Alder Júlio Ferreira Calado
Tempo faz que circula um certo dito
Indicando quem fica na cadeia
Fartamente de pobres está cheiaa
Aqui, Negros não passam de malditos
E o comércio dos sexo completa o rito
E seus alvos,só aumenta o Capital
São centenas de mil gente"banal"
Que migalhas com ratos,lá disputa
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
Um sistema penal tão seletivo
Se revela classista, extremamente
E racista, a punir a negra gente
A justiça a pune, sem ter crivo
Adotando processos mais lesivos
800 mil presos, de um total
Maioria mantém-se ilegal
De repente, essa gente irrompe abrupta
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
Como opera a justiça pros de cima
Empresário, banqueiro, parlamentar
Nada tem sobre isto a lamentar
A favor, quanto a eles, a lei rima
Sempre encontram uma brecha, neste clima
Advogados garantem-lhes aval
Também contam com a mão judicial
Contra os pobres sentença executa
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
Dentre as brechas da Lei, se usa e abusa
De recursos infindos, longos prazos
Que espicham os processos, caso a caso
Numa lógica perversa, obtusa
Que ao próprio sistema só acusa
Prescrevendo a pena, afinal
Se torna, a justiça, funcional
Privilégios forjando, por lei bruta
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
São centenas de mil dos nossos moços
Enjaulados, sem terem julgamento
Sufocados por ritmo demais lento
Amargando ambiente tão insosso
Desejando escapar daquele fosso
Presa fácil do crime profissional
Só reforçam o que é raiz do mal
Do sistema mantendo a batuta
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
E nas últimas décadas prolifera
Este leque de pobres e excluídos
Ressoar nos importa seu gemido
Na cidade ou do Campo na esfera
Ver mendigos na rua dilacera
Ver migrantes em vida infernal
Ver governos Reféns do vil metal
Quantas vidas ceifadas por recrutas
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
Ribeirinhos, sem terra e sem teto
Catadores e povos originários
De desdém são diversos os cenários
Moradores de rua viram objeto
Os migrantes tratados sem afeto
E os homoafetivos, em geral
Dia a dia enfrentando um vendaval
Gente forte oprimida por recrutas
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
Ante os olhos da avara burguesia
Qual um zero à esquerda vale o povo
Desta elite jamais emerge o novo
Pois ao Império, canina, se afiia
No erário causando hemorragia
Se compraz do Império ser quintal
Nutre ódio aos pobres, negros, por igual
O que manda o patrão, ela executa
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
As "reformas" em marcha ou as já feitas
Prometendo, outra vez ,trazer alento
Favorecem o rentismo: segue isento
Aplicando dos "de cima" as receita
Sem vergonha de a eles estar sujeita
Mais sufocam os "de baixo": "nada mal"
Interessa ao centrismo imperial
O massacre, o Congresso não refuta
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
Guedes, Maia, Alcolumbre voltam à tona
Em defesa da tal Teto dos gastos
Que exclui desta lei os juros vastos
Relativos à dívida que detona
A Nação que, por isso, vai à lona
O Congresso é refém tradicional
Obedece ao ditame patronal
Mas, um dia, essa massa irrompe, abrupta
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
Nas "reformas", o rentismo foi blindado
E pior: mesmo em grave epidemia
Um trilhão que o Governo lhe envia
Na do Teto, Trabalho, Aposentados
O sistema da Banca é poupado
Tributária terá um trato igual?
Por enquanto, de fora o deus Baal
Movimentos que sigam na escuta
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
O caráter de classe da pandemia
Se comprova também em nossa gente
Aos "de baixo" atingindo largamente
Pois aos pobres e pretos avaria
Aumentando sua dor, sua agonia
O sistema se faz raiz do mal
Numa dor, cada dia mais brutal
Apesar de sua garra, de sua luta
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
Reverter este quadro é compromisso
Do sujeito histórico de mudança
Movimentos são a força que alcança
Desde que no embate não esteja omisso
Eis por que só lhes cumpre aumentar viço
Pros “de cima” o sistema é maternal
Não se dê confiança a lei formal
Instigando o ardor da gente matuta
PPP pobres, pretos, prostitutas
Gritam NÃO, da cadeia, ao Capital
João Pessoa, 13 de agosto de 2020
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