terça-feira, 15 de dezembro de 2020

HÁ PROFETAS CLAMANDO POR JUSTIÇA SEGUE VIVA DOS POBRES A ESPERANÇA

                        HÁ PROFETAS CLAMANDO POR JUSTIÇA

SEGUE VIVA DOS POBRES A ESPERANÇA


Alder Júlio Ferreira Calado


Reunidos estamos pra louvar

Ao Espírito que opera maravilha

Sua Luz em Comblin tão forte brilha

Testemunha fiel e exemplar

Da América Latina fez seu lar

Junto aos pobres se pondo sem tardança

Ao combate profético bem se lança

As centelhas do Reino ele atiça

Há profetas clamando por justiça

Segue viva dos pobres a esperança


Sobre ele olhares mui diversos

Recuperam histórias tão marcantes

De quarenta, cinqüenta anos antes

Retratá-lo também desejo em verso

Dele ainda há muito ponto imerso

Desse sábio “ice-berg” tão discreto

Não se disse metade do alfabeto

Muitas vozes juntando em mutirão

Nosso esforço já não será em vão

De fazer-lhe um retrato mais completo


Recordando seu tempo de estudante

Lá na Bélgica, sua terra de nascença

Lembra mestres de alma livre, densa

Um dos quais de atitude bem marcante

Era um sábio, seguindo sempre avante

Indo às aulas em sua bicicleta

Cujo exemplo de vida tão completa

Em silêncio, aos simples refletia

E José recolheu com alegria

Como aluno do Reino, e bom atleta.


De sua obra tão vasta produzida

Destacar alguns livros vale a pena

Pela forma incisiva, mas serena

Corresponde do autor à própria vida

O primeiro dos livros nos convida

A seguir de Jesus Ressuscitado

Os sinais pra viver sempre ao seu lado

Abraçando também a sua cruz

Do contrário, a folclore se reduz

O propósito de todo batizado


Outros temas se seguem, sem demora

Como a paz, a justiça, a liberdade

Computar tantas obras, quem há-de?

Traduções se sucedem mundo afora

A polêmica se faz também sonora

Quando enfrenta questões essenciais

Ao lembrar: sem justiça não há paz

Inclusive ao interno da Igreja

Mais partilha entre os membros se deseja

“Impossível”, respondem os curiais.


Lá do ITER estórias contam suas

Das conversas com amigos, boa gente

Pe. Nércio era um desses. Renitente...

Contestado, teimoso, não recua 

´Inda mais, quando estava em sua “lua”

Com Comblin o debate era “feroz’

Pela carga de humor de sua voz

- “Do que eu penso, você não me demove.

De um a cem, eu discordo noventa e nove”...

- “Um por cento ainda resta para nós...”


De virtudes Comblin é um tratado

Nosso Deus cumulou-o fartamente

É profeta e doutor tão competente

Destemido, sereno, humorado

Muda sempre, mantendo sempre o lado

Dos sinais do Espírito é viva antena

Traduzindo o difícil em coisa amena

Defendendo do pobre a primazia

Que o Supremo Valor nos irradia

“Seu critério nos salva ou nos condena”.


Há profetas clamando por justiça

Segue viva dos pobres a esperança

Quem espera, é verdade, sempre alcança

(A não ser que se aposte em prática omissa

Ou se entregue dos ricos à cobiça)

Profetisas, as temos entre nós

E bem alto ressoa a sua voz

Das instâncias de base vem seu grito

Para além do espaço tão restrito

E do tom punitivo dos reinóis...


Zé faz parte de um grande movimento

Como um rio que corre sob um chão

Ao sistema insistindo em dizer “Não!”

Aos sinais do Espírito estando atento

Solidário dos pobres ao lamento

Empunhando do Reino as bandeiras

Produzindo suas obras tão certeiras

Percorrendo esse vasto continente

E formando uma base consistente

Peregrino incansável, sem fronteiras...


João Pessoa, 22 de março de 2003.















































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