TRAÇOS DA MÃE ÁFRICA: Em busca de nossas raízes (XXVIII)
Alder Júlio Ferreira Calado
Marrocos, sua terra e sua gente. Situa-se ao Noroeste, no extremo Noroeste africano. Não por acaso, o Marrocos constitui um dos países do famoso Maghreb, palavra de origem árabe que quer dizer “o poente”. Limita-se ao Norte com o Estreito de Gibraltar (bem ao Sul da Espanha), canal que liga o Mar Mediterrâneo ao Oceano Atlântico; ao Sul, com a Mauritânia; a Leste e a Sudeste , com a Argélia; e a Oeste, com o Oceano Atlântico. Seu nome deriva do vocábulo "Marrakech", Marrocos [Marrocos, em Espanhol; Maroc em Francês], e é o nome de uma de suas cidades, fundada em 1062. Rabat é sua capital, sendo que Casablanca é bem maior, com mais de 3,5 milhões de habitantes.
Os Gregos denominavam os povos que habitavam a região onde hoje se situam Marrocos e Argélia, de “os Mauritianos”, de onde o nome de Mauritânia, atribuído ao país vizinho, ao Sul. Consta da mitologia grega a presença dos Atlantes (Atlas é o nome de uma das duas mais importantes cordilheiras do Marrocos), de onde o nome do Oceano Atlântico.
O Marrocos está compreendido numa área de 446.550 Km2, área que alcança 710 Km² se for somado o território do Saara Ocidental, situado ao Sul, reivindicado pelo Marrocos. Conta com uma população estimada em 33.757.000 habitantes, mais concentrada nas cidades próximas do litoral.
A região do Maghreb e suas gentes carregam uma história de invasões e de resistências, desde séculos. Por lá passaram Fenícios, Romanos, Bizantinos, Árabes, sem falar em colonizadores mais recentes, dos quais se destacam os Franceses. Até pela proximidade geográfica, mas também por conta de sua relação histórica, há pendências ainda não resolvidas dos marroquinos em relação à Espanha: algumas cidades que a Espanha considera suas são reivindicadas por Marrocos. Os europeus não se eximirão facilmente dessa triste marca colonialista.
Além do berbere e do árabe, fala-se também francês. Em bem menor escala, também o espanhol. Apesar da violência de cada um desses processos de conquista, cumpre destacar sempre a heróica resistência dos Berberes, nativos da região. Ainda hoje resistem por meio de sua densa cultura. Por mais invasivas que tenham sido, as culturas exógenas não conseguiram apagar os mais vivos traços da Cultura Berbere, não apenas por sua língua ainda falada nas regiões interioranas. Há também traços dos Beduínos. Quanto às principais religiões, predomina largamente o Islamismo (mais de 98%). O Cristianismo é seguido por pouco mais de 1% da população. Por trás e para além das estatísticas oficiais, sobrevivem as expressões religiosas nativas.
Do ponto de vista econômico, vale notar que o Marrocos é um dos poucos países africanos a terem auto-suficiência na produção agrícola. Entre outros produtos, cultiva trigo, batata, milho, cana-de-açúcar. É um bom produtor de carne. Possui uma indústria semelhante à de países congêneres, O turismo representa uma importante alavanca de sua economia, que tem crescido a taxas superiores a 5%, ao ano. Um dado que pode surpreender a não poucos é o fato de Marrocos ser, após a África do Sul, a Argélia, a Nigéria e o Egito, a quinta maior economia do continente, com um PIB estimado em US$ 62, 3 bilhões, com uma Renda Per Cápita estimada em US$ 4.400. (cf. dados colhidos na página da Wikipédia, combinados coma página do www.vindexmundi.com).
Data de 1962 a independência (a se construir) de Marrocos, cujo regime político é uma monarquia constitucional, e cuja constituição passou, desde então, por três reformas. Atualmente, o Parlamento reúne mais poderes. É bicameral, pois se constitui da Câmara dos Representantes, que conta com 325 membros, e correspondendo à nossa Câmara Federal, enquanto a Câmara dos Conselheiros, com 270 membros, corresponde ao nosso Senado.
Ainda importa assinalar alguns avanços conquistados, nas décadas mais recentes, por parte das mulheres organizadas em movimentos. Não é fácil, numa cultura como a delas, fazer progresso nessa direção. Claro que muito mais resta a conquistar. Mas, convém lembrar que, entre nós também, as coisas não caminham satisfatoriamente. Mesmo assim, vale sublinhar que somente com muita luta é que se consegue avançar nos direitos. Lá e cá.
João Pessoa, julho de 2007.