Grito dos Excluídos e Excluídas/ 2023: Promover a vida e a libertação
Alder Júlio Ferreira Calado
Em todo o Brasil, especialmente nas principais cidades, têm lugar, no próximo dia 07/09, a 29ª edição do Grito dos excluídos e excluídas, expressão prática que tem sua origem nas Semanas Sociais organizadas pela CNBB, entre 1993 e 1994. Desde 1995, o Grito dos excluídos e excluídas vem acontecendo, protagonizado, no início pela CNBB, bem como por outras Igrejas cristãs componentes do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) e, em seguida, também por diversas organizações de base de nossa sociedades civil (Associações, Sindicatos de Trabalhadores, Movimentos Populares…).
O tema desta 29ª Edição do Grito dos excluídos e excluídas é “A Vida em Primeiro Lugar” com sub-tema questionando: “Você tem fome e sede de quê?” inspirados e inspiradas pelo tema e subtema, o Grito costuma ser organizado e preparado, ao longo de meses, por diversas equipes de militantes e coordenadores eclesiais e da sociedade civil, munidos de materiais de reflexão crítica sobre os grandes desafios da atualidade, bem como da formação de equipes setoriais encarregadas de preparar blocos temáticos, faixas e cartazes, equipes de animação, de divulgação, de programação do Ato, de custeio, etc.
Em João Pessoa, por exemplo, o Grito dos excluídos e excluídas, em todas as suas edições, tem acontecido, graças ao compromisso de militantes eclesiais e de outras organizações populares e movimentos sociais, cujos representantes começam os preparativos, alguns meses antes do dia. Nas primeiras edições do Grito, ora na Cúria, ora no Mosteiro de São Bento, com o relevante suporte pastoral de Bispos como Dom José Maria Pires e Dom Marcelo Pinto Carvalheira, e graças a contribuição das Pastorais Sociais, o Grito dos excluídos e excluídas, seja no dia 07 de Setembro ou em alguns dias antes, se fazia com um grande número de participantes, a marcharem pelas ruas do centro da Cidade, com carro de som e muita animação, dando o seu recado, apresentando suas denúncias e suas aspirações. Nessas ocasiões é sempre lembrada a figura de Ricardo Brindeiro, a animar todo o trajeto, com suas músicas tocadas ao violão e suas palavras de ordem.
Na metade da década de 2000, eis que, com a mudança de Bispo, o novo Arcebispo, Dom Aldo Pagotto, em oposição à CNBB, tentou em vão proibir a realização do Grito dos excluídos e excluídas no âmbito de João Pessoa, mesmo assim contra a vontade do Bispo, o Grito nunca deixou de acontecer. Com efeito, alguns meses antes de 07 de Setembro, em uma sala cedida pelo SINTRICOM, realizavam-se aí SEMANALMENTE, as reuniões preparatórias do Grito, graças à contribuição de jovens da Consulta Popular, das Pastorais Sociais e de outros Movimentos Populares. Nessas reuniões preparatórias, vale lembrar a participação efetiva de pessoas tais como Gleison, Marquinho, Elias Candido, Ricardo Brindeiro, entre outras.
Nos últimos anos, com tristeza, constatamos um certo recuo da Igreja Católica local, em apoiar firmemente a construção do grito dos excluídos e excluídas. Mesmo assim, como aconteceu no ano passado, os movimentos populares vêm tomando a frente e realizando o Grito. É o que deve acontecer, mais uma vez, amanhã, 7 de setembro. Ainda na segunda-feira próximo-passada, foi realizada mais uma reunião preparatória do Grito, da qual participaram cerca de 40 representantes de vários movimentos populares e sindicais.
A programação do Grito dos Excluídos e Excluídas, em João Pessoa, prevê concentração em frente ao Liceu Paraibano, a partir das 8h00 da manhã do dia 07 de Setembro. Mais uma vez, os participantes do 29º Grito dos Excluídos e Excluídas manifestarão, pelas ruas do centro da cidade, seu protesto contra as profundas desigualdades sociais, a enorme concentração de renda, de terra, e de riquezas em mãos de tão poucos, à custa da penúria de imensas maiorias, no tocante à alimentação, habitação, saúde, educação e tantas outras políticas públicas em falta ou insuficientes para garantirem os direitos elementares à enormes parcelas da população.
Graças à credibilidade política do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, o povo brasileiro evitou a continuidade e o aprofundamento de um governo neofascista. Reconhecendo os limites e alguns deslizes do governo Lula, não podemos ignorar avanços razoáveis, em oito meses de governo.
Reconhecendo o empenho e a disposição do atual Governo, em construir políticas públicas destinadas a combater a fome, o alto “déficit” de moradias, a enorme violência praticada contra os jovens, os pretos, as mulheres periféricas, a dívida social secularmente acumulada pela classe dominante brasileira não podemos recuar na luta por um novo Brasil, com soberania popular, com justa distribuição da renda, da terra, das riquezas nacionais que se acham injustamente concentradas nas mãos de menos de 1% de nossa população.
Em todo o Brasil, vamos, sim, expressar nossos clamores por uma sociedade em harmonia com a mãe-natureza, economicamente justa, politicamente participativa nas decisões e culturalmente respeitosa da diversidade.
João Pessoa, 06 de setembro de 2023.
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