade social, restam evidenciadas múltiplas manifestações de desigualdades econômicas, políticas, de relações sociais de gênero, de etnia, geracionais, de procedência geográfica, entre outras. As respostas às perguntas que seguem, já permitem um aceno convincente acerca do iníquo cotidiano enfrentado pelas mulheres:
· Qual a evolução dos índices de feminicídio, no Brasil e em outros países?
· O que dizem as estatísticas oficiais acerca dos vários tipos de violências de que são vítimas as mulheres (físicas, psicológicas e tantas outras)?
· No plano econômico, que segmento demográfico sofre as consequências mais graves, no que diz respeito ao desemprego, aos mais baixos salários, aos sufocantes encargos de gerir, sozinhas, o cotidiano de penúria doméstica?
· Qual o setor da sociedade mais injustiçado pelo não reconhecimento ao seu trabalho doméstico?
· Sobre quem recai, com impactante frequência a responsabilidade exclusiva (o fenômeno da mãe solo) de dar conta da satisfação das necessidades de toda a família?
· Qual o lugar ocupado pelas mulheres, nos espaços públicos, onde são escandalosamente sub-representadas (nos órgãos estatais da Vereança ao Congresso)? Nos órgãos públicos executivos e do poder Judiciário?
· Mesmo nos espaços acadêmicos públicos e privados, quais as relações concretas no cotidiano de seu trabalho?
Estas são apenas algumas perguntas, com o propósito de trazer a tona as profundas desigualdades de que são vítimas as mulheres, no cotidiano societal.
O caso específico do lugar das Mulheres, nas Igrejas Cristãs
Também nestes apontamentos, se mostram organicamente vinculadas às relações acima apontadas, no plano societal, à análise específica de suas manifestações no âmbito da Igreja Católica Romana e, ao seu modo, de outras Igrejas cristãs. A despeito do enorme consenso ideológico secularmente predominante, na produção teológica hegemônica - no plano hermenêutico, nas formulações no âmbito teórico-metodológico, nos documentos do Magistério, nas normas canônicas, na Liturgia, nos compêndios teológicos adotados nos Seminários e nas Instituições de ensino controladas pela hierarquia clerical e outros meios disciplinares -, um mergulho crítico nas próprias fontes escriturísticas nos permite perceber toda uma vasta e complexa teia de relações opressivas do domínio patriarcal/hierarquizante/clerical/colonial a que as mulheres vêm sendo - e continuam - submetidas, durante séculos. Acerca desta teia opressiva tal é o grau de consenso ideológico que se tem mantido pelos beneficiários - perguntamo-nos pela serventia de um tal benefício… - desses privilégios, - os varões do clero -, que não apenas estes, como também as próprias vítimas, salvo exceções, são mantidas insensíveis/impassíveis quanto às iniquidades acumuladas das quais são vítimas.
A consolidação multi-secular da casta clerical, em íntima conexão com o poder secular imperial, se revela um fator determinante para a manutenção desta história de opressão contra o protagonismo das mulheres. Opressão, até hoje, mantida graças a um conjunto de estratégias historicamente aplicadas pelo patriarcalismo clerical, em confronto - aberto ou velado - com os valores mais evidentes da Tradição de Jesus. Nas próprias fontes neotestamentárias, desde que atentamente lidas e criticamente interpretadas, encontra-se farto material capaz de desvelar o lugar protagônico que as mulheres ocupavam nas primeiras comunidades cristãs, que se estendeu pelos primeiros séculos, não obstante certo tratamento androcêntrico a elas dispensados por algumas figuras da Patrística, sobretudo por conta da influência da Filosofia greco-romana então predominante. Nada obstante, cumpre lembrar que, mesmo o ambiente Patrístico reconhecia Maria Madalena como “a apóstola dos apóstolos”. Fazendo coro com vasta literatura hermenêutica academicamente reconhecida Elisabeth Schussler Friorenza fornece farto material atinente a fontes bíblicas especialmente neotestamentárias, das quais não nos ocupamos, nestas linhas, a não ser para sublinhar algumas passagens mais emblemáticas. Nos próprios Evangelhos canônicos, ressoa retumbante, na figura de Maria Madalena, o destacado lugar com que Jesus tratava as Mulheres:
· Neles percebemos, por exemplo, que, enquanto os varões fugiram da cena da Paixão de Jesus (com exceção de João), lá estavam as mulheres, inclusive Maria Madalena, como uma das testemunhas da crucificação e da tumba vazia no dia da Ressurreição (cf. Lucas 8,2);
· No relato da Ressurreição de Jesus, não foi primeiramente aos varões que jesus apareceu, mas a Maria Madalena (cf. Jo, 20, 11-18);
· Diversas passagens dos Evangelhos apontam que Jesus esteve sempre acompanhado, não apenas de varões, mas também de mulheres.
Igualmente, em outros escritos neotestamentários, especialmente nas Cartas paulinas, encontramos passagens emblemáticas que deslegitimam supostos fundamentos do sexismo estrutural, que se instalou - e ainda perdura -, nos espaços eclesiásticos. Só para mencionar, de passagem, dois casos:
· Na Carta de Paulo, dirigida às Comunidades da Galácia, por exemplo, está escrito: “Não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus" (Gl 3,28);
· Chamam-nos, por exemplo, especial atenção as cerca de 10 mulheres citadas pelo Apóstolo Paulo, no capítulo 16 de sua Carta dirigida às Comunidades de Roma: “Febe, Priscila, Maria, Júnia, Trifena, Trifosa, Pérside, Júlia e a irmã de Nereu”. Outras passagens incluem Lídia, Evódia e Síntique.
Daí não se conclua, porém que não haja no conjunto dos textos bíblicos - inclusive nos escritos neotestamentários -, passagens recheadas de viés androcêntrico. Como recurso ilustrativo fixemo-nos apenas em quatro casos:
· Em passagens das próprias Cartas (deutero)paulinas a despeito de informações convincentes observáveis no próprio texto, podemos constatar uma posição de pouca empatia em relação ao papel de destaque profético e missionário exercido por diversas mulheres: Maria, Trifena, Pérside, Trifosa, Maria, Febe, Priscila, algumas das quais gozando de um reconhecimento comunitário igual ou até mais do que Paulo, até porque algumas delas o precederam na missão. (cf., por exemplo, a própria carta dirigida às comunidades de Roma).
· Passagens, por exemplo, de Cartas deuteropaulinas (1 Timóteo 2:11-14 e 1 Coríntios 14:34-35) são citadas proibindo as mulheres de pregar ou falar em público: “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição” (1 Tm 2,11); “permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes permaneçam em submissão, como diz a lei.” (1 Cor 14, 34).
· Com semelhante contundência, também lemos na Carta do autor de 1 Pedro a seguinte exortação: “Mulheres: submetam-se aos seus maridos”. (1 Pe 3,1-7).
· Com base em outras informações, chegamos a saber da enorme contribuição prestada por diversas mulheres, sob várias formas, pelo bem da ação missionária. Entre essas fiéis colaboradoras se encontram, entre outras, a diácona Febe, Priscila, Maria, Trifena. Seja por meio de sua reconhecida dedicação missionária, seja pela substanciosa ajuda financeira, essas mulheres tiveram um lugar protagônico na ação missionária, junto às primeiras comunidades cristãs.
O protagonismo das mulheres nos séculos seguintes e na baixa Idade Média
Tantas outras mulheres seguiram contribuindo, de modo protagônico, nos primeiros séculos, inclusive no século IV, a exemplo de Egéria, considerada a primeira mulher escritora em língua latina, autora de “Itinerarium ad Loca Sancta” (Itinerário/Peregrinação aos Lugares Santos), documento que, além de sua relevância literária, compreende importantes elementos de catequese e de uma visão política do seu tempo. Trata-se de um documento composto de 49 capítulos, dividindo-se em duas partes: a primeira constituída de 23 capítulos descrevendo episódios da peregrinação rumo aos lugares santos da Palestina; a segunda, tratando das celebrações litúrgicas referentes ao calendário cristão (Epifania, Quaresma, Páscoa, Pentecostes…), além de escritos doutrinários e Catequéticos.
Bem mais tarde, já na baixa Idade Média (séculos XIII, XIV e XV), diversos coletivos femininos e diversas figuras femininas individuais se mostraram igualmente como protagonistas, no âmbito da “Ekklesia”, dos quais cumpre destacar o Movimento das Beguinas, formado por centenas de milhares de mulheres que sentindo-se vocacionadas à vida religiosa, recusaram-se a pronunciar votos de obediência ao clero, preferindo organiza-se comunitariamente e de forma autônoma para se dedicarem à oração, a os trabalhos manuais e ao serviço dos pobres e dos doentes. Entre tantas Beguinas figuram nomes tais como a Mística Hadewijch de Antuérpia, Matilde de Magdeburgo, Marguerite Porete e Beatriz de Nazaré, já tivemos várias oportunidades de rememorar traços significativos do Movimento das Beguinas (cf. texdosdealdercalado.blogspot.com)
Além destas, outras mulheres surgiram, a exemplo de Christine de Pizan (1363-1430) e de Isabel de Vilhena (1430-1490). Quanto à primeira, trata-se de uma célebre intelectual e escritora ítalo-francesa - diz-se ter sido a primeira mulher a viver de sua propria produção -, que se empenhou fortemente na defesa e na promoção do protagonismo das mulheres, ao mesmo tempo em que se combatia a misoginia de que eram vítimas as escritoras e intelectuais. Sua principal obra é “A Cidade das Damas”. Com relação a Isabel de Vilhena, é considerada uma protofeminista, saudada pelo seu talento de escritora, e reconhecida principalmente pela sua famosa obra “Vita Christi”. Trata-se de uma obra composta por 49 capítulos, divididos em duas partes: a primeira, que vai até o capítulo 23, descreve relevantes episódios da peregrinação rumo aos lugares santos da Palestina; a segunda parte, que vai até ao capítulo 29, inclui escritos doutrinários e catequéticos.
A consolidação do Papado, sobretudo a partir da era constantiniana só consegue agravar o domínio clerical de exclusão das mulheres (e dos demais membros do Laicato) inclusive por meio de uma organização eclesiástica colada às conveniências do Império Romano e suas estruturas organizativas, das quais o modelo Diocese se tem mostrado extremamente funcional, em relação ao qual o modelo Paróquia passou a ter outro significado diferentemente do sentido vivenciado nas primeiras Comunidades, o termo “Paróquia” passa a designar um território subordinado e complementar da “Diocese”, como esclarece o recente artigo firmado por Eduardo Hoornaert (cf. https://eduardohoornaert.blogspot.com).
Que estratégias principais têm sido utilizadas pela casta clerical para manter o domínio patriarcal/hierárquico/clerical/colonial?
A despeito da resistência profética oposta pelas mulheres, coletiva ou individualmente, nos séculos seguintes, o sexismo clerical - que Elisabeth Schussler Fiorenza avalia como “pecado estrutural” -, o domínio clerical não cessou de prevalecer. Para tanto, recorreu a diferentes estratagemas:
· A manutenção e fortalecimento da estrutura organizativa piramidal, graças ao modelo monárquico (o Papado);
· O recurso a estratégias políticas e administrativas do Império Romano, meio pelo qual a hierarquia, afastando-se cada vez mais do espírito comunitário dos textos e práticas e do movimento de jesus e das primeiras Comunidades Cristãs, passou a impor normas drásticas de obediência seja por meio de sucessivas leis e decretos, seja pela imposição do código de Direito Canônico, seja de símbolos litúrgicos atinentes a estrutura militar do Império Romano (haja vista os paramentos da Missa, antes do Concílio Vaticano II);
· Adoção de uma espécie de “operação borracha”, mediante a qual o clero se empenha, tal como o faziam diversas figuras de varões do contexto imperial secular, em usurpar, fraudar ou apossar-se da autoria feminina de importantes textos literários e sagrados;
· A prática de se manter as mulheres em situação de subordinação, de exploração econômica;
· A proibição do acesso às mulheres, do direito a frequentar a escola e os cursos de teologia;
· A proibição feita às mulheres, de acessarem aos ministérios ordenados;
· O controle pelo clero das atividades eclesiásticas de segundo ou terceiro escalões, reservada às mulheres;
· A cooptação, pelo clero, de figuras femininas generosas e talentosas, para cumprirem tarefas em favor do clero.
Longa seria a lista de estratégias utilizadas pelo clero - e, ao seu modo, pelos pastores e varões de outras Igrejas Cristãs -, com a finalidade de manterem o domínio patriarcal/hierarquizante/clerical/colonial. Mesmo nos dias que correm, essa estrutura piramidal se mantém largamente em voga a despeito de algumas conquistas pontuais alcançadas pelas mulheres, tanto no âmbito societal quanto ao interno dos espaços eclesiais.
Que passos ensaiar, visando à superação processual deste quadro?
Por mais forte e longeva que seja uma opressão, vale sempre lembrar que, além de histórica (portanto mutável), toda opressão corresponde a uma relação social entre dois pólos: o pólo dominante e o pólo dominado. A eficácia da dominação recai NA RELAÇÃO entre os dois pólos, e não necessariamente no pólo dominador. Onde e quando o pólo dominado ousa resistir, a dominação não se completa. Assim tem sucedido ao longo da História, a diferentes povos, classes e grupos sociais. Assim, também, em relação às Mulheres, seja no âmbito societal, seja ao interno das Igrejas Cristãs. Nas próximas linhas, sempre a partir das teses fundamentais sustentadas por Elisabeth Schussler Fiorenza, cuidaremos de sintetizar passos e condições - já dados ou a serem dados, pelas Mulheres -, na Sociedade e nas Igrejas, em busca do reconhecimento efetivo dos direitos das mulheres a um tratamento equânime em todos os espaços - públicos e privados de que participam.
No caso específico dos espaços eclesiais, a autora propõe pelo menos quatro encaminhamentos:
· Investir, com firmeza e de modo continuado, no processo de formação teológica feminista de Libertação, de preferência visando aos graus mais elevados de qualificação;
· Aplicar, nas atividades litúrgicas e ministeriais, os achados a que se chega, no processo formativo continuado;
· Vivenciar, no dia-a-dia uma espiritualidade feminista libertadora, conciliando-a com os aprendizados do cotidiano;
· Manter-se alerta quanto aos riscos de cooptação pelas práticas patriarcais/hierárquicas/clericais/coloniais.
Quanto a primeira recomendação, na qual ela insiste reiteradamente, em seus escritos, Elisabeth Schussler Fiorenza sustenta a necessidade e a urgência, por parte das Mulheres, de se dedicarem a um processo ininterrupto de formação, em todos os campos de saberes - como dizia o Poeta José Martí, “O Conhecimento Liberta” -, seja quanto aos desafios da realidade social, seja especialmente quanto aos enormes desafios eclesiais. Neste sentido, urge acumular profundos conhecimento históricos, teológicos (desde a hermenêutica histórico-crítica, os estudos bíblicos, a Criação, a Cristologia, e Pneumatologia, a Eclesiologia, a Teologia Ministerial, a Liturgia, os documentos Magisteriais, os documentos jurídicos, a estrutura de formação do clero entre outros temas). Trata-se aí de exercitar uma eficaz arma da crítica, sem a qual não serão capazes de se contraporem, à altura, ao secular domínio clerical.
No que tange à liturgia e as atividades ministeriais do cotidiano, a recomendação por ela proposta é de buscarem aplicar/adaptar a tais atividades, seus novos aprendizados, enquanto se empenham igualmente em fazer refletir a aplicação desses mesmo aprendizados no exercício cotidiano de sua Espiritualidade feminista crítica de Libertação. Somente assim, lograrão manter-se mais vigilantes quanto aos sérios riscos tanto de cooptação pelos varões do clero, quanto aos riscos de reproduzirem, nas relações do cotidiano, situações contraditórias que almejam superar.
Um tema também por ela enfrentado, tem a ver com a recusa secular feita pela hierarquia do direito das Mulheres vocacionadas ao exercício ministerial, em todos os graus. Em que pese sobre isto a reserva que a própria Elisabeth Schussler Fiorenza expressa - ela alerta para o risco de que tal inclusão implique o fortalecimento da estrutura piramidal da Igreja -, ela recomenda que, em sendo esta a opção das vocacionadas, que elas pleiteiem começando pelo grau Episcopal, com o que poderiam contribuir para a reparação ou redução de históricas desigualdades. Ainda assim ela se mostra reticente mesmo quanto a esta opção, não apenas pelo receio de assim contribuírem para a manutenção da estrutura piramidal - assim mantendo o modelo organizativo e hierárquico: “Papa-Bispos-Presbíteros-Diáconos-Leigos” -, deixando assim de ousar propor um modelo organizativo alternativo ao domínio patriarcal-hierárquico, clerical-colonial.
A propósito desta última recomendação, resulta útil e oportuna a proposta enunciada por Eduardo Hoornaert, em seu já mencionado texto recém-escrito - “O modelo Diocese vai passar?” -, em que sugere como saída a via ecumênica, a ser compartilhada por diferentes denominações e pelo avanço do diálogo inter-religioso. De todos os modos, convém manter-nos abertos e em constante busca, para sabermos o que a Divina Ruah nos inspira a agir diante de antigos e novos desafios.
João Pessoa, 22 de Setembro de 2025