ONDE E
COMO BUSCAR FORÇAS PARA AS RAZÕES DE NOSSA ESPERANÇA? Perguntas úteis em tempos
tenebrosos
Alder Júlio Ferreira Calado
Ontem como hoje, a história e nossas próprias vidas seguem
sendo experiências em aberto. A tudo
devemos estar preparados, a partir de nossos valores mais profundos.
Reconhecendo - e até buscando manter - as positividades características dos
tempos de "vacas gordas", sabemos, contudo, que eles comportam riscos
de malogro. Eis um desafio de monta! Acostumados ao conforto dos tempos de bonança,
mal nos preparamos para períodos de reveses, fazendo ouvidos moucos ao alerta
Paulino, de que “Sei
viver na penúria, e sei também viver na abundância. Estou acostumado a todas as
vicissitudes: a ter fartura e a passar fome, a ter abundância e a padecer - (Filipenses 4:12)”.
E, quando assim não tomamos a sério isto se torna fonte perigosa de
medos, de sentimento de impotência, de tendência a sucumbirmos ao clima de
derrotismo, sentimentos que em nada nos ajudam a enfrentar exitosamente e
vencer os reveses que nos sobrevêm.
O momento atual é um desses tempos de extremos desafios, que
só vamos poder superar, se reforçarmos nossa guarda de autovigilância e de
fortalecimento dos caminhos que apontam para benditos poços de esperança, que
nos permitam “dar a razão de nossas esperanças”. Trato, a seguir, de me colocar
e compartilhar alguns questionamentos, em busca de pistas que nos ajudem a
enfrentar e a superar – ou melhor: a ir superando – as pesadas sombras que
enfeiam nosso caminhar, no atual momento:
- Terá sido a primeira vez que sucedem tais reveses ao longo
da história e também de nossas vidas
- Refrescando nossa memória histórica, que outros tempos
desafiantes – recentes e menos recentes – tivemos, no Brasil e Alhures, e como
foram superados
– Será que a superação de tais desafios não requereu duros
aprendizados, que tivemos que assumir e pôr em prática, como condição da
própria superação?
- Sem deixar de ter sempre presentes os fatores externos de
tantos reveses de ontem e de hoje, será que podemos negar ou não tomar a sério,
nossa cota interna de responsabilidade por parte desses desatinos?
– Revisitando experiências organizativas e formativas vivenciadas
há algumas décadas, protagonizadas por forças sociais e organizações de base de
nossa sociedade, que práticas organizativas e formativas, que se acham no
centro de tantas conquistas, de que nos orgulhamos, se acham hoje distantes de
nós?
- Reconhecendo a necessidade de enfrentarmos velhos e novos
desafios, também do ponto de vista político-eleitoral, será que devemos seguir
perseguindo este caminho que se tem revelado como nossa prioridade quase única,
de modo a aí esgotar nossas melhores energias criativas, ao tempo em que dedicamos
meras palavras de ordem ou esforço secundário a plantar e cultivar sementes
grávidas de alternatividade, no campo e na cidade, em busca de um novo modo de
produção, de um novo modo de consumo, e de um novo modo de organização
societal?
- Conscientes de que “arvore se conhece pelos frutos” que
resultados seguimos colhendo, no Brasil e no mundo, de uma aposta desvairada no
suposto potencial transformador dos espaços governamentais, em detrimento de um
crescente e vigoroso investimento nas “correntezas subterrâneas”, voltadas ao
fortalecimento das iniciativas de defesa e promoção da dignidade do Planeta e
de toda a comunidade dos viventes, protagonizadas por dezenas e centenas de
experiências comunitárias espalhadas pelo Brasil e pelo mundo (combate ao
aquecimento global sistemático cuidado com os Oceanos, com as nascentes dos
rios, com o zelo pelas matas e florestas, com o combate do crescente
envenenamento das águas, do ar, do subsolo, das plantas e animais e do próprio
ser humano; com a busca crescente de alternativas de convivência com o Semiárido;
com o investimento em tecnologias e fontes de energias alternativas; com o
compromisso de cultivo e expansão das terapias naturalistas e comunitárias
integrativas, com o desenvolvimento de fecundas experiências agroecológicas e
da permacultura)?
João Pessoa, 8 de outubro de 2018.
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