segunda-feira, 8 de agosto de 2022

ALVORADA EM JOÃO PESSOA

 


Alder Júlio Ferreira Calado


Levemente tocados pela aurora

Os meus olhos se abrem: é madrugada!

Ouço o canto dos pássaros em revoada

Meditando, minha alma rememora

Os sinais que me chegam lá de fora

Sinto o vento nas folhas do arvoredo

A saudar o irmão Sol radiante, ledo

Salmodio o Senhor que ouve os gritos

Dos que guardam esperança, embora aflitos

Semeando o amanhã, vencendo o medo


Aplicando o ouvido, escuto bem

Não tão longe de casa, a passarada

A rolinha que arrulha, isolada

Beija-flor, pintassilgo e o vem-vem

Ouço ainda e imagino, mais além

Pelos galhos pulando, enfeita, adorna

Lá na matam o ferreiro, de bigorna

Malha um canto estridente e portentoso 

E com a fauna partilha um alto gozo

Pra seu ninho voando à pressas torna


Manaíra (João Pessoa - PB), dezembro de 2002


(Extraído do Livro “FIOS DO COTIDIANO”. João Pessoa: Edições Buscas, 2002, p.11)


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