sábado, 15 de agosto de 2020

QUEM DECLARA NÃO TER NENHUM PROJETO / SE ENTREGA AO SABOR DE QUALQUER VENTO

QUEM DECLARA NÃO TER NENHUM PROJETO

SE ENTREGA AO SABOR DE QUALQUER VENTO


Alder Júlio Ferreira Calado


A canção "Deixa a vida me levar"

Nos atrai por seu tom de fantasia

Qual novela que a tantos extasia

Mas, nos deixa lição dura, exemplar

Quem se deixa ao acaso se guiar

Presa fácil se torna do momento

Aos sinais não ficando mais atento

Tem mais chance de colher um fruto infecto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento


Vida plena é expressão relacional

Implicando aprender continuamente

Com os outros, vivendo como gente

Dos viventes fazendo memorial

Aprendendo dos clássicos, por igual

Freire, Marx, Comblin e dos eventos

Dos saberes humanos mais sedentos

E quem mais aprender, sendo discreto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento



Uma marca notória das pessoas

Que dão frutos bons, semeiam nossas vidas

Vem dos anos que passam recolhidas

Dialogam só pesam, e não à toa

Só depois, é que sua voz ecoa

Se a árvore destrói-se, fica o rebento

Este sonho mantenho e acalento

Partilhando com o povo direto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento



Quem se lança ao caminho, tem vida plena

 O  caminho fazendo, ao caminhar

Companhia se torna exemplar

Tem na vida seu rumo, não na geena

À leitura do mundo se antena

Aos sinais do caminho estando atento

Analisa o real, e todo evento

Avançando seu plano, mesmo incompleto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento



Leva adiante, seu plano no dia a dia 

Construindo horizonte esperançoso 

No que faz, encontrando sempre gozo

E tijolo assentando, avalia

O que tem por fazer, não mais adia

No marchar pessoal, sem desalento

E ao plano comum se faz sedento

Empenhado em manter plano correto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento

 


Destacar é preciso o desempenho

De quem sempre se encontra engajado

Dos "de baixo" estando firme ao lado 

Passam os dias e não passa seu empenho

Realçar outra marca aqui venho

Cada dia exercendo seu intento 

E, na mística, buscando, mais sedento

De esperança com ânimo repleto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento



Tal canção gratifica até plantinhas

Aos bichinhos talvez ainda mais

Aos ouvidos humanos ela apraz

A Natura de todos se avizinha

Ser humano ressente-se de outra linha

A Cultura lhe vem em complemento

Guardião do Planeta, eu acrescento

À razão também ele está afeto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento



Um ativo papel cabe aos humanos

Sendo parte da bela Natureza

Ser humano a cultura também preza

Tendo em vista mais forte o seu plano

pondo atrás procederes mais insanos 

Seu papel é também de chamamento

A um novo horizonte estando atento

Sempre ousando mudar mundo provecto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento



De tijolo a tijolo se vai tecendo

Belos fios de um mundo alternativo

Não havendo lugar mais pra cativo

Nem mudanças que são mero remendo

superando obstáculos mais tremandos

Cultivando valores, alimentos

'Buen vivir' sendo nosso grande alento

Requerendo de todos agir concreto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento



Helder, Pedro, Thomaz e Evaristo

Luther King,  Mandela, Gandhi, Esquivel

Cada qual bem cumprindo seu papel

Cada um  por seu povo mui benquisto

Nas mulheres também aqui insisto

Irmã Dorothy, Agostinha, acrescento

Cada uma importante em seu momento

São figuras de espírito irrequieto

Quem declara não ter nenhum projeto

Só se entrega ao sabor de qualquer vento



João Pessoa, 15 de agosto de 2020

 

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