quarta-feira, 29 de junho de 2016

Crepúsculo ou vigência evangélica de um profeta?

Lemos, cheios de interrogações, o artigo de autoria de Dom Redovino Rizzardo, sob um título infeliz, que nada tem a ver com a figura do Pe. José Comblin(1). Ao final da leitura do referido artigo que, em duas laudas, pretende sentenciar um teólogo amplamente reconhecido pelo seu fecundo e vigente trabalho missionário, junto aos pobres da América Latina, notadamente no Nordeste do Brasil. Várias perguntas nos suscitou o referido artigo. Destacamos as principais:
– Terá mesmo o autor do artigo algum dia conhecido ou, menos ainda, admirado o trabalho de Pe. José Comblin?
– Em que exatamente o trabalho do Pe. José Comblin se apresenta com ares de esquizofrenia, como se apresentasse com duas faces: uma em que o autor do artigo o admira; e outra, em que o condena?
– Como o autor prova que o Pe. José Comblin tenha deixado de ser a figura que ele mesmo descreve, a justo título, como “um incansável batalhador por uma Igreja mais fiel ao projeto de Jesus e às necessidades do povo”?
– Será que o autor, obcecado pela pressa em condenar, conhece o trabalho profético e missionário dessa figura que, às vésperas de completar seus 88 anos, ainda acompanha pessoalmente, várias escolas missionárias que, há vinte anos, vêm formando centenas de jovens cristãos – missionárias e missionários – a serviço do Reino de Deus, em terras nordestinas?
– Será que o que Pe. Comblin diz numa entrevista (que o autor pinça e à qual se apega em demasia, sem situar sequer o contexto em que é feita a entrevista) comporta inverdades?
– Será que o que ele diz não é expressão de numerosas vozes (algumas de figuras de bispos) que se têm levantado contra uma situação cada vez mais insustentável, a que a alta hierarquia da Igreja teima em fazer ouvidos moucos?
– Nâo será insensibilidade profética do autor interpretar a posição do Pe. Comblin como expressão de saudosismo, com a agravante de atribuir isso ao peso de sua idade?
– No fundamental de sua entrevista, ele não anuncia algo bem mais novo, do ponto de vista evangélico, do que a caducidade de movimentos como “Opus Dei” ou Legionários de Cristo e seus apoiadores?
– Não parece estranho que um bispo, cujo perfil exposto ao público o pinte como membro de uma família de escritores, tenha-se contentado com fazer um artigo de tal gravidade – desde seu título – em duas laudas?
– Será que o autor do artigo conhece mesmo a figura do Pe. Comblin, para dizer dele um semelhante disparate, de que ultimamente seja uma pessoa triste e ressentida?
De imediato, são essas as perguntas que nos ocorre compartilhar com os leitores da mesma página em que foi publicado o artigo, escrito por Dom Redovino Rizzardo, em que é pintado um retrato irreconhecível do Pe. José Comblin, aos olhos de quem o conhece mais de perto. Para o que vimos a público solicitar encarecidamente ao(s) responsável(eis) pela referida página da CNBB a publicação destas considerações, de modo a permitir aos seus leitores e leitoras, um olhar alternativo sobre a figura-alvo de graves críticas.
Que o Espírito nos ilumine e nos encoraje a ouvir o que Ele tem a nos dizer.
Fraternalmente,

Alder Júlio Ferreira Calado – Diácono

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