Age em rede o Império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Alder Júlio Ferreira Calado
Diferente de modos mais antigos
Capital reproduz-se em larga escala
E seu olho guloso se arregala
Exaurindo os locais, busca outro abrigo
Passa, então, a fazer mais inimigos
Não hesita em passar sua navalha
Não importam os meios de que valha
Preferindo o engodo, a força explora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Esta malha é composta de mil fios
Recobrindo dezenas de esferas
Umas menos, outras mais, conforme a era
Evitando operar só no vazio
No trabalho, saúde e no plantio
Consentindo para as massas as migalhas
Para si, as riquezas amealha
Destruindo o comum: a fauna, flora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Territórios, indústrias, subsolo
O comércio, os serviços, as finanças
E com leis pros “de baixo” nada mansas
E ao povo, a mídia faz de tolo
Algum pão e com circo, dá consolo
Ao mais pobre enganando, com sandália
A justiça seus crimes agasalha
Eleições são fraudadas, sem demora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Tantos fios, desfia o Capital
Os de gênero, idade e etnia
Para a engorda de seus bens, tudo angaria
Tudo mostra sua sede de mais-valia
Tem por Deus a Mamon, ser infernal
Na mentira, aposta, raiz do mal
Religião passa a ser sua medalha
Sua força é maior, mas estraçalha
Braço forte, em igrejas mais ancora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
A imagem de Trump correu o mundo
Sustentando uma Bíblia, embusteiro
De cristão se fazendo conselheiro
Traidor do Evangelho, um furibundo
Mero golpe eleitoreiro, tão imundo
Mercadores da fé, fogo de palha
Pretendendo dos outros rever as falhas
A si mesmo, é o único a quem adora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Não são poucos os grupos pentecostais
Na igreja católica, inclusive
Que a fé de Jesus põe em declive
Desatentos do Reino aos sinais
A seus próprios interesses seguem mais
Caso possam, põem o mundo na fornalha
Cada qual se julgando não ter falha
Seu agir o sistema revigora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Junto a quem “fake news” estragos faz
Eis por que formação não chega perto
Sendo a crítica pra estes algo incerto
Tal efeito, porém, não vinga mais
Quem da crítica procura ir atrás
Das gestões o discurso não agasalha
Analisa seus frutos, vê suas falhas
Forma grupos, bons livros bem devora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Mirar fatos, e não verborragia
In “operibus crédite, non verbis”
Segue adiante, sereno, não te assoberbes
É feliz quem os fatos avalia
A verdade buscando, com alegria
Os exemplos são prova, palavra é falha
Com retórica fácil não se atrapalha
Com discurso mendaz, o rei devora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Formação libertária popular
Rumo firme também é nossa via
Eis a meta que luta irradia
Nos embates de um mundo a transformar
Auto-crítica mantendo-se exemplar
Como ferro testado na fornalha
Horizonte se segue, não se atalha
Consciência de classe se aprimora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Formação deste tipo não se faz
Tão somente em espaços escolares
Recorrer é preciso a outros lugares
Sobretudo movimentos sociais
E mais outras instâncias não formais
Militância se forja nas batalhas
Consciência mais forte se amealha
A conquista ou o revés se rememora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Global não é algo em abstrato
Comportando uma rede de locais
Minha aldeia expressa mais sinais
Nos humanos ecoa um certo impacto
Que o gemido do outro não passe intacto
Até mesmo eleições difundem falhas
Estratégia do centro, que se espalha
Produzindo desfecho que vigora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
Num de seus conhecidos “papos retos”
Ex-pastor Constantine assinalava
Em sua voz cristalina, firme, brava
Mas que ao ensino formal, deve o alfabeto
A sua luta à favela, viver concreto
O ensino formal nos dá migalha
Consciência de classe é que amealha
No combate ao sistema, que devora
Age em rede o império, mundo afora
Combatê-lo requer agir em malha
João Pessoa, 06 de Setembro de 2020
Professor Alder Júlio, boa noite. Sou amigo da Maria do Rosário de Bezerros sua aluna e é com muita alegria no coraçao que vejo seus potentes escritos. Gratidão, suas palavras continua a me mover aqui no Rio de Janeiro. Um fraterno abraço. Marcus Vinícius
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