quinta-feira, 13 de agosto de 2020

PPP POBRES, PRETOS, PROSTITUTAS GRITAM NÃO, DA CADEIA, AO CAPITAL


Alder Júlio Ferreira Calado


Tempo faz que circula um certo dito

Indicando quem fica na cadeia

Fartamente de pobres está cheiaa

Aqui, Negros não passam de malditos

E o comércio dos sexo completa o rito

E seus alvos,só aumenta o Capital

São centenas de mil gente"banal"

Que migalhas com ratos,lá disputa

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


Um sistema penal tão seletivo

Se revela classista, extremamente

E racista, a punir a negra gente

A justiça a pune, sem ter crivo

Adotando processos mais lesivos

800 mil presos, de um total

Maioria mantém-se ilegal

De repente, essa gente irrompe abrupta

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


Como opera a justiça pros de cima

Empresário, banqueiro, parlamentar

Nada tem sobre isto a lamentar

A favor, quanto a eles, a lei rima

Sempre encontram uma brecha, neste clima

Advogados garantem-lhes aval 

Também contam com a mão judicial

Contra os pobres sentença executa

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


Dentre as brechas da Lei, se usa e abusa

De recursos infindos, longos prazos

Que espicham os processos, caso a caso

Numa lógica perversa, obtusa 

Que ao próprio sistema só acusa

Prescrevendo a pena, afinal

Se torna, a justiça, funcional

Privilégios forjando, por lei bruta

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


São centenas de mil dos nossos moços

Enjaulados, sem terem julgamento

Sufocados por ritmo demais lento

Amargando ambiente tão insosso

Desejando escapar daquele fosso

Presa fácil do crime profissional

Só reforçam o que é raiz do mal

Do sistema mantendo a batuta

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


E nas últimas décadas prolifera

 Este leque de pobres e excluídos

Ressoar nos importa seu gemido

Na cidade ou do Campo na esfera

Ver mendigos na rua dilacera

Ver migrantes em vida infernal

Ver governos Reféns do vil metal

Quantas vidas ceifadas por recrutas

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


Ribeirinhos, sem terra e sem teto

Catadores e povos originários

De desdém são diversos os cenários

Moradores de rua viram objeto

Os migrantes tratados sem afeto

E os homoafetivos, em geral

Dia a dia enfrentando um vendaval

Gente forte oprimida por recrutas

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


Ante os olhos da avara burguesia

Qual um zero à esquerda vale o povo

Desta elite jamais emerge o novo

Pois ao Império, canina, se afiia

No erário causando hemorragia

Se compraz do Império ser quintal

Nutre ódio aos pobres, negros, por igual

O que manda o patrão, ela executa

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


As "reformas" em marcha ou as já feitas

Prometendo, outra vez ,trazer alento

Favorecem o rentismo: segue isento

Aplicando dos "de cima" as receita 

Sem vergonha de a eles estar sujeita

Mais sufocam os "de baixo": "nada mal"

Interessa ao centrismo imperial

O massacre, o Congresso não refuta

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


Guedes, Maia, Alcolumbre voltam à tona

Em defesa da tal Teto dos gastos

Que exclui desta lei os juros vastos

Relativos à dívida que detona

A Nação que, por isso, vai à lona

O Congresso é refém tradicional

Obedece ao ditame patronal

Mas, um dia, essa massa irrompe, abrupta

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


Nas "reformas", o rentismo foi blindado

E pior: mesmo em grave epidemia

Um trilhão que o Governo lhe envia

Na do Teto, Trabalho, Aposentados

O sistema da Banca é poupado

Tributária terá um trato igual?

Por enquanto, de fora o deus Baal

Movimentos que sigam na escuta

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital



O caráter de classe da pandemia

Se comprova também em nossa gente

Aos "de baixo" atingindo largamente

Pois aos pobres e pretos avaria

Aumentando sua dor, sua agonia

O sistema se faz raiz do mal

Numa dor, cada dia mais brutal

Apesar de sua garra, de sua luta

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital


Reverter este quadro é compromisso

Do sujeito histórico de mudança

Movimentos são a força que alcança

Desde que no embate não esteja omisso

Eis por que só lhes cumpre aumentar viço

Pros “de cima” o sistema é maternal

Não se dê confiança a lei formal

Instigando o ardor da gente matuta

PPP pobres, pretos, prostitutas

Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital



 João Pessoa, 13 de agosto de 2020

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