A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA OBRA DE JOSÉ COMBLIN
Alder Júlio Ferreira Calado
Também conhecido como “Profeta da Liberdade" (inscrição, aliás, feita sobre sua lápide), José Comblin (1923-2011) se tem destacado como um teólogo de excelência, especialmente na Teologia Latino Americano, pela sua vasta obra multi-temática, sendo ele próprio um dos fundadores da Teologia da Libertação. Por maior que seja o reconhecimento internacional de sua contribuição teológica, importa sobretudo ter presente o conjunto de seu legado - espiritualidade, estilo de vida, missão itinerante, testemunho, que se completam também por seus vastos escritos (cerca de 70 livros além de mais de 400 artigos, dezenas de entrevistas, vasto acervo de cartas) ...
Com efeito, em se tratando de uma figura prolífica, não apenas em virtude de seus escritos, mas também pelo seu denso legado existencial, importa ter presentes estes traços, como condição a uma leitura aproximativa mais objetiva do teólogo. A este respeito, há quem, como Eduardo Hoornaert, dele fale comparando-o a um “um oceano”.
Uma marca forte que se observa na emblemática trajetória de Comblin nos remete ao missionário itinerante que percorreu, durante décadas, na maioria dos Países do continente americano, em especial América Latina, tendo convivido estreitamente com uma notável diversidade de comunidades populares - povos originários, comunidades camponesas e tradicionais, além de vários movimentos populares urbanos.
Isto também se explica pela sua história pessoal, antes mesmo de vir para América Latina ( Campinas - SP; Santiago-Chile; Recife - PE; Talca - Chile; Riobamba - Equador); Paraíba ( Pilões, Serra Redonda Bayeux), Bahia. De fato, ao chegar ao Brasil, 1958, Comblin já contava 35 anos de idade, já formado Doutor em Teologia tendo acumulado um percurso de longa e profunda formação teológica, tendo sido beneficiado por uma sólida formação familiar.
Filho de Firmino e Alice, que tiveram 3 filhos (José,André e Jacques ) e 2 filhas ( Colette e Monique ), sendo José o mais velho, teve com os irmãos e irmãs uma consistente educação cristã, semelhante a de outras tantas famílias de tradição católica de Bruxelas. Junto com o irmão André (que mais tarde também se tornaria padre), desde a infância frequentaram assiduamente a Igreja de sua Paróquia, tendo ambos se tornado acólitos, circunstância que favoreceu seu precoce aprendizado do Latim).
Aos 17 anos, após confessar aos seus pais seu desejo de ser sacerdote / notícia que não surpreende, de modo algum, seus pais / e em tratativas com seu tio padre ( irmão de sua mãe), entrou para o seminário, cursando Ciências Naturais, em seguida, estudando Filosofia e Teologia. É relevante destacar a excelência de sua formação teológica para qual contribuíram, além de sua especial dedicação e entusiasmo, professores de reconhecida competência, alguns dos quais tiveram participação na elaboração de vários documentos do Concílio Vaticano II.
Nunca é demais insistir na excelência de sua formação teológica, tanto na Graduação quanto em seu Doutorado. Destaca-se também o ambiente de estudos, no qual ampla liberdade de pesquisa era assegurada aos estudantes. De fato,a Universidade de Lovaina tem toda uma história de profundo reconhecimento diante das mais respeitadas Universidades teológicas do mundo ocidental. A quantidade e a qualidade das fontes de pesquisa, assegurado o clima de liberdade, propiciavam aos seus estudantes, especialmente aqueles que, como José Comblin, contavam com orientadores e professores de excelência gozando de tal ambiência, José Comblin deu o melhor de si, ao mesmo tempo em que cultivava uma profunda espiritualidade Evangélica.
Além de ser seu orientador, Lucien Cerfaux, a quem muito admirava, inclusive por sua postura de simplicidade (ia de bicicleta para o trabalho), era um respeitado exegeta do novo Testamento e exerceu notável influência sobre Comblin e destacado papel na elaboração de alguns documentos do Concílio Vaticano II, notadamente no trato do tema “Povo de Deus”. José Comblin nutria, não por acaso, especial apreço pelos seus professores de História e de Exegese, cuja contribuição se fez sentir até nos documentos principais do Concílio Vaticano II, graças ao trato de temas inovadores, a exemplo do conceito de “Realidades terrestres “, trabalhado pelo seu professor Gustave Thils.
A tese de Doutorado de José Comblin, sob a orientação de Lucien Cerfaux, versou sobre a dimensão litúrgica do Livro do Apocalipse, por meio da qual evolui para o tema da Ressurreição de Jesus. Importa, ainda, ressaltar, inclusive por conta da influência de seu Orientador, o profundo interesse de Comblin sobre todo o novo Testamento, não apenas os evangelhos, como também as cartas paulinas sobre as quais desenvolveu, ao longo de décadas, primorosos estudos posteriormente publicados em livros.
Ele cursou o seu Doutorado, já tendo sido ordenado presbítero, em 1947. Após concluir o seu curso, foi designado cooperador Paroquial, que já contava com vários sacerdotes. Não se encanta com o novo trabalho: a cultura eclesiástica dominante na Bélgica e na Europa, em geral, lhe parecia distante dos apelos mais fundos do Evangelho. Cresce nele a disposição de exercer sua missão junto aos pobres, na América Latina, tendo aproveitado muito bem o convite formulado por Pio XII, por meio da Bula” Fidei Donum”, convidando os Bispos Europeus a enviarem Padres para a América Latina, o Brasil inclusive, com o objetivo de combater o Comunismo Ateu e o Protestantismo, objetivo pelo qual Comblin não estava fascinado…
Com sua chegada a Campinas, junto com dois outros colegas, em 1958, tem início uma longa caminhada missionária itinerante pela América Latina. Na Diocese de Campinas, onde destaca sua atuação como assistente da JOC (Juventude Operária Católica), trabalha até 1962, quando parte para Santiago (Chile, a convite da autoridade local, para ser professor de Teologia na Universidade Católica local). Cumpre notar que seu tempo em Santiago corresponde ao período em que se realizava o Concílio Ecumênico Vaticano II, que ele acompanhou atentamente, inclusive tendo contribuído na assessoria do Cardeal Dom Manuel Larraín, Bispo de Talca, muito amigo de Dom Helder Câmara. 1965, desta vez a convite de Dom Helder, vem trabalhar na Arquidiocese Olinda E Recife, como um dos principais assessores de Dom Helder, que também o designaria Diretor de Estudos do Seminário Regional do Nordeste II e, posteriormente,do iter (Instituto de Teologia de Recife).
Em seu trabalho de assessoria a Dom Helder, cumpre destacar, dentre as tarefas de assessorias recebidas, a de haver elaborado, a convite de Dom Helder, a título de subsídio para a Conferência Latino Americana de Medellín (Colômbia, 1968), um denso texto que, em plena Ditadura empresarial-militar, acabou vazando e caindo nas mãos do Vereador Wandenkolk Wanderley, que fez publicar a íntegra do texto, no Diário de Pernambuco, ocupando duas páginas inteiras, estratégia para acusá-lo de subversivo, inaugurando uma ofensiva que culminou com sua expulsão do Brasil em 1972.
Após alguns meses na Bélgica, sua terra natal, em que teve a visita solidária de Dom Helder, exila-se no Chile, desta vez em Talca, onde dá sequência ao seu trabalho missionário, voltado para os trabalhadores do campo, dos quais é emblemática a criação do Seminário Campesino, ao mesmo tempo em que dá prosseguimento a sua densa produção teológica.
Somente em 1980, quando a Ditadura Empresarial-Militar chegava ao começo do seu fim graças a resistência crescente da sociedade civil organizada, é que Comblin retorna ao Brasil - desta vez, para Paraìba -, ainda que como turista, tendo que sair do País, a cada três meses, para renovar a documentação exigida. É na Paraíba (Pilões, Serra Redonda, Mogeiro, Bayeux), onde Comblin passa o período mais longo de sua ação missionária: De 1980 a 2009, seguindo finalmente para Barra - BA.
Seu longo período de ação missionária na Paraíba foi marcado por um conjunto - cerca de uma dezena - de iniciativas comunitárias, de reconhecido alcance missionário-profético: Desde a reanimação da AMINE (Associação dos Missionários e Missionárias do Nordeste), à fundação do Seminário Rural (Em 1981, em sua versão brasileira, já que em Talca, havia fundado o Seminário Campesino), experiência que durou apenas dois anos, desautorizada que foi por Roma; o Centro de Formação Missionário (versão masculina), em Serra Redonda, em 1983; o Centro de Formação de Missionárias Populares, em Mogeiro, 1986/87; a AMC (Associação dos Missionários e Missionárias do Campo); a Fraternidade do Discípulo Amado, 1995, instalada na Serra do Catita, no Município de Colônia Leopoldina; a Associação Árvore, destinada à formação de evangelizadores leigos; as Escolas de Formação Missionárias (Juazeiro - BA, 1989); Santa fé (Solânea - PB); (Esperantina - PI); (Floresta - PE); (Barra - BA); (Prelazia de São Félix do Araguaia - MT); o Movimento De Peregrinos e Peregrinas do nordeste; o grupo Kairós, que se originou ,em 1998, dos encontros mensais realizados na casa do Pe. José, e que hoje continua atuando semanalmente, há 25 anos estudando a obra de Comblin e de outros teólogos e teólogas; o grupo José Comblin, em Café do Vento, animado pelo Pe. Hermínio Canova, que juntamente com o Kairós, a CPT, o CEBI e outros coletivos organizam, desde 2011, a Semana Teológica Pe. José Comblin, este ano em sua 13ª edição, celebrativa do centenário do Pe. José.
Fazemos questão de destacar estes traços bibliográficos de Comblin convencido de que qualquer tipo de iniciativa por ele protagonizado - seja na dimensão de sua espiritualidade profética,seja no campo de sua atuação missionária,seja no campo de sua vasta produção teológica, seja ainda em sua reconhecida produção interdisciplinar (nos campo da História, da Antropologia, da Sociologia, Política, entre outros) -, uma compreensão mais densa desta figura, ainda que aproximativa, só se dá, situando-o, de modo profundamente interconectado em seu contexto integral. Eis por que, também ao refletirmos sobre o lugar da ação do Espírito Santo em sua obra, importa fazê-lo, sob esta perspectiva.
José comblin cofundador da Teologia da Libertação
Uma leitura da Teologia da Libertação, quando feita do ponto de vista estritamente acadêmico, não logra uma compreensão menos imprecisa de que, em seu processo, a Teologia da Libertação constitui ato segundo, eis que, em suas origens, estão as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), as Pastorais Sociais e movimentos e organizações congêneres. A omissão destes sujeitos eclesiais, especialmente na América Latina, implica um grave equívoco de avaliação. Com efeito, a Teologia da Libertação constitui ato II, à medida que corresponde a uma reflexão melhor sistematizada das ações desenvolvidas por aquele conjunto de forças eclesiais.
Não raramente, a impressão de não poucos é de que a Teologia da Libertação nasce, de forma abrupta, com a publicação, em 1971, do livro “Teología de la Liberación”, de autoria de Gustavo Gutiérrez. No entanto, a Teologia da Libertação, tem profundas raízes históricas, de modo recente e menos recente, em diversas experiências históricas protagonizadas por várias organizações eclesiais, frequentemente reconhecidas como a “Igreja na Base”.
Para não recuarmos a séculos passados - inclusive desde os Movimentos Pauperistas da baixa Idade Média, que aqui nos basta partirmos de experiências eclesiais protagonizadas pelo povo dos pobres, a partir dos anos 60, na América Latina e no Brasil.
Com efeito, o Concílio Vaticano II, convocado em 1959, pelo bom Papa João XXIII, e tendo-se realizado de 1962 a 1965, representou um relevante marco na caminhada da Igreja, especialmente com sua “recepção” na América Latina, inaugurada com a Conferência Episcopal Latino-Americana de Medellín, realizada na Colômbia em 1968, ela própria tendo sido resultado de uma confluência de experiências Latino-americanas pós conciliares, das quais merecem destaque especial:
o Pacto das Catacumbas, relevante experiência profética, vivenciada por 40 Bispos, além de Paul Gauthier, Therese e Pe. Luís Gonzaga Fernandes, em seguida nomeado Bispo de Vitória - ES. Acontecimento realizado a poucos dias do encerramento da última sessão conciliar (mais precisamente, em 16 de Novembro de 1965), da qual resultou o compromisso com a causa libertadora dos pobres;
a criação das CEBs ( Comunidades Eclesiais de Base), a partir dos anos 60, no Brasil e na América Latina, constituindo a experiência do nascimento da Igreja Latina Americana, com rosto próprio, entendidas como ”um novo jeito de ser Igreja” ou, na feliz expressão cunhada por D. Pedro Casaldáliga, ”um novo jeito de toda Igreja ser”, a medida que de uma CEB participam Leigas, Leigos, Religiosas, Religiosos, Padres, e Bispos, verdadeira “Igreja na Base”;
o Movimiento Sacerdotes para el Tercer Mundo, densa experiência protagonizada por Padres Latino Americanos, especialmente da Argentina, buscando despertar na Igreja a presença e o compromisso com a causa libertadora dos empobrecidos, inspirando a “Opção pelos Pobres”, marca fundamental da Conferência Episcopal Latino Americana de Medellín, em 1968.
Estas experiências eclesiais é que inspiraram a reflexão teológica assumida pela Teologia da Libertação. Isto se deu, não automaticamente, mas como um processo. Já em 1965, no Brasil, teve início um empreendimento que se revelaria seminal, na construção da Teologia da Libertação. Tratou-se de uma série de encontros anuais de teólogos Latino-Americanos. A partir do primeiro encontro realizado no Brasil, do qual participaram figuras tais como Juan Luis Segundo, José Comblin, Frei Gilberto Gorgulho, Gustavo Gutierrez, Ana Flora Anderson, Segundo Galilea, Ivan Illich, entre outros, a cada ano, este encontro passou a ser realizado, em vários países: México, Chile, Uruguai, Brasil, onde se realizaria o IV Congresso Ecumênico Mundial de Comunidades Cristãs. Como se percebe, tais encontros lograram significativos resultados, de alcance não apenas Latino-Americano, mas estendendo-se pela África e pela Ásia. É neste contexto que nasce e evolui a Teologia da Libertação, cuja marca principal foi impressa pela publicação da "Teologia de la Liberación”, de autoria de Gustavo Gutiérrez, 1971.
A contribuição específica de José Comblin:a Ação do Espírito Santo.
A despeito de que, de algum modo, o tema do Espírito Santo perpassa todo o legado Pe. José Comblin - até o título de sua principal biografia, escrita por Mônica Muggle, remete a este ponto: "José Comblin, uma vida guiada pelo Espírito" - ,sobretudo a partir de 1978, José Comblin se dedica mais diretamente a pesquisa sobre a Ação do Espírito Santo (no mundo e na Igreja) , com a elaboração do livro “O Espírito no Mundo”, editado pela Vozes, 1978.
Neste livro, Comblin avança cinco marcas fundamentais da ação do Espírito Santo: “Ação“, “Palavra”, ”Liberdade”, ”Povo de Deus” e “Vida”. A partir de então, Comblin vai dedicar décadas de pesquisa sobre cada uma. Dois anos após a publicação deste livro, eis que ele elabora o primeiro livro deste projeto. Em 1982, a Editora Vozes traz a público o “O tempo da Ação: Ensaio Sobre o Espírito e a História”. Nele, o autor, ao percorrer relevantes períodos históricos do Cristianismo, cuida de analisar, sempre de maneira bem documentada, a presença da Ação do Espírito Santo no mundo e na história. Em nosso grupo “Kairós”, tivemos a oportunidade de fazer a leitura completa deste seu ensaio sobre o Espírito Santo e a História. Que aqui nos baste fazer uma breve referência do último capítulo e da conclusão deste Livro de 400 páginas. Em seguida, tomo a liberdade de citar alguns trechos do resumo do último capítulo e da conclusão deste livro, que elaborei em 2010. (cf. textosaldercalado.blogspot.com):
“O autor distribui o capítulo IX em duas partes: na primeira trata de explicitar o tipo de abordagem que orienta o sentido do discernimento (pp. 353-370), enquanto dedica a segunda parte a tratar da libertação dos pobres e suas mediações (370-379). O discernimento é a ação do Espírito de Jesus, iluminando as escolhas e as decisões individuais e coletivas do Povo de Deus, ao longo da história. É o Espírito quem conduz a história por meio do discernimento e da ação dos pobres, dos humildes, dos fracos em quem Sua força se revela. O Espírito conduz a história, sem nada nos impor. O discernimento ocorre nas ações humildes, modestas e sobretudo escondidas, protagonizadas pelos pobres. O discernimento, também na perspectiva de O. Cullmann, é o coração da moral cristã, no plano da ação na história. (pp. 352-353)
Três tópicos compõem a primeira parte, onde explicita que abordagem o guiará em sua reflexão sobre o discernimento: a abordagem paulina, o discernimento na história e a prática do discernimento.”
Investigador incansável, prossegue em suas pesquisas desta vez em torno de outro conceito-chave característico da ação do espírito santo: A palavra. Trata-se de mais um alentado estudo - diríamos mesmo um tratado de 400 páginas -, que foi publicado pela editora Vozes, em 1986, sob o título “A Força da Palavra” (COMBLIN, José. A força da Palavra. No princípio havia a palavra. Petrópolis: Vozes, 1986.).
“O primeiro capítulo aborda o sentido da Palavra, por meio da qual Deus age. Palavra encarnada, feita pobreza, no meio do povo dos pobres. Donde sua força e sua fraqueza. Palavra do Pai que o Espírito vai infundir em Jesus e em seus discípulos. Palavra que provoca divisões entre ricos e pobres, e entre verdadeiros e falsos pastores. Palavra cuja recepção se dá de diferentes modos, através dos tempos. Palavra que comporta força, mas também fraqueza.
No capítulo II, o autor mergulha na história do Cristianismo, a perscrutar a ação da Palavra diante da realidade da civilização greco-romana, apontando seus principais desafios”.
“Vocação para Liberdade” vem dar prosseguimento ao projeto combliniano de buscar entender a ação do Espírito Santo na História. A Liberdade constitui um chamamento fundamental a todos os discípulos e discípulas de Jesus, como nos lembra Paulo, na Carta aos Gálatas, cap.5. Eis a vocação a que os seguidores e seguidoras da Tradição de Jesus são chamados a responder ao longo da História. Inspirados e focados neste ensinamento, José Comblin nos convida, em seu livro, a examinar, pelos caminhos da história, como e em que medida fomos e temos sido capazes de testemunhar esta vocação.
Em 2002, fiel ao seu projeto de buscar entender melhor a ação do Espírito Santo no mundo e na Igreja, ele traz a público, pela Editora Paulus, o livro intitulado “Povo de Deus“, sobre o qual tivemos oportunidade de refletir, no livro elaborado coletivamente, para homenagear José Comblin, pelo transcurso de seus 80 anos, em 2003. (cf.”A Esperança dos Pobres Viver “.São Paulo:Paulus, 2003).
Em seguida ele escreve o livro intitulado “A vida: Em Busca da Liberdade”. São Paulo: Paulus, 2007, assim concluindo o prometido em seu projeto de 1978. Cumpre notar que este livro também constitui uma trilogia, ao lado de “O Caminho: Ensaio sobre o Seguimento de Jesus” (São Paulo: Paulus, 2006) “O que é a Verdade?“ ( São Paulo: Paulus, 2005).
Como acima lembrado, a investigação pneumatológica Combliniana antecede e vai além do seu projeto apresentado em 1978. Antes e após a publicação destes 5 livros, ele prosseguirá nesta toada, de que são prova direta, ou indiretamente, por exemplo:
“ O Espírito Santo e a Libertação”. Petrópolis: Vozes, 1987, no qual, mais uma vez, o autor rememora a ação libertadora do Espírito Santo, na História, especialmente na presença e animação do povo dos pobres, nas comunidades de base, nos marginalizados;
“O Espírito Santo e a Tradição de Jesus”. São Bernardo do Campo: Nhanduti, 2013. Com o propósito de tornar mais acessível esta obra póstuma de José Comblin, o “site” teologianordeste.net propôs a Editora Paulus a edição do mesmo livro, em sua terceira versão, com o mesmo título;
A propósito desta última obra, Comblin, pressentindo a proximidade de seu retorno a Casa do Pai, empenha-se ardorosamente em nos brindar com uma última palavra sobre Ação do Espírito Santo na história, em seu livro “O Espírito Santo e a Tradição de Jesus, publicado postumamente, em 2012. Chama a atenção também o caminho que escolheu para a elaboração desta sua última mensagem: já aos seus 86 anos decide brindar-mos com nada menos do que cinco versões diferentes do mesmo livro, sendo que a quarta foi irreparavelmente apagado de seu computador, em razão de um comando equivocado na tecla do mesmo, o que o fez simplesmente iniciar um quinta versão, que resultou incompleta, por conta de sua páscoa definitiva, em 27 de março de 2011, cinco dias após haver completado 88 anos.
Destas quatro versões restantes, apenas duas restaram completas, principalmente a terceira versão, contendo 13 capítulos, recém publicada pela Editora Paulus, em coedição com o site teologianordeste.net, por meio de seu responsável, Pe. Hermínio Canova. Os amigos e amigas mais próximos do Pe. José, têm recepcionado este livro como um testamento teológico definitivo, tais a densidade e a contundência proféticas nele observadas.
João Pessoa, 30 de maio de 2023
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