TRAÇOS DA MÃE ÁFRICA:
em busca de nossas raízes (XV)
Alder Júlio Ferreira Calado
África e Ocidente: relações mal resolvidas. Ontem como
hoje, os povos africanos têm levado a pior no relacionamento com os Ocidentais
(europeus e norte-americanos). O processo de colonização, ainda que posterior
ao que se produziu na América Latina e formalmente superado, não tem cessado de
semear a cizânia entre os povos. E cizânia da pior qualidade. Os povos
africanos continuam a ser terrivelmente vitimados pela exacerbada sede de enriquecimento
das multinacionais e das superpotências do Ocidente.
Um rápido passeio por diferentes jornais africanos e
outras fontes é suficiente para se ter uma idéia da persistência, sob velhas ou
novas roupagens “democráticas”, dos mecanismos de pilhagem que infelicitam
vários países africanos, principalmente aqueles dotados de recursos naturais
mais cobiçados, como o petróleo, o diamante e outros.
Numa conjuntura em que os grandes conglomerados
transnacionais e as grandes potências se vêem ameaçados pela crescente
insegurança nas regiões petrolíferas sob seu tradicional controle, em
conseqüência do levante das populações invadidas, eis que agora tratam de
reforçar o cerco às regiões africanas de maior potencial econômico.
Se se toma, por exemplo, o caso da
França, que inclusive a manu militari
mantém sólidos interesses de exploração de vários países africanos
“independentes” tais como Togo, Senegal, Benín,
Burkina, Faso, Camarão, Congo, Chad, Gabão, Nigéria, Guiné Equatorial, Mali,
Costa do Marfim, República Centro-Africana, não é difícil percebert os reais
interesses da ex-(?)metrópole. E não sem a colaboração de órgãos como a própria
ONU.... Enquanto isso, os imigrantes africanos na Europa comem o pão que o
diabo amassou. Deve ser por força da reciprocidade “democrática”...
Na manutenção dos laços
colonialistas, os Estados Unidos não ficam nada a dever. Diante dos reveses
sofridos no Iraque, o petróleo africano acirra cada vez mais a cobiça dos
norte-americanos. Por meio de uma fonte tomamos conhecimento de que “calcula-se
que o subsolo africano tem cerca de 9% das reservas petroleiras do mundo, 100
bilhões de barris. E embora o custo de extração seja mais alto do que no
Oriente Médio, porque as jazidas estão no mar, a qualidade é ótima e com pouco
teor de enxofre.” (Joaquín Oramas. “Petróleo, únhico interesse dos EUA na
África”, in http://www.granma.cu//portugues/2005/julio/juev7/28PetroleP.html).
Relacionamento desigual do qual não
está isento o Brasil, em seus empreendimentos em outros países, através da
PETROBRÁS. Que o diga o Povo Boliviano...
Esperamos que as populações
africanas saibam resistir a todos esses assédios. Em especial os países do
Golfo da Guiné (Nigéria, Congo, Gabão, Camarões e Guiné Equatorial), cuja “produção
de petróleo... ultrapassa os 4,5 milhões de barris diários e supera a produção
do Irã, Arábia Saudita ou Venezuela.” Situação agravada pelo fato de que “Atualmente,
os Estados Unidos importam perto de 15% de seu petróleo da região e as
previsões apontam que essa cifra aumentará até chegar a 25% do total, em 2005.
Por seu lado, em 2000, a
União Européia importava 22% de seu petróleo dos países do Golfo da Guiné.
Muitos desses países estão entre os mais pobres do planeta.” (Ib.)
João Pessoa, 01 de janeiro de 2006.
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