QUEM DECLARA NÃO TER NENHUM PROJETO
SE ENTREGA AO SABOR DE QUALQUER VENTO
Alder Júlio Ferreira Calado
A canção "Deixa a vida me levar"
Nos atrai por seu tom de fantasia
Qual novela que a tantos extasia
Mas, nos deixa lição dura, exemplar
Quem se deixa ao acaso se guiar
Presa fácil se torna do momento
Aos sinais não ficando mais atento
Tem mais chance de colher um fruto infecto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
Vida plena é expressão relacional
Implicando aprender continuamente
Com os outros, vivendo como gente
Dos viventes fazendo memorial
Aprendendo dos clássicos, por igual
Freire, Marx, Comblin e dos eventos
Dos saberes humanos mais sedentos
E quem mais aprender, sendo discreto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
Uma marca notória das pessoas
Que dão frutos bons, semeiam nossas vidas
Vem dos anos que passam recolhidas
Dialogam só pesam, e não à toa
Só depois, é que sua voz ecoa
Se a árvore destrói-se, fica o rebento
Este sonho mantenho e acalento
Partilhando com o povo direto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
Quem se lança ao caminho, tem vida plena
O caminho fazendo, ao caminhar
Companhia se torna exemplar
Tem na vida seu rumo, não na geena
À leitura do mundo se antena
Aos sinais do caminho estando atento
Analisa o real, e todo evento
Avançando seu plano, mesmo incompleto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
Leva adiante, seu plano no dia a dia
Construindo horizonte esperançoso
No que faz, encontrando sempre gozo
E tijolo assentando, avalia
O que tem por fazer, não mais adia
No marchar pessoal, sem desalento
E ao plano comum se faz sedento
Empenhado em manter plano correto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
Destacar é preciso o desempenho
De quem sempre se encontra engajado
Dos "de baixo" estando firme ao lado
Passam os dias e não passa seu empenho
Realçar outra marca aqui venho
Cada dia exercendo seu intento
E, na mística, buscando, mais sedento
De esperança com ânimo repleto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
Tal canção gratifica até plantinhas
Aos bichinhos talvez ainda mais
Aos ouvidos humanos ela apraz
A Natura de todos se avizinha
Ser humano ressente-se de outra linha
A Cultura lhe vem em complemento
Guardião do Planeta, eu acrescento
À razão também ele está afeto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
Um ativo papel cabe aos humanos
Sendo parte da bela Natureza
Ser humano a cultura também preza
Tendo em vista mais forte o seu plano
pondo atrás procederes mais insanos
Seu papel é também de chamamento
A um novo horizonte estando atento
Sempre ousando mudar mundo provecto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
De tijolo a tijolo se vai tecendo
Belos fios de um mundo alternativo
Não havendo lugar mais pra cativo
Nem mudanças que são mero remendo
superando obstáculos mais tremandos
Cultivando valores, alimentos
'Buen vivir' sendo nosso grande alento
Requerendo de todos agir concreto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
Helder, Pedro, Thomaz e Evaristo
Luther King, Mandela, Gandhi, Esquivel
Cada qual bem cumprindo seu papel
Cada um por seu povo mui benquisto
Nas mulheres também aqui insisto
Irmã Dorothy, Agostinha, acrescento
Cada uma importante em seu momento
São figuras de espírito irrequieto
Quem declara não ter nenhum projeto
Só se entrega ao sabor de qualquer vento
João Pessoa, 15 de agosto de 2020
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