terça-feira, 7 de novembro de 2023

TRAÇOS DA MÃE ÁFRICA: em busca de nossas raízes (XXXI)

TRAÇOS DA MÃE ÁFRICA: em busca de nossas raízes (XXXI)


O Congo sonhado por Patrice Lumumba. Por mais que estejamos aqui a nos remeter, com frequência, à crueldade dos processos de colonização (onde quer que tenham lugar - no caso em tela, na África), quase sempre somos surpreendidos com episódios que vamos conhecendo ou revisitando.


A República Democrática do Congo (a não confundir com o Congo de colonização francesa) situa-se na África Central, perto de Angola. Tem mais de 2.345.000 de Km2, área em que vive uma população de mais de 65 milhões de habitantes. Como tantos outros países africanos, divididos como coisa de ninguém entre os europeus, no último quarto do século XIX, o Congo (ex-Zaire) foi colonizado pela Bélgica.


Cobiçando suas riquezas naturais, o Estado belga, mancomunado com os interesses de grandes conglomerados transnacionais (inclusive dos Estados Unidos), vivia a tirar o sangue do Povo do Congo, que não encontrou outra saída, senão a luta pela sua independência, seguindo, aliás, os ventos libertários dos anos 60. 


Nesse contexto, é que vai se destacar a figura de Patrice Lumumba, assim como em outros países, outras figuras revolucionárias tomam a frente do duro processo de libertação de sua Gente e do seu País. Articulando as lutas internas e buscando apoio nos países do Terceiro Mundo, filiando-se ao grupo dos países não-alinhados, o Povo do Congo consegue sua independência da Bélgica, em 1960. Na reconstrução do País, realizadas as eleições, Patrice Lumumba é eleito Primeiro-Ministro, para assombro dos inimigos. Tratava-se de alguém distante dos acordos de cúpula, e avesso a manobras de cooptação. 


Arma-se, então, contra ele um complô, formado pelo Estado belga, pela CIA (no Governo Eisenhower) e as multinacionais atuando no Congo. Antes, o rei da Bélgica tinha mandado um recado. Dizia esperar que os cavaleiros que assumiam o governo do Congo fossem capazes de cumprir com dignidade suas responsabilidades... Mas, Lumumba não estava para brincadeira de mau gosto. Mantém-se fiel à sua consciência revolucionária e ao seu Povo. Resultado: organiza-se o Golpe de Estado, menos de três meses depois de governo. Patrice Lumumba é sequestrado, torturado e vem a ser assassinado em janeiro de 1961.


A República “Democrática" do Congo iria, depois, amargar uma corrupta e sanguinária ditadura protegida pelos ocidentais e seus aliados locais. Mais um capítulo trágico de democracia ocidental. Que democracia!


João Pessoa, Agosto de 2007.


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