TRAÇOS DA MÃE-ÁFRICA : em busca de nossas raízes (XXI)
Alder Júlio Ferreira Calado
Namíbia. Como será essa terra (sua gente, sua história...)? Mal acostumados ao viés reducionista da mídia «global», para a qual, não raro, o mundo se restringe aos Estados Unidos e à Europa, dificilmente nos damos conta do vasto leque de países de que o nosso mundo se compõe: em torno de 190! Desses, mais de cinqüenta localizam-se na Mãe-África. Quanta riqueza, quanta variedade, quanta singularidade! Superar tal deformação implica um esforço incessante de abrirmos janelas que nos permitam enxergar para além dos espaços ocidentais. Meta que ABIBIMAN também busca promover.
Desta feita, buscamos «visitar», muito de passagem, a Namíbia, cuja capital é Windhoek, situada no centro do país, a uma altitude de 1.724 m. Limita-se, ao Norte, com Angola e Zâmbia; a Leste e ao Sul, com Botswana e com África do Sul; e a Oeste, com o Oceano Atlântico. Trata-se de um território de pouco mais de 825.000 Km2, metade do qual marcada pelo seu vasto planalto, sendo boa parte do território ocupada pelos desertos da Namíbia e de Kalahan. Cerca de 1.500 Km do litoral da Namíbia são ocupados por desertos. Famosas são suas dunas, verdadeira obra de arte da Natureza. A Namíbia conta com uma população de cerca de 1.800.000 habitantes, dos quais apenas cerca de 7% são brancos, em cujas mãos se concentra a riqueza do país. A despeito do seu belo lema «Unity, Liberty, Justice», o país carregou, por longas décadas, a herança tenebrosa dos seus colonizadores, tanto os alemães como os governantes da África do Sul, seu vizinho: o apartheid. Curioso é que as estatísticas declaram tratar-se de um país de maioria cristã: luteranos, católicos, anglicanos, calvinistas...
Do ponto de vista econômico, a Namíbia se destaca pelos seus recursos naturais, sendo ela uma das grandes produtoras de minérios. Outra via bastante explorada é a do turismo, graças às suas atrações naturais, representadas, por exemplo, pelos seus famosos safáris. Aqui não se trata apenas dos animais de grande porte (elefantes, rinocerontes, leões, leopardos e búfalos), como também de girafas, guepardos e outros bichos selvagens. Não é por acaso que a Namíbia se acha entre os cinco principais países africanos que lideram a oferta de safári, ao lado da África do Sul, do Quênia, de Botswana eda Tanzânia.
Como tantos outros países africanos, a Namíbia tem sua história marcada pela cobiça dos colonizadores. Formada por diferentes etnias, dentre as quais os Bushmen, os Namas, os Damaras, os Owambos, os Hereros, organizados ao seu modo, conforme suas diferentes culturas. Até que, em meados do século XIX, chegam os Alemães, para infernizar a vida dos habitantes da Namíbia. Aí se instalam, e vão travar com os habitantes locais uma verdadeira guerra de extermínio. Não será surpresa a imposição do apartheid, nas primeiras décadas do século XX.
Como em outras partes, também aí, o processo de colonização suscitaria muitas forças de resistência. No caso da Namíbia, a principal força protagonista da resistência foi a SWAPO (South West Africa Pelople´s Organzation), que animou uma longa luta até alcançar a independência, em 1990, quando se tornou presidente Sam Nujoma, líder do movimento.
Recentemente, o Brasil do Governo Lula, além de priorizar a questão étnica interna, promovendo iniciativas a favor das comunidades quilombolas, tem aberto caminhos promissores nas relações amistosas com povos africanos. Passo importante.
Pena que, nessas ocasiões, a imprensa burguesa fique a catar cisco em olho alheio, buscando flagrar o presidente em alguma gafe. No caso da sua visita à Namíbia, feita em 2003, a mídia noticiou com estardalhaço uma gafe pronunciada pelo Presidente Lula. Empolgado com a limpeza e com a beleza arquitetônica que acabara de ver, especialmente na capital, Windhoek, tratou de elogiar, num breve discurso de improviso: "Estou surpreso porque quem chega a Windhoek, não parece que está num país africano", confessou Lula. "Acho que poucas cidades do mundo são tão limpas e bonitas arquitetonicamente quanto esta cidade. E um povo extraordinário como tem." A intenção do presidente foi mesmo a de ressaltar as positividades do país-irmão.
P.S. A quem interessar possa, segue uma sugestão de página, acerca das potencialidades turísticas da Namíbia:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u4565.shtml
João Pessoa, 30 de novembro de 2003.
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