terça-feira, 9 de abril de 2024

À memória das Ligas e das lutas camponesas

 À memória das Ligas e das lutas camponesas


Alder Júlio Ferreira Calado


O movimento das Ligas Camponesas, iniciado no Engenho Galileia, em Vitória de Santo Antão - PE, em meados dos anos 50, estendeu-se rapidamente pela Paraíba, pelo Nordeste e outras regiões. Tendo surgido como uma iniciativa camponesa de caráter meramente assistencial, graças a militância e ao compromisso político de figuras tais como Zezé da Galileia, João Targino, José Francisco, Francisco Julião (em Pernambuco) e João Pedro Teixeira, João Alfredo Dias (Nego Fuba), Pedro Fazendeiro, Elizabeth Teixeira (“Mulher marcada para viver” em seus bem vividos 99 anos) - estes últimos da Liga de Sapé - PB, foi ganhando força e se firmando, em âmbito nacional, a clamar pela Reforma Agrária. 

A segunda metade dos anos 50 e os inícios dos anos 60 mostraram-se pródigas nas lutas pelas então chamadas Reformas de Base (reforma agrária, reforma urbana, reforma da educação, reforma bancária…). Trata-se de um período histórico profundamente marcado pelo ascenso de movimentos sociais  - do campo e da cidade, estudantil, operário, etc -, a ponto de atraírem a ira e a perseguição dos segmentos dominantes da sociedade brasileira. Este período constitui uma das épocas mais promissoras e animadoras no tocante ao avanço das forças progressistas e de esquerda da sociedade brasileira. Não foi por acaso que o governo dos Estados Unidos investiu tantos recursos para abortar este processo revolucionário então em curso, não bastasse a violência e as perseguições desencadeadas pelos latifundiários, em associação a outras forças reacionárias, tais como as forças militares, igrejas cristãs, a imprensa hegemônica, os banqueiros, entre outras.

Nas rápidas linhas que seguem, cuidamos apenas de registrar traços da manifestação anteontem dia 07/04/2024 ocorrida, no memorial das Ligas e das Lutas camponesas da Paraíba, situado no município de Sapé - PB, em homenagem aos lutadores e lutadoras das ligas camponesas, especialmente deste Estado. Dela participaram centenas de pessoas, vindas de vários municípios vizinhos e da capital. A manifestação foi animada por Alane e Marquinhos, a coordenarem a pauta do dia, da qual fizeram parte diversos números, tais como a participação do conhecido repentista Oliveira de Panelas, da ciranda de Cocos de Caiana dos Crioulos, do coral Voz Ativa de João Pessoa, entremeados de falas rememorativas, feitas por diversos militantes, mulheres e homens.

Não tendo podido participar fisicamente, cuidei de me informar sobre o ocorrido, fazendo questão de compartilhar aspectos vivenciados, no Memorial das Ligas e das Lutas Camponesas da Paraíba, como uma manifestação do Reconhecimento da importância de fazermos esta memória, comprometendo-nos a tornar sempre vivo este legado, especialmente na atual quadra histórica e expansão das forças distópicas e tenebrosas, que infestam nossa sociedade.

Que as Ligas Camponesas nos inspirem a garra e o compromisso de enfrentarmos os desafios de hoje, conscientes de que os movimentos sociais, do campo e da cidade, seguem sendo as forças principais, sem as quais não podemos superar os atuais desafios.


João Pessoa, 09 de Abril de 2024. 


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