terça-feira, 17 de junho de 2025

Angelina, presente! Fidelidade e compromisso com a Classe Trabalhadora

 Angelina, presente! Fidelidade e compromisso com a Classe Trabalhadora


Alder Júlio Ferreira Calado


Uma das marcas proféticas mais fecundas das Leigas e dos Leigos católicos, no Brasil e no mundo, decorre diretamente das atividades protagonizadas pela Juventude Operária Católica (JOC), especialmente durante as décadas de 1950 a 1960. Tanto ao interno da Igreja Católica, quanto em relação à sociedade civil, a JOC conta com amplo reconhecimento de seu compromisso profético com a causa libertadora dos trabalhadores e trabalhadoras no Brasil, na América Latina e no mundo. Maria Angelina de Oliveira, que teve sua páscoa definitiva no dia 14/06/2025, constitui uma das figuras mais comprometidas da JOC ao longo de sua vida, havendo exercido sua direção consecutivamente do plano regional, ao plano nacional e internacional. Seu início na JOC data de 1955, aos 21 anos, em João Pessoa, ao lado de outros militantes jocistas igualmente comprometidos, a exemplo de Elias Cândido do Nascimento e João Fragoso. Em 1957, graças ao seu reconhecido engajamento, Angelina assume a Coordenação Regional da JOC no Nordeste. Naquela ocasião, a chamada Ação Católica Especializada (JAC, JEC, JIC, JOC e JUC) ganhava especial relevância no Brasil, em uma conjuntura sócio-eclesial de notória efervescência, inclusive por conta do ascenso dos movimentos e das lutas sociais no Brasil. No âmbito da Igreja Católica, graças à fundação da CNBB, com a dinâmica especial impressa por figuras episcopais como a de Dom Helder Câmara, a de Dom José Vicente Távora, a de Dom Antônio Batista Fragoso e outros nomes comprometidos com a JOC e com a causa libertadora dos pobres, Angelina se destaca cada vez mais nesta caminhada, a ponto de ser eleita para a Coordenação Nacional da JOC, em 1960. Em 1964 assumiu o trabalho de extensão da JOC na Colômbia e em 1966 foi responsável pelo Serviço de Formação e Extensão do movimento, atuando na Ásia, África e América Latina. Por ocasião da realização do Conselho Mundial da JOC, em 1969, no Líbano, Angelina passa também a integrá-lo como vice-presidente. 


Em 1971, plena Ditadura Empresarial-Militar, ela retorna ao Brasil, indo residir e trabalhar em Recife-PE., como operária numa fábrica de tecidos. Dada seu compromisso social com os trabalhadores e trabalhadoras, vem a ser perseguida e presa, após o que foi militar em Crateús-CE, Diocese da qual era Bispo Dom Antônio Batista Fragoso, que também militava na JOC desde recém-ordenado padre, tendo ele próprio sido assistente da JOC. 


Após breve passagem por João Pessoa, Angelina segue para o Rio de Janeiro, para integrar a equipe da Pastoral Operária, bem como militar junto à Central de Favelas e Associações de Moradores. Foi em 2011, com seu retorno a João pessoa, que tivemos a alegria, no Grupo Kairós, de contar com a participação efetiva de Angelina, ao lado de outros membros do Grupo, tais como João Fragoso, Elias Cândido do Nascimento (da Ação Católica Operária), Magdala Melo (ex-Jecista), entre outros. 


Dada a necessidade de ir morar com suas irmãs, em Recife, continuou a acompanhar ativamente as atividades da JOC, em diversas regiões do Brasil e do Mundo. Sempre que lidamos com gente como Angelina, sentimo-nos propensos a parafrasear Bertolt Brecht, ao afirmar: “Há mulheres que lutam um dia e são boas, há outras que lutam um ano e são melhores, há as que lutam muitos anos e são muito boas. Mas há as que lutam toda a vida e estas são imprescindíveis”. Angelina, presente!


João Pessoa, 17 de junho de 2025





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