Alder Júlio Ferreira Calado
O Estado financia as vacinas
E, depois, farmacêutica as privatiza
Drogas são um pretexto homicida
De extermínio de Negros favelado
O tirano tem sempre um ponto fraco
Não detém o relógio, poder é fugaz
Na mentira, reside o poder das armas
O problema é que tem a perna curta
Os fardados, os crentes têm seu lugar
Gestão pública é tarefa dos civis
Duas vezes mantém-se a grave falta
Quem, além de fazê-la, ousa negá-la
Negros, pobres são a Bastilha brasileira:
Apenados em massa sem processo
Constantine ressoa a voz do Morro
Testemunha o sofrer e seu lutar
Nunca é mínimo o Estado pros “de cima”
A elite dele o máximo sempre extrai
Ai do povo que confia seu destino
Ao poder dos tiranos e das armas
O espaço virtual me faz beldade
Causo assombro, porém, quando apareço
Pós-verdade tem barreira intransponível
Se desmancha, de vez, ante o real
O cuidado que tenho com meu corpo
Não depende da cor do meu cabelo
Não enquanto apostarem em armamentos
Os humanos não serão humanizados
Quer de gente, animais, de drogas ou armas
Que o tráfico se extinga, na raiz
Lideranças do tráfico moram em mansões
Na favela, varejistas, negros, pobres
O Estado- Milícia é expressão
Da barbárie imposta aos favelados
Violência, terror e repressão
Que presença estatal há nas favelas?
Lava-jato em livros, retratada
O suspeito, o parcial e o julgado
Se à Natura imputo valor de troca
Me aniquilo qual ser, qual natureza
Milagrosos, os filtros digitais
Chega a hora sem truques de me ver
O Ocidente não tem qualquer moral
De erigir-se em modelo de governança
Qual bom vinho que melhora, ao envelhecer
Assim faz-se o/a aprendiz do dia-a-dia
Imagine a Polícia espanhola
Fuzilando avião presidencial
Num país que alimenta o mundo inteiro
O feijão, de tão caro, se nega ao pobre
Se o exército da Pátria pela vida
Porque, então, graves crimes silencia?
Israel hoje faz com os palestinos
O que Hitler fazia com os judeus
Sai às ruas o povo colombiano
E no Chile também seguem os protestos
Mesmo estando em tempo de pandemia
Assistimos, passivos, à ruína?
João Pessoa, 10 de maio 2021
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