O ALCANCE SOCIOECLESIAL DO GRITO DOS EXCLUÍDOS
ALDER JÚLIO FERREIRA CALADO
A despeito do perfil predominantemente conservador do Episcopado Católico Brasileiro, mesmo em tempo do testemunho profético do Papa Francisco, o Grito dos Excluídos e Excluídas segue dando o seu recado profético de denúncia e de anúncio.
Iniciado em meados dos anos 90, como um dos frutos das Semanas Sociais organizadas pela CNBB, ele continua a ser organizado todos os anos, na primeira semana de setembro - especialmente no dia 7 de setembro, data das comemorações da separação política de Portugal, impropriamente chamada de “Independência”...
Desde o seu início, há quase um quarto de século, em parte expressiva dos municípios brasileiros acontece o Dia dos Excluídos e Excluídas, reunindo um considerável número de participantes manifestando-se pelas ruas e pelas praças do País. O “Grito”, normalmente, preparado durante várias semanas, a partir do eixo temático "Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?" caminhos vários são tomados, a partir de comissões específicas: articulação, organização política, finanças, segurança, produção e distribuição de materiais, etc.
Em cenários de maior ou menor mobilização, conforme a conjuntura, o Grito ganha as ruas e praças de centenas de municípios, nas diversas regiões do País. Também em João Pessoa e em sua região metropolitana, a exemplo de Santa Rita e Bayeux, bem como no Agreste e no Sertão.
Venho acompanhando, mais de perto, desde os anos 90, as sucessivas edições do Grito, em João Pessoa, inclusive durante o período arquidiocesano de Dom Aldo Pagotto, figura reacionária que desautorizava a realização do Grito, em João Pessoa. Mas, em vão! Eis que com a participação de algumas Pastorais Sociais, em especial, a CPT, e com a significativa contribuição dos movimentos populares e sindicais, o Grito marcha pelas ruas do centro da cidade.
Já estamos nos aproximando de três décadas de realização do Grito dos Excluídos. A despeito da ambivalência do termo (pois, no capitalismo, todos se acham, de algum modo incluídos, ainda que perversamente), em decorrência das Semanas Sociais protagonizadas pela CNBB, seguimos realizando este evento, na primeira semana de setembro, por conta da chamada “Independência”.
Em João Pessoa, o Grito costuma ser realizado pelas Pastorais Sociais em conjunto com vários movimentos populares e sindicais, para tanto realizando diversas reuniões preparatórias, onde a partir do tema do ano se discutem e se deliberam as questões chave, bem como os eixos temáticos a serem organizados. Neste ano, por circunstâncias adversas, os organizadores e organizadoras decidiram realizá-lo excepcionalmente no dia 10, data marcada para manifestações deliberadas desde as manifestações de 11 de agosto. A partir do tema, decidiram organizar quatro eixos temáticos fundamentais: Trabalho, Terra, Moradia, Soberania.
Eis por que, no próximo dia 10/09, todos estão sendo convidados a participarem do Ato unificado “10S + O Grito dos Excluídos e Excluídas”, cuja concentração está marcada para o Ponto Cem Réis, a partir das 8:30.
João Pessoa, 04 de setembro de 2022
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