sexta-feira, 8 de junho de 2018

ABIBIMAN – PROMOVENDO O PROTAGONISMO DO POVO NEGRO


ABIBIMAN – PROMOVENDO O PROTAGONISMO DO POVO NEGRO

Alder Júlio Ferreira Calado

“Abibiman: palavra swahili, significa povo negro: sua significação abrange a totalidade dos africano (negros), independentemente de qualquer fronteira ou de particularidade de tribos ou etnias.” (Registro que aparece no Expediente do ABIBIMAN, a cada número do periódico)


            ABIBIMAN chega ao número 100! Façanha que merece múltiplo reconhecimento. A começar pelo fato de que não é qualquer empreendimento dessa natureza que alcança tal êxito. Imprimir longevidade a uma iniciativa com tais características é, de fato, algo que escapa ao lugar-comum. Trata-se de um veículo de comunicação que, sem deixar de ser informativo (e circulando informações de qualidade!), tem apostado mais em seu esforço formativo. À diversidade temática socializada subjaz uma inquietação pedagógica de reconhecido valor crítico-propositivo.
            A qualidade socialmente referenciada deste periódico é fruto de um trabalho persistente de seu corpo de redação. Depõe de sua qualidade técnica e, tanto quanto ou ainda mais, de seu compromisso político com a causa negra. Trabalho que implica permanente pesquisa em fontes fidedignas, do ponto de vista do Povo Negro. Isso, convenhamos, não é nada fácil. Vivendo cercados de uma mídia que lida tão mal – para dizer o mínimo – com as relações étnicas (a exemplo do que faz em relação às temáticas de classe, de gênero e tantas outras...), os redatores de ABIBIMAN são constantemente instados a beber em outras fontes.
Tarefa complicada, nesses tempos de pensamento único; também complicada para quem, por força das exigências de sobrevivência ditadas pelas regras do deus Mercado, dispõe – não por acaso! - de um tempo tão reduzido para lidar com a gratuidade da vida, para o deleitoso exercício de pensar, de criar, em suma, de exercitar a freireana curiosidade epistemológica.
            Não bastasse o desafio do processo de concepção, de busca, de coleta das matérias, de definição dos temas a enfocar, da escolha da linguagem mais apropriada ao perfil dos leitores e leitoras do referido periódico, ainda cabe ao redator, aos redatores, pensar o custeio, a circulação, a interação com o público. E tudo de graça. Ou melhor dito: não raro, tendo que contribuir do próprio bolso. Quem trabalha em e com movimentos sociais populares tem claro que esse não é certamente o caminho para enricar...
Ainda com mais força, gostaria de destacar a qualidade mesma da proposta de ABIBIMAN, expressão viva dos propósitos da ARCA (Associação de Resgate da Cultura Afro). Não foi, por certo, em vão a escolha do nome deste fecundo periódico. Graças ao empenho e à vigilância de seus redatores, tem feito jus ao nome que carrega. Não se destina a um segmento particular do Povo Negro. Seu propósito é o de prestar serviço à causa negra, numa perspectiva plural e de respeito à sua diversidade, ou nos termos empregados pelos seus fundadores, “independentemente de qualquer fronteira ou de particularidade de tribos ou etnias.”
            É assim que ABIBIMAN tem cumprido sua missão de servir como espaço de promoção do protagonismo do Povo Negro, em sua luta libertadora. Felicitações a quantos fazem ABIBIMAN: seu público, seus leitores e leitoras, seus colaboradores e principalmente seus redatores Luiz Eloy, Francisco Galindo e Romildo Primo.



João Pessoa, 12 de Julho de 2003.

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