segunda-feira, 29 de março de 2021

O IMPÉRIO SE MOSTRA VULNERÁVEL



Alder Júlio Ferreira Calado


Avidez por vantagem chega ao ponto

De punir mortalmente quem a promove

Disto é fácil mostrar prova dos nove

É o caso das vacinas que aponto

Há país que já tem estoque pronto

Se julgando isento da Covid

Com os outros países não divide

A batalha comum contra este mal

Consequência parece algo banal

Novas cepas em seu revide


Se com Trump é pior, Biden alivia

Mas Império é o mesmo, continua

A mostrar seus dentes, face nua

E, em nome de falsa democracia

Guerra híbrida semeia, à revelia

Contra povos que buscam um consenso

Um diálogo de iguais - leal e denso

E o Império a teimar reinar “solito”

Contra ele os povos lançam um grito

Se dispondo a findar com seu ascenso


Superando domínio cruel, maldito

Mui amargos seus frutos em nossos dias

Um dos quais é o bloqueio que sentencia

Aumentando infortúnios e conflitos 

E fazendo nossos povos mais aflitos

Determina mais caos na região

O esforço da ONU tem sido em vão

Por enquanto, o Império é quem manda

Apodrece, entretanto, sua banda

Sua palavra será a última? Não!


Cuba ,Irã, Venezuela e outros mais

Vêm sendo seus alvos prediletos

Por recusa em seguir seu alfabeto

E, no caso da Ilha, meio século faz

Violando as leis comerciais

Reclamadas na ONU sem efeito

Numerosos protestos são refeitos

Na Irlanda, também recentemente

Há consenso firmado em nossa gente

Bem unidos, vencemos o malfeito



Uma prática comum ao Ocidente

É ditar o que é democracia

Quanto mais impõe normas, mais desvia

É inútil bancar o prepotente

Tal sistema tem vários componentes

Em Direitos Humanos, o Império

Está longe de ser levado a sério

Quando tantos malfeitos vêm à tona

A tortura em Guantánamo detona

Seu poder de mentir é deletério


A cultura hipócrita expressa bem

O agir do Império ante as nações

Expropriam, torturam, se fingem bons

Violando direitos assim mantém

Uma áurea de Santo, " gente do bem"

Sua pompa em ditar democracia

Desmascara-se, se esvai, se esvazia

Foi assim com  o Iraque e a Palestina

Seu agir que só guerras determina

Eis um monstro que entende de sangria


E com ares de bom, chama à conversa

Ao Alaska, a China comparece

Esperando que o embate entre os dois cesse

A postura do Império é reversa

Desrespeita o hóspede e o dispersa

Os Estados Unidos expõem fraqueza

Já que a estrela da China mentêm-se acesa

Dá-se mal o Império com a parceria

Entre a China e a Rússia - quem diria…

O Império do norte vira presa


Se o rumo a trilhar é libertário

Adesão automática a ninguém

Por igual, os caminhos são também

Ter presente importa o itinerário

Com os “de baixo” mostrando-nos solidários

Não se trata de troca de Império

Mesmo sendo algum menos deletério

Sempre agindo aguerridos contra o mal

Libertar os humanos do Capital!

Desafio que assumimos com critério



Na memória, na luta, na Utopia

Encontramos mais força e esperança

Quem espera lutando sempre alcança

Mutirão seja o lema que irradia

E encoraja a vencer as distopias

Inspirados na fonte do Bem Viver

Donde jorra a razão do nosso ser

Mãos à obra a tantas empreitadas

Que se espalham entre nós, consolidadas

Pois que veja quem tem olhos pra ver


Religião de Mercado é capciosa

É acólito eficaz do deus Mamon

Que pastores adoram como “bom”

Produz morte em quem segue sua prosa

Uma ínfima porção dela é que goza

Há centenas de igrejas diferentes

Muitas delas sugando corpos, mentes

Cumprimentos a quem o sono acorda

Do pescoço tirando mortal corda

Preferindo uma vida coerente


O cinismo do Império é desmedido

Democrata se diz, a toda hora

Mas, apoios garante - e sem demora

A governos tiranos, com chibata

De extrema direita a plutocratas

Tal insânia, em verdade, é o que retrata

Prova disto é o que vem acontecendo

Ameaça à Bolívia, sem remendos

Defendendo a golpista usurpadora

E à Justiça responde a senadora


O que é sólido também derrete, um dia

Água mole corrói a pedra dura

Vai minando a mais tosca ditadura

É o Povo, esta água, que avaria

Com tiranos só resta a sangria

O poder dos canhões mais deletérios

Povo unido é mais forte que o Império

Lá atrás, já dizia Figueiredo

Os canhões têm limite: caem tarde ou cedo

Ditadura não é regime sério!


João Pessoa, 29 de março de 2021


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