segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

DE QUE DESAFIOS VEM CERCADA A VIAGEM DO PAPA FRANCISCO AO CHILE E AO PERU?

DE QUE DESAFIOS VEM CERCADA A VIAGEM DO PAPA FRANCISCO AO CHILE E AO PERU?

Alder Júlio Ferreira Calado

Hoje, 15/01/2018, tem início nova peregrinação apostólica do Papa Francisco à América Latina, desta vez, ao Chile (de 15 a 18) e ao Peru (18 a 21). Em menos de cinco anos, desde que assumiu suas funções, o Papa Francisco já fez mais de vinte viagens apostólicas, a países e povos situados nos cinco continentes. Para alguém com 81 anos, isto dá prova da marca missionária do seu ministério, posto a serviço da humanidade, mais do que a serviço de interesses de preservação institucional. O Bispo de Roma, mais do que pregar, vive o que ele chama "uma Igreja em saída missionária". Isto não é pouco, quando examinamos o perfil comum de seus antecessores. Eis por que se trata de alguém apreciado ainda mais pelo mundo secular (não-católicos, não-cristãos, não-crentes...) do que ao interno da própria Igreja Católica. Ainda ontem, recebi um comentário de uma senhora espanhola, residente na França, a expressar sua admiração pelo Papa Francisco (após fazer a leitura de uma homilia sua, que lhe fiz chegar, por "mail". Disse ela: "Si los cristianos supieran escuchar a este papa, el mundo sería otra cosa."  Fez-me remeter a um outro argentino, de Rosário...

Fenômeno raro, estamos, com efeito, diante de um quadro completamente atípico, quando se trata de referências contemporâneas de lideranças mundiais que inspiram o compromisso pela construção de um novo mundo possível e necessário. Ainda ontem, também, numa emissão transmitida pelo canal Rai UNO da Itália no programa intitulado “Cristandade”, um dos entrevistados, um jornalista italiano destilava sua ira contra o compromisso do Papa Francisco de defender os migrantes, os refugiados e os requerentes de asilo, tendo promovido tendo celebrado a missa de ontem na intenção no dia mundial dos migrantes e dos refugiados. O tal jornalista interpretava, irado, o compromisso evangélico do Bispo de Roma como uma mera “retórica caritativa”, ainda que sem citar diretamente o Bispo de Roma. Isto da uma ideia da complexidade do exercício da missão profética, no mundo atual.

Que desafios encontrará Francisco, nestes países-irmãos? Como os haverá de enfrentar? Que tipo de CIdadania inspira o Bispo de Roma, em suas práticas, prédicas e escritos? Quem parece mais disposto a escutá-lo: os "de fora" ou os de dentro dos espaços religiosos? Eis algumas questões sobre as quais rapidamente gostaria de repercutir, nas linhas que seguem.

Dilemas candentes, no Chile e no Peru, em parte, extensivos à América Latina e ao Brasil...

Ao buscar informações sobre os desafios que o Papa Francisco há de enfrentar, nos países a visitar, encontrei também esse debate, disponibilizado no "link":


Observamos a incidência de dilemas comuns aos dois povos a serem visitados, como também outros de caráter mais específico. No caso do Chile, por exemplo, desponta como um tema bastante delicado o relativo aos escândalos (recentes e menos recentes) de pedofiia, a implicar um número considerável de clérigos. Fato que, para além da gravidade local, extrapola, como se sabe,as fronteiras do Chile, do Peru e da América Latina... Tema grave e, ao mesmo tempo delicado, a ser enfrentado por um papa, a não ser de forma genérica. De repente, podemos ser surpreendidos. A este respeito, os Leigos e Leigas do Chile se têm manifestado, com ênfase, em especial sobre o escandaloso caso de Osorno, envolvendo o respectivo bispo diocesano, que se estima haja gozado de muita complacência por parte das autoridades eclesiásticas. (http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,chile-bispo-e-ordenado-em-meio-a-protestos-sobre-escandalo-sexual,1655314)

Um desafio de grande porte - e comum, não apenas ao Chile e ao Peru,mas à América Latina e ao mundo - tem a ver com os profundos estragos provocados pelas grandes empresas de mineração, tanto aos povos originários, aos povos tradicionais, das águas, das florestas, das montanhas, aos camponeses, como também às condições ambientais. Este desafio, ao que se espera, será, direta ou indiretamente, enfrentado pelo Papa Francisco. Talvez sobre tema sejam ainda maiores as chances de invectivas do Bispo de Roma, do que ao drama das graves formas de violências cometidas contra as mulheres, sobre tudo no Peru.

As próprias condições precárias de vida dos povos originários, seja no Chile, seja no Peru, também não devem ser descartadas dos pronunciamentos do Papa Francisco.

E o que nos leva a apostar nisto? Primeiro, seu desempenho em semelhantes viagens apostólicas, em outros países. Também, em alguns de seus escritos, em especial em sua Encíclica "Laudato sì". Não podemos, ainda, esquecer-nos de sua saudação aos chilenos e peruanos (cf. http://larepublica.pe/sociedad/1168555-papa-francisco-envia-mensaje-a-peruanos-y-hace-mencion-a-relacion-con-chilenos-video), alguns dias antes de sua vinda. Vem como peregrino da paz, semeador da esperança. Vem com o compromisso de fazer suas as dores, as esperanças e as buscas desses povos por uma sociedade justa, na qual floresçam frutos de justiça.

João Pessoa, 15 de janeiro de 2018

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