O alcance beligerante da omissão: nossas organizações de base na berlinda
Álder Júlio Ferreira Calado
A ofensiva das forças de Direita não cessa de prosperar em várias trincheiras, da escala internacional, latino-americana ao plano Nacional. Prossegue, desde décadas, o genocídio contra o povo Palestino, ao vivo e em cores, a dizimar crianças e mulheres, com a escandalosa cumplicidade do Ocidente e, em certa medida, também com a omissão de aliados históricos. Em outra conjuntura, por exemplo, nos anos 1960, seria impensável a atual posição dominante dos governos dos países árabes, salvo uma ou outra exceção. Em vão, esperar compromisso concreto da parte do Ocidente, tanto dos Estados Unidos quanto dos governos europeus, ( quase ) todos cúmplices da tragédia de Gaza. Também, em âmbito Latino-Americano, salvo honrosas exceções, a exemplo de Cuba, da Venezuela, da Colômbia, da Bolívia, do Chile e países da Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe, CELAC – , são bastante tímidos os acenos de solidariedade ao Povo Palestino, isto quando o silêncio não fala mais alto...
No caso do Brasil, não apenas no que concerne ao Oriente Médio, mas a diversas outras questões internacionais e nacionais, tendemos, enquanto organizações de base (forças populares, movimentos sociais, sindicais e organizações partidárias de esquerda), a torcerem e esperar que os conflitos se resolvam apenas pela via da institucionalidade, limitando-nos a raras manifestações públicas, quando não a meras notas de repúdio. A este propósito, importa observar a armadilha em que o Governo brasileiro incorre reiteradamente, graças ao potencial articulado de forças inimigas da sociedade, a exemplo do monopólio financeiro, do Banco Central, da mídia comercial, entre outros, com os quais o Governo teima em atuar, sob a forma de “Frente Ampla”, não se dando conta do tamanho da armadilha a que sucumbe.
Uma simples atenção aos frutos de nossas ações, no decorrer das últimas décadas, seria suficiente para constatarmos o alcance pernicioso de nossa atitude de espera passiva. Inclusive no plano estritamente eleitoral, as forças que ainda apostam apenas nesta via acenam por comportamento de omissão, tanto mais em relação a ações de efetiva mobilização. Eis por que tanto nos inquietamos com a manutenção desta atitude que claramente nos arrasta a uma espécie de suicídio coletivo, à medida que teimamos em apostar que basta confiar na dinâmica institucional de poderes profundamente corroídos e comprometidos com as forças letais do Capital. Parece até que estamos perdendo o senso dos graves riscos que corre a humanidade, na atual conjuntura.
Por outro lado, nem tudo está perdido. Ao buscarmos navegar pelas correntezas subterrâneas, percebemos experiências alternativas, ainda que moleculares, que se acham em marcha, tento em escala planetária, quanto em âmbito latino-americano e brasileiro. Todas essas experiências, no entanto, não se dão submetidas a apostas institucionais, mas se acham fermentadas com um levedo alternativo à lógica do Mercado Capitalista e suas instituições caducas, mas ainda capazes de enorme poder de destruição sócio - ambiental, dos humanos e demais viventes.
João Pessoa, 3 de junho de 2025
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