segunda-feira, 28 de maio de 2018

Um Jesus mais próximo de nós: resumo dos 3 capítulos iniciais do livro de José Antonio Pagola. “Jesus, aproximação histórica”.

Um Jesus mais próximo de nós: resumo dos 3 capítulos iniciais do livro de José Antonio Pagola. “Jesus, aproximação histórica”.

Alder Júlio Ferreira Calado

Pensando em membros do nosso Grupo Kairós (e outros que ainda não leram o mencionado livro), que não têm podido comparecer às reuniões semanais, durante as quais vimos lendo o livro “Jesus, uma aproximação histórica” de autoria do Teólogo Espanhol José Antonio Pagola, trato de resumir seus 3 primeiro capítulos.
Convém, de início, sublinhar alguns traços característicos deste livro e de seu autor. José Antonio Pagola é um conhecido e experimentado teólogo espanhol, com vasta e reconhecida produção. Nas últimas décadas, houve por bem dedicar-se mais fundamente na pesquisa sobre figura de Jesus, buscando uma aproximação histórica. Após anos de pesquisa, consultando uma vasta bibliografia e fontes históricas, chegam a bom termo seus achados, que ele resolve publicar.

Desde a primeira edição em Espanhol - "Jesús, aproximación histórica" (versão disponível em PDF), sua obra vem despertando crescente interesse sobre o percurso histórico de Jesus de Nazaré. A tradução em Português totaliza cerca de 650 páginas.

Dentre os numerosos capítulos, chamam especial atenção alguns desses títulos, tais como o capítulo que vimos lendo: "Jesus Judeu", O vizinho", “Deus, amigo da Vida”, "Poeta da Misericórdia", etc...

O capítulo que estamos concluindo - "Vizinho" - constitui uma detalhada incursão que o autor faz pela região onde Jesus viveu, com sua família.

A perspectiva histórica é a seguida pelo autor aproximativa seguida pelo autor. Não se pretende dizer "a" verdade sobre Jesus, mas, antes, buscar uma abordagem mais próxima possível desta figura fascinante, recorrendo-se a numerosas fontes históricas recolhidas e trabalhadas. Longa é a lista de autores especialistas e de fontes que cita, em sua vasta bibliografia.

No trecho lido, na reunião de ante-ontem, chegamos perto do final do cap. 2, abordando a vizinhança em torno da qual viveu Jesus. Uma narrativa bem detalhada da paisagem geográfica, histórica, econômica, política, religiosa da região onde viveu Jesus - as dezenas de pequenas aldeias próximas a Nazaré. O cotidiano das gentes: as plantações, o trabalho, a vida em família, as festas mais significativas, o culto, etc. Dá-se ênfase às atividades de Jesus, a percorrer e a observar costumes de sua gente, detalhes da Natureza, observações que se refletem diretamente em sua pedagogia, em sua missão junto às gentes das aldeias, sobretudo por meio das parábolas.


1. Jesus Judeu

2. Os vizinhos de Jesus

3. O buscador de Deus:
- belíssima abordagem da missão do Batista: propor a urgência de uma Nova Aliança (a anterior havia sido rompida pelo pecado)
- À semelhança do que Deus propusera na Antiga Aliança, o deserto é o meio de retomada do Projeto de Deus (lugar de conversão, de ouvir a Deus, de arrependimento, de ruptura radical com a vida de pecado)
- O Jordão como lugar de purificação pelo Batismo
- O fascínio que Jesus teve por João Batista (como iniciador de Sua missão)

4, Poeta da Misericórdia

 O Reino de Deus já está entre vocês - passa a ser o grande anúncio inaugurado por Jesus. Mensagem nova e inovadora, do ponto de vista bíblico. Já não se trata mais, como faziam os profetas do Antigo Testamento, de anunciar a vinda (futura) do Reino de Deus, mas de anunciá-lo como uma presença efetiva, a partir de Jesus. Por Jesus e com Jesus, o Reino de Deus já não é apenas uma promessa: é uma experiência viva e vivificante, ao ponto de Ele, ao dirigir-se aos Seus discípulos e discípulas, afirmar que, na história pregressa do Povo de Deus, muitos desejaram ver, mas não viram, e muitos desejaram ouvir, mas não ouviram (cf. Lc 10, 23-24). Mesmo em meio àquela complexa desigualdade social e opressão daquela época (como hoje, ainda...), é justamente aí que Jesus passa a vivenciar a anunciar que o Reino de Deus já começa a ser uma realidade. Não vem pela razão da força, não vem pela força da propaganda, do "marketing", dos eventos espetaculares, mas vem modestamente, de modo humilde, e se faz presença renovadora entre os discípulos e discípulas de Jesus, a manifestar-se nas "correntezas subterrâneas", nas ações moleculares, lá onde se cultiva a vida, lá onde se luta por Liberdade, por justiça e paz. Lá onde se cuida dos mais necessitados e injustiçados.


Nos últimos tópicos do cap. 3, sob a chamada “Deus amigo da vida, o autor foca o cerne da proposta do Reino de Deus, anunciado e inaugurado  por Jesus: a vida em plenitude para todos, em especial para os pobres e desvalidos. Eis uma marca nuclear da proposta do Reino de Deus, fartamente amparada na Sagrada Escritura. A este respeito, o autor enfatiza o denso significado do Salmo 72 e do Salmo 146. No Sl 72, aparecem as verdadeiras características do Reino de Deus, na descrição dos predicados de quem cuida deste Reino:
- Julga os pobres com justiça;
- Acudirá os aflitos e necessitados;
- Quebrantará o opressor;
- A justiça florescerá, bem como um tempo de paz;
- Libertará as vítimas da violência;
Traços estes igualmente reforçados no Sl 146:
- Os cegos terão sua vista recuperada;
- Os abatidos serão levantados;
- Serão respeitados os direitos e a dignidade do estrangeiro, do órfão, e da viúva.


O Reino de Deus é garantia de vida plena: para os cegos, para os coxos, para os surdos. É boa notícia para os encarcerados, para os prisioneiros de todo tipo. É vitória contra o medo, a grande arma dos dominadores, seja no âmbito político, seja na esfera econômica, seja no terreno cultural ou no plano religioso. Não é certamente por acaso a frequência com que aparece nos Evangelhos a advertência de Jesus aos Seus seguidores: “Não tenham medo!” Palavra dita, especialmente, aos pobres e desvalidos, justamente pela sua condição de injustiçados e necessitados de amparo e solidariedade.  
Tal particularidade da atenção de Jesus aos pobres e sofredores vem especialmente destacada no ítem “A sorte dos pobres”, que indica a condição privilegiada dos pobres, aos olhos de Jesus. Deus não é neutro. Ele toma partido claramente em favor dos oprimidos e injustiçados, dos pobres e sofredores. Em diversas passagens bíblicas, tal situação resulta evidenciada, a exemplo do que acontece nas Bem-aventuranças, tanto em Mateus ,quanto em Lucas. Quem são mesmo os bem-aventurados? São os pobres, são os aflitos, são os famintos...
No ítem seguinte, o autor trata de indicar como isto se dá, com base em várias passagens bíblicas.

Eis, pois um breve apanhado dos 3 primeiros capítulos deste livro. Brevemente daremos seguimento ao resumo dos demais capítulos.  

João Pessoa 28 de Maio de 2018

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