Ao planeta, querida e amada terra
Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?
Alder Júlio Ferreira Calado
Pressupondo o caráter coletivo
E o alcance social desta empreitada
Não se deve entendê-la descartada
O alcance pessoal do nosso crivo
Faz-se urgente, até mesmo decisivo
Com a apatia de tantos eu me assusto
Ante os dons da Mãe-terra não é justo
A ação singular sentido encerra
Ao planeta, querida e amada terra
Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?
A mãe-terra é gratuita: dá-se inteira
A seus filhos e filhas, de espécies várias
Nunca trata nenhum como pária
Não permite a nenhuma ser fronteira
Separada,mantida derradeira
Os humanos não devem dar mais susto
Ao convívio harmônico, pleno, justo
Quem é sábio, a caprichos não se aferra
Ao planeta, querida e amada terra
Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?
O Planeta se aquece velozmente
As calotas derretem no oceano
Cujas águas inundam o que é plano
Animais, vegetais, vida inocente
Desespero trazendo à nossa gente
Acordando os contextos mais injustos
Do Império, que lembra o de Augusto
No abismo aos humanos mais enterra
Ao planeta, querida e amada terra
Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?
Mas, eu próprio o que ando fazendo?
Que estilo de vida estou levando?
O que como? Visto? Telecomando?
Busco um agir de raiz ou só remendo?
É preciso que outro agir se vá tecendo
A mãe-terra eu alegro ou lhe dou susto
Ao usar os seus bens vitais, robustos?
Água, ar, energia - tudo encerra
Ao planeta, querida e amada terra
Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?
Se os cálculos eu faço - cuidadosos!
Várias listas terei, de aprendizado
No consumo de bens mais ordenado
Meu consumo de água - como doso?
Eu evito alimentos venenosos?
Quanto lixo produzo - me dá susto?
Se o ataque ao Planeta eu acho injusto
Por que surdo me faço, quando ele berra?
Ao planeta, querida e amada terra
Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?
Uma lâmpada me basta no ambiente
De repente, percebo oito ligadas
Com que cara eu critico a empreitada
Do Mercado voraz e poluente
Que destrói a Natura e nossa gente?
Tal agir só reforça o que é vetusto
Representa ao Mercado um novo busto
Distopia semeia, Projeto enterra
Ao planeta, querida e amada terra
Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?
Quantas vezes ar fresco ao meu alcance
Mas prefiro espaço refrigerado
Só agravo a política do Estado
De energia, petróleo: que assim alcance!
E a nossa opção não tendo chance
Ao pensar na tragédia, já me assusto
Nosso agir que se torne mais robusto
Do contrário, o abismo nos aterra
Ao planeta, querida e amada terra
Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?
João Pessoa, 19 de fevereiro de 2021
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