TRAÇOS DA MÃE ÁFRICA: Em busca de nossas raízes (I)
Alder Júlio Ferreira Calado
Nos próximos números de ABIBIMAN, estamos propondo uma incursão histórica pelos caminhos da África, em busca de nossas raízes de Afro-descendentes, mais precisamente de Afrobrasileir@s.
Não raro, lemos que é em terras africanas que reside o berço mais remoto da Humanidade. Traço que não nos passa despercebido. O que isso significa para nós? Que terra é esta? Quais as principais marcas de sua geografia e de sua Gente? Que traços relevantes de sua história merecem ser aqui sublinhados? Onde e como vive sua população? Como entender sua vasta diversidade cultural (étnica, linguística, religiosa)? Como se processou a tragédia da colonização; inclusive nos dias de hoje? Que valores foram por nós historicamente incorporados, e que têm a ver com nossa herança da Mãe-África? Como se situa, hoje, a África no cenário internacional, nesses tempos de globocolonização?
Perguntas como essas vão servir de pistas a serem por nós exploradas, nesses próximos meses. Bem mais do que um exercício de mera curiosidade intelectual, o nosso propósito é, sobretudo, de (caráter didático, com o intuito de contribuir com o fortalecimento da nosso esforço de construção identitária, de avivar os traços do nosso rosto de Afrodescendentes, de Afrobrasileir@s. Comecemos por alguns elementos de sua geografia.
Com seus cerca de 30.300.000 Km2 - correspondendo a perto de quatro vezes a área do Brasil -, a África se apresenta como o segundo maior continente, apenas superado em área pela Ásia. Está cercado de grandes oceanos (o Atlântico, o Índico) e célebres mares (o Mediterraneo, o Mar Vermelho). O continente africano está dividido quase ao meio pela linha do Equador. Continente de diversificada vegetação. também possui cimas bastante variados, oscilando de áreas equatoriais úmidas a áreas desérticas (o Saara chega a ocupar uma área correspondente à do território brasileiro), passando por regiões tropicais, Comporta densas florestas como montanhas de grande porte.
Sua população está em torno dos 700 milhões de habitantes, também cerca de quatro vezes maior do que a do Brasil. Compõe-se de umas. quatro dezenas de países, entre os quais podemos citar: 130 Norte, a Argélia, a Libia, o Egito; ao Sul, a África do Sul, Zimbábue, Moçambique, a Namíbia; ao Leste, a Etiópia, o Quénia, a Tanzânia; ao Oeste, o Senegal, a Guiné-Bissau, Costa do Marfim; ao Centro, a Nigéria, o Chade, o Zaire, o Sudão, entre outros.
Igualmente diversificados (e muito ricos e cobiçados pelas grandes potências capitalistas são seus recursos naturais, variando do petróleo (Argélia, Líbia, Egito) ao ouro, diamante, carvão (África do Sul e outros).
Profundo é o contraste existente entre a variada riqueza de seu território e o crescente empobrecimento de sua população. Em torno da metade da população vive em situação considerada abaixo da linha da pobreza. A principal raiz desse empobrecimento reside nas relações colonialistas (até os anos 70 praticadas abertamente, e atualmente de forma velada) pelas principais potências capitalistas, a exemplo da Inglaterra, da França, dos Estados Unidos... Portugal não fica de fora.
Não é à-toa, por sinal, que em grande dos países africanos (muitos dos quais demarcados com fronteiras artificiais, conforme a ambição, possessiva dos invasores), são faladas línguas como o Inglês, o Francês, o Português... Pelo manos por uma parte da população. já que fala mais alto seu zelo identitário, Em virtude do qual não abdicam de comunicar-se em suas próprias linguas, nas relações, do cotidiano. (Continua nos próximos números).
João Pessoa, Outubro de 2004.
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