Alder Júlio Ferreira Calado
O universo da Arte é multiforme
Pois o belo comporta muitas faces
Eu duvido que isto tu negasses
O Repente exige talento enorme
Harmonia requer: nada é disforme
O Repente é poesia nordestina
A exemplo do Cordel, com que combina
Têm raízes ibéricas, européias
Que aqui floresceram como veias
Circulando belezas femininas
Propagando notícias qual jornais
Sendo escrito, Cordel, oral Repente
O Cordel, segue sendo atraente
Do Poeta o Repente exige mais
Em verdade, “milagres” ele faz
O Repente é oral, requer talento
Repentista nenhum pode ser lento
Sua poesia se faz, bem instantânea
Se gravada, vira até uma coletânea
Se eu pensar, vem mais forte que o vento
Pra deleite de quem quer ouvir mais
Com excelência, o Repente resplandece
No universo das Artes, com “finesse”
O Repetente glosado beleza traz
O povão o aprecia, na rua, pertinaz
É cantado por dupla de grande porte
Vila Nova, Oliveira, dando o Norte
Evocando os Batistas do Egito
Na peleja, seu par deixam aflito
Referência eles são, bastante forte
O Repente tem gêneros diversos:
Tem sextilhas, septilhas, tem oitavas
E as décimas, o poeta também crava
Respeitantes ao número de versos
Que tipo de estrofes vêm imersos
De Seis versos, de sete, oito ou dez
Na peleja, o Repente dá revés…
O Martelo e o Mourão estão na área
O Repente tem belas faces, várias
O improviso não permite rodapés
As estrofes decassílabas têm acento
Na terceira, na sexta e na décima
Do contrário, a estrutura fica péssima
Tornaria o verso não isento
De chacota, ao calor de tais eventos
Na sextilha e septilha, por sua vez
Elas têm específicas suas leis:
Na terceira e na sétima, recaia a tônica
E assim, a poesia faz-se eufônica
Agradando aos ouvidos: nota dez!
Do Repente a gigantes rendo loa
Aos Batistas, irmãos, lá do Egito
Homenagem lhes presto por seus ditos
Vila Nova, Amâncio, Oliveira
Salve, Pinto de Monteiro, gente boa
E Daudeth o nordeste tematiza
Destacando suas praias, sua brisa
Cada Estado com seus próprios atributos
Ressaltando seus filhos mais argutos
O nordeste na cultura se enraíza
Repentistas Mulheres temos tantas
A brilhar, recorrendo a própria luz
Ante os homens, seu valor não se reduz
Com Mocinha de Passira também canta
Minervina Ferreira - que garganta!
Atuando em gêneros diversos
Fabiana e Lucinha, com seus versos
Na Peleja, Mourão, quebra-cabeça
Cantam livres, ao machismo sendo avessas
Feminismo na luta está imerso
João Pessoa, 12 de julho de 2022
Caro, Alder, uma "belezura" dessa nos torna ainda mais admiradores de ilustres repentistas espalhados por esses rincões. Amo a poesia que se faz no improviso, q constrói temas inesperados e a gente, o que pode fazer, é aplaudir 👏🏿👏🏿
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