sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Ao planeta, querida e amada terra Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?

 Ao planeta, querida e amada terra

Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?



Alder Júlio Ferreira Calado



Pressupondo o caráter coletivo

E o alcance social desta empreitada

Não se deve entendê-la descartada

O alcance pessoal do nosso crivo

Faz-se urgente, até mesmo decisivo

Com a apatia de tantos eu me assusto

Ante os dons da Mãe-terra não é justo

A ação singular sentido encerra

Ao planeta, querida e amada terra

Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?



A mãe-terra é gratuita: dá-se inteira

A seus filhos e filhas, de espécies várias

Nunca trata nenhum como pária

Não permite a nenhuma ser fronteira

Separada,mantida derradeira

Os humanos não devem dar mais susto

Ao convívio harmônico, pleno, justo

Quem é sábio, a caprichos não se aferra

Ao planeta, querida e amada terra

Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?



O Planeta se aquece velozmente

As calotas derretem no oceano

Cujas águas inundam o que é plano

Animais, vegetais, vida inocente

Desespero trazendo à nossa gente

Acordando os contextos mais injustos

Do Império, que lembra o de Augusto

No abismo aos humanos mais enterra

Ao planeta, querida e amada terra

Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?



Mas, eu próprio o que ando fazendo?

Que estilo de vida estou levando?

O que como? Visto? Telecomando?

Busco um agir de raiz ou só remendo?

É preciso que outro agir se vá tecendo

A mãe-terra eu alegro ou lhe dou susto

Ao usar os seus bens vitais, robustos?

Água, ar, energia - tudo encerra

Ao planeta, querida e amada terra

Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?


Se os cálculos eu faço - cuidadosos!

Várias listas terei, de aprendizado

No consumo de bens mais ordenado

Meu consumo de água - como doso?

Eu evito alimentos venenosos?

Quanto lixo produzo - me dá susto?

Se o ataque ao Planeta eu acho injusto

Por que surdo me faço, quando ele berra?

Ao planeta, querida e amada terra

Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?



Uma lâmpada me basta no ambiente

De repente, percebo oito ligadas

Com que cara eu critico a empreitada

Do Mercado voraz e poluente

Que destrói a Natura e nossa gente?

Tal agir só reforça o que é vetusto

Representa ao Mercado um novo busto

Distopia semeia, Projeto enterra

Ao planeta, querida e amada terra

Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?



Quantas vezes ar fresco ao meu alcance

Mas prefiro espaço refrigerado

Só agravo a política do Estado

De energia, petróleo: que assim alcance!

E a nossa opção não tendo chance

Ao pensar na tragédia, já me assusto

Nosso agir que se torne mais robusto

Do contrário, o abismo nos aterra

Ao planeta, querida e amada terra

Quanto peso? O que exijo? Quanto custo?



João Pessoa, 19 de fevereiro de 2021


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