ABIBIMAN –
PROMOVENDO O PROTAGONISMO DO POVO NEGRO
Alder Júlio Ferreira Calado
“Abibiman:
palavra swahili, significa povo negro: sua significação abrange a totalidade
dos africano (negros), independentemente de qualquer fronteira ou de
particularidade de tribos ou etnias.” (Registro que aparece no Expediente do ABIBIMAN, a cada número do periódico)
ABIBIMAN chega ao número 100! Façanha
que merece múltiplo reconhecimento. A começar pelo fato de que não é qualquer
empreendimento dessa natureza que alcança tal êxito. Imprimir longevidade a uma
iniciativa com tais características é, de fato, algo que escapa ao lugar-comum.
Trata-se de um veículo de comunicação que, sem deixar de ser informativo (e
circulando informações de qualidade!), tem apostado mais em seu esforço
formativo. À diversidade temática socializada subjaz uma inquietação pedagógica
de reconhecido valor crítico-propositivo.
A qualidade socialmente referenciada
deste periódico é fruto de um trabalho persistente de seu corpo de redação.
Depõe de sua qualidade técnica e, tanto quanto ou ainda mais, de seu
compromisso político com a causa negra. Trabalho que implica permanente
pesquisa em fontes fidedignas, do ponto de vista do Povo Negro. Isso,
convenhamos, não é nada fácil. Vivendo cercados de uma mídia que lida tão mal –
para dizer o mínimo – com as relações étnicas (a exemplo do que faz em relação às
temáticas de classe, de gênero e tantas outras...), os redatores de ABIBIMAN são constantemente instados a
beber em outras fontes.
Tarefa complicada, nesses tempos de pensamento único; também complicada para quem, por força das
exigências de sobrevivência ditadas pelas regras do deus Mercado, dispõe – não
por acaso! - de um tempo tão reduzido para lidar com a gratuidade da vida, para
o deleitoso exercício de pensar, de criar, em suma, de exercitar a freireana
curiosidade epistemológica.
Não bastasse o desafio do processo
de concepção, de busca, de coleta das matérias, de definição dos temas a
enfocar, da escolha da linguagem mais apropriada ao perfil dos leitores e
leitoras do referido periódico, ainda cabe ao redator, aos redatores, pensar o
custeio, a circulação, a interação com o público. E tudo de graça. Ou melhor
dito: não raro, tendo que contribuir do próprio bolso. Quem trabalha em e com
movimentos sociais populares tem claro que esse não é certamente o caminho para
enricar...
Ainda com mais força, gostaria de destacar a qualidade
mesma da proposta de ABIBIMAN,
expressão viva dos propósitos da ARCA (Associação de Resgate da Cultura Afro). Não
foi, por certo, em vão a escolha do nome deste fecundo periódico. Graças ao
empenho e à vigilância de seus redatores, tem feito jus ao nome que carrega. Não
se destina a um segmento particular do Povo Negro. Seu propósito é o de prestar
serviço à causa negra, numa perspectiva plural e de respeito à sua diversidade,
ou nos termos empregados pelos seus fundadores, “independentemente de qualquer fronteira ou
de particularidade de tribos ou etnias.”
É assim que ABIBIMAN tem cumprido sua missão de servir como espaço de promoção
do protagonismo do Povo Negro, em sua luta libertadora. Felicitações a quantos
fazem ABIBIMAN: seu público, seus
leitores e leitoras, seus colaboradores e principalmente seus redatores Luiz
Eloy, Francisco Galindo e Romildo Primo.
João Pessoa, 12 de Julho de 2003.
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