MARX, K. Le Capital. Critique de l´Économie Politique. Éditions du Progrès, Moscou, 1976. Livre III, chap. 19, pp. 330-338.*
Resumo do Capítulo XIX: Capital financeiro
Alder Júlio Ferreira Calado
* O capital financeiro constitui um aspecto do processo de produção capitalista. Está mais diretamente conectado às operações técnicas do dinheiro. Também, tem a ver com o processo de circulação do capital industrial e do capital comercial.
* Ainda que conectado com o capital industrial e com o capital comercial, o capital financeiro, dada a dinâmica impressa pelo movimento do dinheiro, empreende uma dinâmica própria, relativamente autônoma.
* O capital financeiro expressa uma fração do capital industrial e uma fração do capital comercial, que vai assumir uma dinâmica própria enquanto capital-dinheiro, tornando-se assim uma forma de capital relativamente autônoma do capital total.
* Tal como sucede ao processo de acumulação, o capital investido passa a ser o ponto de partida e o ponto de chegada, na dinâmica capitalista, significando uma etapa transitória no processo de construção capitalista.
* Tal movimento é que gera a metamorfose representada na fórmula M - A – M.
* A depender da troca de mercadorias, o dinheiro pode atuar seja sob a forma de meio de circulação, seja como meio de pagamento, permitindo ao capitalista tanto aplicar uma grande soma de dinheiro como receber uma enorme soma de dinheiro.
* Essas operações fazem parte da dinâmica própria das técnicas operacionais do dinheiro ou dos encargos e taxas, não criando, porém, valor. Tais operações são protagonizadas por um segmento particular dos capitalistas (os que lidam com o universo financista).
* “Uma determinada fração de capital deve sempre existir sob a forma de tesouro, de capital-dinheiro, em potencial: reserva de meio de compra e de pagamento.” (p. 331)
* Em função da divisão social do trabalho, essas operações técnicas relativamente autônomas do capital, asseguram em geral a manutenção dos interesses de todos os segmentos capitalistas.
* Graças à sua dinâmica crescente, o capital financeiro vai permitir uma crescente complexificação das operações técnicas, ocasionando um amplo universo de espaços operacionais no sistema financeiro, do que se beneficiam, direta ou indiretamente, todos os segmentos do capital total.
* Também, em função de tal potente dinâmica, o sistema financeiro vai ganhando escala globalizante, de tal modo a expressar-se também na importância da circulação do dinheiro sob a forma de moedas nacionais e locais, para o que o sistema cambiário exige a adoção de um valor-padrão que é o ouro, como parâmetro internacional de câmbio.
* São bastante amplas e sutis as vinculações do capital financeiro com as demais formas de capital (industrial e comercial), não obstante seu relativo grau de autonomia. Isto se dá graças à incessante expansão dos negócios do capital por todo o mundo, a implicar múltiplas operações financeiras (de câmbio, de moedas, de moeda-lastro), sem contar as inúmeras operações relacionadas ao comércio de metais que escapam, por vezes, do circuito financeiro propriamente dito.
* Em algumas passagens do capítulo, sente-se bem o cuidado do autor em sublinhar a crescente e complexa evolução do capital financeiro, cujas operações puramente técnicas vão ganhando autonomia, sem que isto signifique a manutenção de laços orgânicos com o espírito do capital total.
* Importa, sobretudo, ao final do capítulo, tentar para os laços orgânicos e eficazes que unem todas as formas sob as quais atua o capital total – seja sob a forma de capital industrial, seja para a forma de capital comercial, seja sob a forma de capital financeiro: de todos os modos os capitalistas são os ganhadores à custa da exploração da Classe Trabalhadora e do esbulho da natureza.
João Pessoa, 9 de novembro de 2015
*Texto/Resumo elaborado em função dos estudos de O Capital, como tarefa coletiva da Oficina do saber, coordenada pelo Professor Ivandro da Costa Sales, com reuniões mensais realizadas no município do Conde - PB
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