sábado, 8 de junho de 2024

Arca, negritude e militância: exercitando a memória histórica

Arca, negritude e militância: exercitando a memória histórica


Alder Júlio Ferreira Calado


Reconfortante a iniciativa da AESA (Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde), por meio do professor Augusto César Acioly Paz Silva, de rememorar a trajetória de Luiz Eloy Andrade, fundador e militante da ARCA, e do Jornal ABIBIMÃ.  


Acerca de Luiz Eloy, já escrevi algumas notas. Estou certo, por outro lado, de que nesta mesma coletânea, outros textos dele se ocuparão. De minha parte, e em homenagem a Luiz Eloy, tratarei de exercitar a memória histórica da condição negra, no Brasil, cuidando, ao mesmo tempo, de contextualizar o protagonismo da Arca, focando páginas memoráveis de seu legado, presente tanto em diferentes iniciativas realizadas pela Arca, quanto destacando a relevância do Jornal Abibimã para nossa cultura regional.


A luta do povo Negro vem de muito longe.


Cada iniciativa protagonizada pela Arca, traz presente, de forma direta ou indireta, toda uma longa história do processo colonialista/ escravista/ capitalista que tem marcado profundamente nossa história. Trazer à tona os traços mais marcantes desta trajetória significa reavivar nossa memória histórica como condição de uma compreensão mais objetiva de nossa realidade atual, ao mesmo tempo em que nos interpela e nos concita a uma constante renovação de nossos compromissos com a causa Negra. 


Para esta breve revisitação histórica, nos inspiramos em uma plêiade de pesquisadores e pesquisadoras sobre o modo escravista que caracterizou - inclusive com forte incidência na atualidade - a história de dominação, de exploração, de resistência e de enfrentamento entre forças sociais antagônicas simbolizadas pelas relações Casa Grande x Senzala. Neste sentido, figuras como Capistrano de Abreu, Lima Barreto, Florestan Fernandes, Clóvis Moura, Edson Carneiro, Nelson Werneck Sodré, Jacob Gorender, Ruy Mauro Marini, Carolina Maria de Jesus, Lélia Gonzalez, Conceição Evaristo, Marcelo Bezerra Oliveira e tantas outros, emergem como fontes de inspiração ao nosso Labor Rememorativo. 


Quatro séculos de opressão escravista têm deixado profundas marcas em nossa sociedade, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista político, seja do ponto de vista cultural. Nossos povos originários constituíram as primeiras vítimas do processo de colonização, tendo sido os primeiros a serem submetidos a trabalhos forçados, não obstante toda sua heróica resistência. Em razão de condições históricas, os povos originários não se prestaram ao escopo dos dominadores europeus, até porque conheciam profundamente cada palmo do seu chão, de suas marcas, de seus rios… ainda assim, desde o início da colonização até hoje, têm sido perseguidos, dizimados, sob sucessivos segmentos da Classe Dominante. Disto, também dá testemunho o relato feito por Clóvis Lugon em seu livro “A República Comunista Cristã dos Guaranis”, no qual analisa a heróica resistência dos nossos povos originários.


No entanto, por diferentes razões, os colonizadores acabaram fixando sua fúria conquistadora sobre multidões de africanos e africanas transformados em escravos, em terras americanas, durante mais de três séculos. Um exame mais detido do modo de produção escravista que teve lugar no Brasil e em tantos outros países latino-americanos e nos Estados Unidos, nos permite constatar a voracidade dos colonizadores europeus, sob diversos ângulos. Primeiro, do ponto de vista da quantidade de africanos escravizados em todo continente americano, máxime no Brasil, eis que dos cerca de 10 milhões (alguns falam até em 12 milhões) de africanos e africanas escravizados ao longo do continente, em torno de 5 milhões foram trazidos à força para o Brasil, a partir do século XVI. Também, do ponto de vista da extensão territorial, enquanto, no caso dos Estados Unidos, o regime escravista se instalou na parte sul do país, no Brasil, ao contrário, o regime escravista se estendeu por todas as regiões. Não bastassem a quantidade e a extensão territorial, acresce ainda a duração: enquanto, entre 1808 e 1830 os países sul-americanos fizeram coincidir sua “independência” política (de suas metrópoles) com o processo de abolição da escravidão, eis que, no Brasil, a chamada “Abolição” (1888) só se deu 66 anos após a “independência”.


Estes dados se somam a tantos outros. O regime escravista se processou no Brasil com as bênçãos da Igreja Católica, cujos organismos eram proprietários de escravos. Com efeito, registram-se africanos escravizados em diversos conventos. Revoltante é como os colonizadores cristãos ousaram praticar tantos crimes, em nome da fé cristã.


Desta desventura escravista feita à custa do trabalho, do suor e do sangue de milhões de africanos e africanas escravizados, também no Brasil, resultou um imenso acúmulo de riquezas para os senhores da Casa Grande. Inclusive em nossa literatura sertaneja, repentistas e cordelistas rememoram, em seu trabalho aspectos relevantes desta desventura, a exemplo dos versos de autoria conjunta dos Poetas Ivanildo Vilanova e Severino Feitosa, em seu poema intitulado “ So com outro Subir, o quilombola /, Pode o Negro alcançar a liberdade”: 


No início da vida brasileira

Foi o negro uma fonte de tesouro

No desejo incansável pelo ouro

E no labor da lavoura açucareira

Essa raça infeliz foi a primeira

A ser vítima do ódio e da maldade

Para fundar arraial, vila e cidade

Limpar cana, arar terra e cortar sola

Só com outro Zumbi ou Quilombola

pode o negro alcançar a liberdade


As tarefas dos negros brasileiros

Eram pretas com brancas sobre os colos

Botar água nas tinas dos monjolos

Domar boi nos serviços mais grosseiros

Empilhar o café nos estaleiros

O produto de mais necessidade

Em passeio ou qualquer atividade

Carregar o patrão na padiola

Só com outro Zumbi ou Quilombola

Pode o negro alcançar a liberdade


Só o negro Zumbi no seu caminho

Enfrentou quase trinta expedições

Brancos, índios, mulatos com canhões

Perseguindo essa águia no seu ninho

Ferro em brasa, chibata, pelourinho

Já não era cruel realidade

No quilombo existia a irmandade

Sem patrão, capataz e nem argola

Só com outro Zumbi ou Quilombola

Pode o negro alcançar a liberdade


Pela grande coragem do zumbi

Resistiu o quilombo muitos anos

Derrotando holandeses e lusitanos

E senhores de engenho contra si

Jorge Velho chegou do Piauí

Com homens e armas em quantidade

E os negros em tal disparidade

Sucumbiram aos disparos da pistola

Só com outro Zumbi ou Quilombola

Pode o negro alcançar a liberdade


Mesmo após o decreto da princesa

Há algemas, correntes e grilhões

As mucamas, as senzalas, os porões

O racismo ofendendo a natureza

Entre brancos e negros com certeza

Nunca houve e nem há essa igualdade

Preconceito na atualidade

Tem na fábrica, na rua e na escola

Só com outro Zumbi ou Quilombola 

Pode o negro alcançar a liberdade

   

Indigna-nos, igualmente, tomar conhecimento do cotidiano atroz, do tipo e do ritmo de trabalho impostos aos africanos escravizados, aos quais se acrescentavam castigos torturas e assassinatos, em razão de qualquer conduta destoante apresentada pelos negros. No caso das mulheres escravizadas, a situação não era menos atroz.


Situação que ainda hoje continua maculando a dignidade do povo negro. Nesses dias, mais precisamente no dia 17/08/2023, mais uma vítima quilombola teve sua vida ceifada, com requintes de covardia e crueldade, não bastasse o assisinato de seu filho Flávio Gabriel dos Santos, há 6 anos. Eis como a imprensa noticiou: “A liderança quilombola Bernadete Pacífico, de 72 anos, assassinada a tiros na noite de quinta-feira (17), na Região Metropolitana de Salvador, também era ialorixá, líder religiosa, da comunidade Pitanga dos Palmares, e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq)” (G1 Bahia, 18/08/2023 )


A fim de evitar clima de revolta ou rebeliões, desde os sofrimentos e atrocidades infligidos aos africanos, nos porões dos navios negreiros, os traficantes tratavam de dividir os viajantes de tal modo a separar pessoas da mesma terra, da mesma língua, dos mesmos costumes e até da própria família. Tratamento que era reforçado aos senhores compradores de africanos escravizados. O alto investimento feito nessas “mercadorias” requer a adoção dos mais torpes castigos a essa gente.


No plano econômico, o escravismo implicou um acúmulo exorbitante de terras, de riquezas e de poder para o número baixíssimo de senhores da Casa Grande literalmente à custa do trabalho escravo, das múltiplas formas de exploração e das terríveis punições infligidas ao povo Negro escravizado. Não bastassem diversas fontes e registros históricos do passado, ainda hoje as pesquisas em curso assinalam as atrocidades cometidas contra os negros, também na esfera econômica. Livros, revistas, sites, podcasts, seguem trazendo à tona, essa história sangrenta e de extrema penúria para o povo negro. No Brasil, na América Latina, nos Estados Unidos, e lá onde teve lugar o modo de produção escravista, resta patente o gigantesco e crescente enriquecimento pelos antigos e novos senhores da Casa Grande, hoje reciclados em forma de banqueiros, de latifundiários do agronegócio, de grandes empresários, a exemplo de Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, os principais acionistas das Lojas Americanas, sem esquecer seus representantes no Congresso e em outros espaços estatais.


Não são, por certo, casuais, as profundas desigualdades econômicas de que são vítimas pobres, pretos, favelados, ora figurando como as maiores vítimas de desemprego, ora como as parcelas demográficas com salários mais habilitados, ora como principais componentes, dos maiores índices de analfabetismos ou de baixa escolaridade.


Exemplos ilustrativos desta realidade temos às centenas. Recorrendo, por exemplo, ao Podcast História Preta, e em especial à trajetória existencial de Carolina Maria de Jesus, autora de “Quarto de despejo”, podemos rememorar e constatar que tal trajetória não é uma raridade, inclusive em nossos dias. Com efeito, em numerosas favelas e periferias urbanas, bem como em áreas rurais, encontramos casos semelhantes de figuras de pobres, de pretos, periféricos, a sobreviverem nas piores condições de vida e de trabalho, cuja rebeldia é frequentemente respondida com encarceramentos em massa, corpos depositados em putrefatas e superlotadas celas.  


Do ponto de vista das relações sociais de gênero, a situação se apresenta com igual ou ainda maior gravidade. O Escravismo também rima com patriarcado. De fato, se as próprias mulheres brancas e de recursos se apresentam frequentemente vítimas das mais diversas formas de violência - feminicídio, violência doméstica e outras -, as mulheres pobres, pretas e LGBTQIA + são alvo corriqueiro de tais violências, em nossa sociedade.


Na esfera política, persistem marcas escravistas, sob vários aspectos. Os principais postos governamentais, seja em âmbito da União dos Estados federativos ou dos Municípios, segue visível o amplo predomínio da Casa Grande, perpetuando-se o poder nas mãos dos filhos, netos, bisnetos dos senhores da casa grande, enquanto a enorme maioria da população formada por mulheres, pretos e periféricos se veem obrigados a limitar sua cidadania apenas ao exercício do voto, com a agravante de ser fortemente influenciado pelos aparelhos ideológicos em especial pela mídia corporativa e pelas redes sociais controladas pela casa grande. Daí resulta, inclusive, a persistente sub-representatividade dos pobres, das mulheres, dos pretos e periféricos nos diferentes espaços estatais (no Legislativo, no Executivo, no Judiciário e nos altos escalões das Forças Armadas, situação ainda mais grave, quando se trata dos altos escalões empresariais e financeiros).


No plano cultural, prevalece a mesma estrutura de dominação, na qual as crenças, os valores a literatura, as artes do povo negro sao frequentemente depreciadas, ainda que em alguns setores - no futebol, na musica, na culinária… - , mereçam um lugar de destaque. No campo religioso, vigora ainda hoje uma tendência de discriminação, sendo as religiões de matriz afro-americana submetidas a tentativas de desqualificação ou mesmo de criminalização. Convém, no entanto, reconhecer e saudar conquistas significativas, obtidas pelo povo negro, junto ao Estado, nos governos progressistas, a exemplo dos espaços conquistados num sistema educacional. 


A contribuição da Arca


É neste cenário de contradições, de retrocessos e alguns avanços, que o Projeto Arca, graças à militância de seus membros, tendo a figura de Luís Eloy como grande timoneiro, sentindo-se interpelada por velhos e novos desafios, busca interferir neste processo por meio de uma série de iniciativas e atividades, junto com parcelas significativas da população negra de Arcoverde e região neste sentido, passamos a elencar alguns desafios e perspectivas.


Em suas décadas de caminhada, a Arca tem acumulado um valioso legado do qual não devemos abrir mão. As iniciativas passadas e as em curso nos permitem não partir do zero. Desta forma, sem prejuízo do que já está sendo feito - ao contrário, buscando fortalecê-las -, ousamos propor algumas ideias. Uma primeira consiste em perceber, nas experiências de ontem e de hoje, o contínuo esforço de exercitar a memória histórica, com o propósito de ter presentes possibilidades e limites das lutas passadas, sem esquecer as lutas presentes. Neste sentido, vale a pena rememorar a contribuição do Jornal Abibiman, bem como dos livros editados pela Arca. No caso do Jornal Abibiman, do primeiro ao último número, podemos constatar um conjunto temático voltado a rememoração dos feitos e das gentes da Mãe África, tratados com o cuidado de não idealizar, não torná-los ídolos, como se a condição humana não estiver inscrita neles. Acerca disto, trazemos presente o alerta de Lélia Gonzalez, no sentido de cultivarmos o senso crítico quanto ao legado e a presença dos valores africanos entre nós.


Seja nos livros editados pela Arca, seja nas páginas do Abibiman, nas quais podemos ler textos instigantes, a exemplo dos produzidos por Edson Silva e outros, seja ainda por contribuições de outros colaboradores e colaboradoras, a exemplo de Irailda Leandro da Silva, hoje a frente dos trabalhos da arca, - aqui destacamos a coluna “Traços da Mãe África: em busca de nossas raízes” -, cuidamos de exercitar criticamente esse legado, reconhecendo e recuperando suas raízes culturais valiosas, ao mesmo tempo em que nos esforçamos de ter presentes diversas alterações produzidas ao longo de séculos, de modo que estejamos atentos ao risco de considerarmos uma espécie de transferência mecânica desde a África no século XVI aos dias presentes, sem tomar em conta consideráveis alterações sociais, econômicas, políticas e culturais inscritas ao longo deste tempo. 


Durante vários anos de circulação do Abibiman, na coluna acima mencionada ensaiamos uma incursão pelas terras e pelas gentes da mãe África, sempre tendo o cuidado de destacar a complexidade e extensão temáticas, em nossa abordagem, lembrando tratar-se de um continente cuja área é de 30.370.000 km, correspondendo a cerca de quatro vezes a área do Brasil, compreendendo 54 Países, cujas populações acumulam uma longa e complexa história de imensa diversidade cultural, linguística, religiosa, além de se tratar de uma diversidade econômica e política.


Consciente dos limites de nossa abordagem, mas ao mesmo tempo, movido pelo propósito de exercitar nossa memória histórica como caminho de uma compreensão mais objetiva de nossa realidade atual, especialmente no campo da negritude, cuidamos de rastrear facetas econômicas, políticas e culturais das gentes da mãe África. Nesta perspectiva, a coluna “Traços da Mãe África: em busca de nossas raízes“ empenha-se em trazer à tona, começando pelas situações histórico-geográfica de cada País, componentes da cultura, das artes, da literatura, da música dos povos Africanos, dando ênfase inclusive a produção literária de suas escritoras. Também aí se encontram algumas páginas de textos dedicadas a identificar e reconhecer a contribuição específica de alguns revolucionários, entre os quais Agostinho Neto (Angola, 1922-1979), Amílcar Cabral (Guiné-Bissau e Cabo Verde, 1924-1973), Samora Machel (Moçambique, 1933-1986), Thomas Sankara (Burkina Faso, 1949-1987), observando que nos ativermos principalmente a lideranças revolucionárias em luta anti-colonialista do mundo português.


A partir destas considerações/rememorações, ousamos destacar, a título de sugestões, alguns passos que propomos à continuidade dos trabalhos dos/das que integram ou colaboram com a Arca:

Em suas atividades rotineiras, assegurar o exercício da memória dos nossos ancestrais, sempre buscando deles recolher energias renovadoras, de intervenção transformadora de nosso cotidiano;

Buscar, trazer presentes fatos e episódios do nosso passado, que nos ajudem a fortalecer nossos compromissos com a causa negra, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista político, seja do ponto de vista cultural;

Buscar cultivar em nossa agenda coletiva e pessoal a pedagogia do exemplo, isto é, testemunhar pela vida os valores que dizemos nossos;

Exercitar continuamente a leitura de mundo, por meio do acompanhamento crítico bio turno da realidade local, nacional, internacional, de modo a exercitarmos continuamente uma análise crítica da realidade objetiva, bem como suas implicações concretas em nosso dia-a-dia;

Fiéis à mística revolucionária de nossos ancestrais, que não nos limitemos a uma leitura crítica de mundo, sem que isto implique nosso compromisso de reescrever o nosso mundo;

Promover encontros frequentes, nas periferias urbanas ou junto às comunidades rurais, incentivando, de forma criativa e lúdica, estudos e pesquisas frequentes sobre nossa realidade (local, estadual, regional, nacional, latinoamericana…);

Buscar ampliar a defesa e a promoção da causa negra junto a outras organizações de base e movimentos populares, de modo a testemunhar que as lutas de libertação do povo negro dizem respeito a toda a sociedade, em especial à Classe Trabalhadora, razão pela qual é indispensável trabalhar a perspectiva de classe, como fio condutor a dialogar com diversas dimensões das lutas sociais (sócio-ambientais, feministas, dos povos originários, dos camponeses, dos operários, da comunidade LGBT, entre outras).


Com relação a esta última recomendação, vale a pena ter presentes as circunstâncias históricas concretas que condicionaram e condicionam as relações do cotidiano dos “de baixo”, é bem o caso, entre outros, de Carolina Maria de Jesus, cuja trajetória merece ser melhor conhecida e trabalhada, tal como é feito, por exemplo, do podcast História Preta. Carolina Maria de Jesus é uma dessas centenas de milhares de trajetórias existenciais improváveis. Enfrentando, desde cedo, de forma contínua e crescente, as adversidades mais atrozes que ela ousou enfrentar, uma a uma e vencer, de modo a conseguir ter finalmente seus livros publicados (“Quarto de Despejo”, “Diário de Bitita” e “Casa de Alvenaria”...) com estrondoso sucesso, principalmente o primeiro em edição que superou em vendas autores consagrados como Jorge Amado.


Essas fraternas recomendações que, tenho certeza, já se encontram em curso, pelo menos em parte, constituem também um tributo à memória de Luis Eloy e demais membros da arca, de ontem e de hoje. Ao fazê-las, recordamos tantos feitos protagonizados pelos integrantes da arca e do Jornal Abibimam, dos quais nus permitimos destacar o empenho persistente de Luis Eloy e outros integrantes da arca, em bater às portas de Escolas públicas, inclusive a AESA, pleiteando a discussão e a inclusão de temas da Negritude nus respectivos componentes curriculares. É, com alegria, que, ao comemorarmos essa saga, constatamos, ao menos em parte, o êxito desta histórica reivindicação.


No caso específico da AESA, e mais particularmente da Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, da qual o próprio Luiz Eloy foi aluno egresso do Curso de Licenciatura em Biologia e também presidente do Diretório acadêmico, vale ainda registrar o empenho mais recente do Grupo de pesquisa em História, coordenado pelo Professor Augusto Cesar Acioly Paz Silva, que vem incorporando em sua agenda investigativa temas da Negritude, bem como feitos marcantes relativos à trajetória da AESA, inclusive dando ênfase à Revista PELEJA, iniciada em 1979, tendo circulado por vários anos, com os seus dez números.   

       

Referências:



ABREU, Capistrano de. Editora: sociedade ano 1934;

BARRETO, Lima. Recordações do escrivão Isaías Caminha, São Paulo: Penguin &

Companhia das Letras, 2010.

CARNEIRO, Edison. O Quilombo dos Palmares. São Paulo: Martins Fontes 2011;

CHIAVENATO, Júlio. O Negro no Brasil.São Paulo: Cortez 2012

FERNANDO, Florestan. A intregração do Negro na sociedade de classes. São

Paulo: contracorrente 2021;

FREITAS, Décio. Palmares: a guerra dos escravos: Editora movimento 1973;

GONZALEZ, Lélia: HASENBALG, Carlos. Lugar de Negro. Rio de Janeiro, Marco Zero, 1982. 115 p. pp. 9-66.

GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Ática, 1988

MOURA, Clóvis. Rebeliões da senzala. Editora ciências humanas 1981;

OLIVEIRA, Marcelo Bezerra. Filosofia da literatura brasileira. São Paulo: edição do Autor, 2023.

SANTOS, Ynaê Lopes dos. Racismo brasileiro: uma história da formação do país.

São Paulo: Todavia, 2022.

WERNECK SODRÉ, Nelson. Formação Histórica do Brasil. Brasília. Editora

Brasiliense, 1962


Podcasts:


História Petra. Disponível em: https://historiapreta.com.br/ 

Projeto Querino. Disponível em: https://projetoquerino.com.br/podcast/ 

História e Sociedade. Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCHeuIbPI3b3wSWyM46Qafig 


João Pessoa, 25 de agosto de 2023



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