terça-feira, 29 de agosto de 2023

Mongólia, destino da próxima viagem apostólica de Francisco

 Mongólia, destino da próxima viagem apostólica de Francisco


Alder Júlio Ferreira Calado 


Surpreendente e impactante a escolha da Mongólia como próximo País a ser visitado pelo Bispo de Roma, em sua 43º viagem apostólica pelos cinco continentes, sendo este o 54º país. O que terá movido Francisco, desta vez, a escolher visitar esta terra e essa Gente? O que há na Mongólia, que justifique a visita de um Papa?


As linhas que seguem, tem o propósito de trazer breves anotações sobre a Mongólia e sua gente, em busca de captar as razões evangélicas da escolha de Francisco. A Mongólia, da qual pouco se ouve falar, é um país situado na Ásia Centro-oriental, limitando-se com a Rússia e a China. Possui uma área de 1564 km² e uma população de 3.463.144 habitantes, ou seja, um País com uma área um pouco maior do que a do Estado de Mato Grosso, comportando uma população um pouco maior do que a do mesmo Estado brasileiro.  


A Mongólia tem uma longa história de relações de conflitos e de invasões sofridas por povos da vizinhança, tendo-se firmado nas primeiras décadas do século XX, quando recebeu forte influência política da então URSS, o que explicou sua organização política de corte socialista até o final do século XX. Com a dissolução da URSS, sua política passou por alterações, sendo hoje regida por um sistema parlamentarista semi-presidencialista.


Do ponto de vista econômico, suas bases repousam sobre uma produção agropastoril, produz e exporta carne (de cavalo, além de outros tipos de carne) e na mineração, em que se afirma como produtora e exportadora de minérios de grande valor de mercado, tais como ouro, prata, carvão, ferro, fluorspar, entre outros. Sua população, inclusive por conta do seu território acidentado, também se caracteriza por uma presença marcante de grupos nômades e pastoris, enquanto sua capital Ulaanbaatar abriga 45% da população.


No plano religioso, a Mongólia já teve, desde o século XIII marcas do Cristianismo, inclusive sob a influência do nestorianismo. No entanto, há muito tempo, o Budismo e o Islamismo são praticados por parte significativas da população, ao tempo em que o Agnosticismo atrai um percentual considerável da população enquanto o Cristianismo é professado por um percentual mínimo da população, formada por algumas denominações, especialmente Luteranos, Presbiterianos, Adventistas e outras denominações Protestante enquanto o Catolicismo, cuja única catedral se situa na capital (tendo mais outras 3 Igrejas no interior do País), compreende menos de 1500 católicos (em uma população de cerca de 3.500.000 habitantes).


A despeito das reconhecidas dificuldades econômicas, características do País, o IDH da Mongólia chega a 0,739, não tão distante de países latino-americanos, enquanto graças às conquistas do regime socialista, a Mongólia conta com uma estrutura de saúde pública, de transporte gratuito e de um invejável índice de alfabetização, correspondendo a cerca de 98% da população. No ensino superior, a Mongólia se destaca pelo seu lugar privilegiado no que diz respeito ao amplo acesso de parcela significativa de sua população.


Dado o reconhecido perfil missionário-profético do Bispo de Roma, podemos perceber a grande oportunidade que terá de iniciar/prosseguir um fecundo diálogo inter-religioso, como gesto de um discípulo de Jesus que veio anunciar a Boa Nova do Reino Deus a toda a humanidade. Neste sentido, sua atenção pastoral não se restringe a pequena comunidade de católicos - menos de 1.500 pessoas - nem a outras denominações cristãs, mas tem o propósito de exercitar um diálogo fraterno com representantes de diversos segmentos da população, adeptos de religiões como o Budismo, Islamismo, o Xamanismo, além de outras parcelas consideraveis da população Mongol que não professam qualquer religião.


A partir da próxima quinta-feira, 31/08, o Papa Francisco chegará à capital da Mongólia, e, como anuncia seu programa de visita apostólica - a 43ª -, terá até o dia 04/09, a oportunidade de semear a boa nova, mais uma vez, sinalizando a perspectiva de um crescente movimento de evangelização, à luz do Seguimento de Jesus em terras e gentes da Ásia, como o teólogo José Comblin já havia prenunciado em seu livro póstumo “O Espírito Santo e a Tradição de Jesus “.


João Pessoa 29/08/2023                


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