sexta-feira, 15 de junho de 2018

DIREITOS HUMANOS EM TEMPOS DE BARBÁRIE OCIDENTAL


DIREITOS HUMANOS EM TEMPOS DE BARBÁRIE OCIDENTAL

Alder Júlio Ferreira Calado


            O Capitalismo nos traz de volta a cenas mais explícitas de sua verdadeira face. A mais recente e sangrenta invasão, acompanhada de massacrante bombardeio em altíssima escala, – eufemisticamente apelidada de “guerra” pela imprensa convencional (não só, aliás) – perpetrada, mais uma vez, pelas Forças Armadas dos Estados Unidos e seus aliados contra o povo e o território iraquianos. Apelido que, de tão repetido, termina sendo assumido como verdade “universal”, posto que “América” locuta causa finita... (pedindo venia pelo mau uso do termo América, essa nossa“Pátria Grande”)
            Eis que, com efeito, após meses de anúncio da carnificina preparada pelo Governo Bush e seus aliados ocidentais, ora sob a repugnante omissão, ora sob as vistas aparentemente hostis dos governos das demais potências e dos demais membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, teve início, em meados de março de 2003, o megabombardeio com mísseis e sofisticadíssimos aviões de guerra, a jogarem toneladas de bombas sobre o território e a gente do Iraque, para o sádico deleite da mídia ocidental, ávida em difundir e converter, desde as lentes do Pentágono, filtradas imagens da carnificina em grotesco espetáculo pirotécnico, em nome da democracia, quando não em nome da suposta libertação do povo iraquiano das garras do ditador Saddam Hussein...
            Impactado pela natureza e alcance planetário dessa barbárie ocidental, ainda em curso, associo-me a tantas pessoas espalhadas por todos os quadrantes que continuam a gritar sem cessar por justiça e dignidade humana. E o faço, propondo uma reflexão sobre os Direitos Humanos diante de toda essa barbárie praticada ao arrepio dos mais elementares códigos de convivência humana. Socializando fatos e situações que, embora do conhecimento público, a mídia cuida de ocultar aos olhos dos cidadãos de todo o mundo, proponho o exercício de um olhar crítico sobre os fundamentos dessas sucessivas manifestações de barbárie protagonizada pelas grandes potências do mundo, a começar pelos Estados Unidos.

Situando os primeiros elementos da problemática

Dando seqüência prática a (mais) um crime reiteradamente anunciado, sob os olhares antes cúmplices que impotentes das grandes potências e dos países-membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, desde meados de março, não tem cessado de chover “democracia” sobre áreas residenciais e multimilenares monumentos históricos iraquianos, patrimônio cultural da humanidade...
            Em tempos pós-modernos de crescente afrouxamento ético-político – inclusive de parte expressiva daquele segmento que Frei Betto costumava chamar de esquerda arrependida! -, de autocensura e de censura de quem continue ousando chamar “o boi” pelo nome (capitalismo) e pelo sobrenome (imperialismo, neocolonialismo), importa reavivar a memória, como antídoto a qualquer expressão de surpresa ante a mais recente manifestação da fúria assassina (em seu sentido ao mesmo tempo cósmico e humano) do Capitalismo.
Certamente esta não é a primeira vez. Da metade dos século XX para cá, como nos recorda a lista publicada em Brasil de Fato,de 22 de março de 2003 (p.8), convém ter presente a sucessão de invasões acompanhadas e seguidas de bombardeios massivos: perpetrados pelos Estados Unidos: China (1945-46), Coréia (1950-53), China (1950-53), Guatemala (1954), Indonésia (1958), Cuba (1959-60), Guatemala (1960), Congo (1964), Peru (1965), Laos (1964-73), Vietnã (1961-73), Camboja (1969-1970), Guatemala (1967-69), Granada (1983), Líbia (1986), El Salvador (anos 80), Nicarágua (anos 80), Panamá (1980), Iraque (1991), Sudão (1998), Afeganistão (1998), Iusgoslávia (1999), Afeganistão (2001), Iraque (2003)...
            Note-se que se trata de uma lista duplamente incompleta: não apenas pelo fato de não mencionar as invasões de outras potências capitalistas contra povos africanos e de outros continentes, como também em relação mesmo aos Estados Unidos (aí não se fala de Hiroshima nem de Nagasaki, por exemplo).
Se não foi seguramente a primeira, provavelmente ainda não terá sido a última vez. E o “ainda” se deve não apenas a um legítimo desideratum dos oprimidos. Deve-se também a um sinal auspicioso para o Planeta e para os deserdados da Terra: à semelhança de outros impérios que, saturados pela prepotência e arrogância, terminaram por conhecer a ruína, o império americano começa a dar sinais de declínio, à medida que, doravante, só conseguirá impor sua dominação imperial unicamente pela força bruta.
           
Democracia ocidental: uma máscara em pedaços

            Períodos de crise servem, não raro, como teste da (in)consistência de laços declarados. No âmbito da relações afetivas, desde os antigos (a exemplo dos romanos, para quem Amicus certus in re incerta cernitur), costuma-se dizer que é nas horas incertas que se testa a qualidade de uma amizade. Isso pode valer também para o plano macrossocial. No caso da proclamada democracia ocidental, esses (e outros) tempos de crise bem se prestam para se testar a (in)consistência dos discursos sobre democracia, cidadania, direitos humanos, autodeterminação dos povos, etc. Vejamos alguns casos ilustrativos.

- Lições não aprendidas pelo trágico ataque de onze de setembro de 2001 – Como expressão de todo império declinante, o Governo Bush tomou o episódio de onze de setembro, não como um trágico alerta sobre as fundas raízes subjacentes àquele ataque triplicemente emblemático (em sua dimensão econômica: contra as torres do famoso centro comercial; no plano militar: contra o Pentágono, e  em sua esfera política: o ataque frustrado contra a Casa Branca). Preferiu convertê-lo em pretexto para, combinando elementos de exacerbada caça aos terroristas, a começar por Bin Laden, e relançar, de forma acintosa e extremada, toda a carga acumulada de ódio imperialista ao que denominou de “eixo do mal” (Afeganistão, Iraque, Iran, Síria, Coréia do Norte...), espécie de núcleo de um grupo de cerca de trinta países considerados hostis a Washington.
            Em vez, portanto, de interpretar a tragédia como um sinal eloqüente da necessidade de moderar, mesmo do ponto de vista imperial, sua gula belicista, prefere o paroxismo, a exacerbação de sua estratégia expansionista.
Ora, nenhuma potência sobrevive muito tempo, enquanto potência estritamente militar, calcada apenas no uso da força bruta, sem ter como suporte algum consenso ideológico por parte dos dominados. Pode até continuar a ter (caso da Grã Bretanha) ou voltar a ter consenso de outras potências (França, Alemanha, Rússia, China), mas essas também integram, no fundamental, o mesmo bloco de dominação. Podem retardar ou adiar sua ruína, mas não evitá-la. Antes de um dado de fé, isso tem base na própria História recente e menos recente...

- A cruzada anti-terrorista dos Estados Unidos: o discurso do bom-mocismo ofende a inteligência... Sob o pretexto de represália contra Bin Laden e o terrorismo do “eixo do mal”, elege-se o Afeganistão como primeiro alvo. Dias seguidos de maciço bombardeio sobre terras afegãs e sua gente indefesa, até o controle militar do país. E nada de se encontrar Bin Laden. Seria este realmente o alvo? Neto, filho, representante e correligionário de ricos empresários transnacionais do setor petrolífero, não estaria Bush mais interessado em controlar as ricas reservas de petróleo daquela vasta área? Isso não poderia circular pela mídia convencional, que esteve – e continua - mais interessada em distrair e desviar do cerne da questão a atenção da opinião pública internacional, especulando sobre o paradeiro de Bin Laden...

- Controlado o Afeganistão, o alvo seguinte é o Iraque, sob o pretexto de mais um “boi de piranha”: Saddam Hussein... Em toda empreitada imperialista que se afirme como tal, há sempre necessidade de se sacrificar a verdade. A chamada “opinião pública” não pode ver o rei nu. Há sempre a necessidade de recorrer a um “boi de piranha”. Saddam Hussein seria o próximo. A cortina de fumaça teria como base o compadecimento por parte do “bom moço” e seus aliados da sorte do povo iraquiano, escravizado por um perverso ditador. Pior ainda: em flagrante desrespeito às democráticas resoluções da ONU, Saddam Hussein continuaria produzindo armas de destruição em massa, uma terrível ameaça a toda a Humanidade, e, em primeiríssimo lugar, à segurança dos Estados Unidos...
            Contra a hipocrisia e a fragilidade dos motivos declarados, conspiram fatos gravíssimos jamais tocados pela mídia oficial, controlada completamente pelos ideólogos do Pentágono. Convido o leitor, a leitora a fazer um esforço para responder a perguntas do tipo:
- Será defensável, do ponto de vista do tão desgastado Direito Internacional, sustentar como pretexto da acintosa invasão do Iraque a hipótese de que o Iraque possui armas de destruição em massa, quando, a despeito de meses de investigação patrocinada pela ONU, nada de grave foi constatado em terras iraquianas?
- Será legítimo, será legal que o Governo dos Estados Unidos, contrariando a maioria do Conselho de Segurança da ONU e os reiterados protestos de milhões de cidadã(o)s, em todo o mundo, se arroguem o direito de “desarmar” à força, por conta própria e de seus aliados, aquele país?
- Que legitimidade assiste a um país como os Estados Unidos, de pretender destituir um governo desafeto, massacrando o país e sua gente?
- Por que tamanho senso de justiça do Governo Bush, apoiado pelo Congresso, pelas transnacionais, pelas grandes potências e pelos governantes ditatoriais de todo o mundo, não se aplica a países como Israel?
- Qual a autoridade moral do Governo dos Estados Unidos, de sentir-se no direito de “desarmar” quem quer que seja, se eles próprios, Estados Unidos, produzem, declaradamente ou não, todo tipo de armas, inclusive os de destruição em massa? Aliás, que tipo de armamento está sendo utilizado contra o Iraque? “Mira a quien habla!”...

O hiato entre governantes e o crescente grito das ruas é exemplar mostruário da natureza cediça da democracia representativa - Esses tempos de crise têm igualmente se prestado a confirmar o terreno cediço em que erigem os fundamentos do edifício da democracia representativa.
            Desde muito antes da consumação da invasão das tropas anglo-americanas contra o território do Iraque, têm se sucedido manifestações quase diárias, em diferentes pontos do Planeta, em firme oposição a mais essa investida encabeçada pelos Estados Unidos e seus aliados, que pretendem integrar um suposto “Eixo do Bem”...
            Na análise desses acontecimentos, de tantos aspectos que merecem especial destaque, vale incluir a distância abissal que se tem observado entre, de um lado, a disposição extremamente belicista de diversos governos aliados dos Estados Unidos, nessa monstruosa violação do Direito Internacional, e, de outro, as respectivas populações, a clamarem com toda a força contra a materialização dessa empreitada assassina.
            A despeito da natureza orgânica dos laços da mídia escrita, falada e televisiva, direta ou indiretamente controlada por grandes grupos transnacionais, por intermédio dos governantes das grandes potências, os meios de comunicação de massa não têm logrado ocultar completamente as imagens ou o impacto gigantesco das manifestações maciças que se vêm organizando, pelo mundo inteiro. Na Europa, chamam a atenção os protestos por parte, não apenas daqueles países cujos governantes se dizem contrários à agressão anglo-americana (caso da França e da Alemanha, por exemplo), mas sobretudo as manifestações organizadas por expressivos segmentos da sociedade civil daqueles países cujos governantes se aliaram às forças invasoras (caso da Austrália, da Espanha, da Itália, da própria Inglaterra...).
            Essa constatação induz à confirmação de uma conclusão chocante: a farsa das democracias representativas. Afinal, quem representa quem? Qual é o papel do voto? Será que vale a pena continuar apostando na democracia representativa?

Para que(m) serve mesmo a ONU? - Obcecado pela sua nova estratégia geopolítica pós-Onze de Setembro, o Governo Bush, tomando como bode expiatório o primeiro alvo do “Eixo do Mal”, precipita a olhos vistos sua nova investida militar contra o Iraque. E, secundado pela Grã-Bretanha, não tarda a enviar milhares de militares e pesados equipamentos de guerra para o Kwait, uma de suas colônias no Oriente Médio.
Sob os crescentes protestos e pressão de milhões de manifestações internacionais contrárias à invasão, os demais membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, principalmente a França e a Rússia, começam a investir mais intensamente numa saída negociada, apostando no trabalho dos inspetores oficiais em território iraquiano, à procura de indícios de fabricação ou armazenamento de armas químicas e biológicas, nada do que até hoje foi encontrado. Ainda assim, o Conselho de Segurança da ONU exigiu que o Governo do Iraque, mesmo sob expressa, reiterada e iminente invasão (as tropas anglo-americanas já se achavam instaladas no Kwait!), destruísse os mísseis de alcance maior. Ordem seguida, em grande parte, pelo Governo de Saddam Hussein.
            Resultado: armamentos destruídos, indícios de armas de destruição em massa não detectados, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, não bastasse a brutal desigualdade de forças ante o debilitado Iraque (há dez anos submetido, desde o desfecho dos confrontos de 1991, a implacável bloqueio, não é difícil imaginar quem ameaça quem...), decidem invadir, de qualquer jeito. E, desde então, qual tem sido a postura da mesma ONU frente ao fato consumado? Coordenar campanhas humanitárias e mendigar a sua participação na coordenação do processo de “reconstrução” do Iraque ...
            O episódio acima serve bem para dimensionar qual vem sendo concretamente o papel da ONU... Por maior que seja a indignação que isso provoque, convém assinalar que aqui não há lugar para surpresa. Quem, de fato, manda na ONU? Que democracia pode resultar do odioso privilégio do veto por parte dos cinco membros permanentes do seu Conselho de Segurança? Nenhuma chance para o mínimo de autonomia e autodeterminação da quase totalidade dos sócios, ao redor de 190. Tem futuro a ONU, a não ser para as grandes potências e seus súditos? É a isso que se chama democracia?
            Ao se esvaírem de vez as possibilidades de honrosa virada desse scipt, posso até não concordar com a forma, mas fica difícil não entender as razões da indignação que levaram a Guilherme Scalzilli a dirigir ao Sr. Kofi Annan, secretário-geral da ONU, uma carta aberta solicitando que “encaminhe ao Conselho de Segurança da entidade um pedido de intervenção armada nos Estados Unidos da América do Norte”, sob a forma de “ataque preventivo visando dois objetivos principais: a eliminação de armas de destruição em massa e a derrubada do regime de George W. Bush.” (cf. Caros Amigos, nº 72, março de 2003:16).

O papel do Governo brasileiro na promoção do processo de construção da paz mundial


            Ccndição prévia para se definir ou avaliar o papel dos governos nacionais – o do Brasil incluído – nas gestões de promoção da paz mundial, é tomar em conta qual é o conceito de paz com que se trabalhe. Com efeito, é a partir do que se entende por  “paz”, que melhor se definirão e avaliarão os passos com o objetivo de promove-la. No que toca à perspectiva assumida na elaboração das presentes notas, paz não coincide com a mera ausência de guerras. Corresponde, sim, a um processo histórico democraticamente protagonizado pelo conjunto dos povos, cujos governantes se mostram visivelmente empenhados em assegurar as indispensáveis condições de justiça como exigência prévia das relações de convivência, fundadas no respeito mútuo, na autodeterminação, na solidariedade e na coorperação.
            Entendimento de paz que, já de si, exclui práticas rotineiras do tipo (cito apenas algumas como ilustrativas):
- discriminação (expressa ou velada) das vontades dos protagonistas, expressa, por exemplo, pelo privilégio do veto dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o que depõe, com toda a evidência, contra qualquer propósito aceitável de se respeitar o jogo democrático;
- consentimento (expresso ou tácito) a qualquer dos protagonistas da iniciativa de invasão a outro país, qualquer que seja o motivo alegado;
- autorização seletiva do odioso privilégio de fabricação ou armazenamento de armas de destruição em massa (não apenas as armas químicas e biológicas): o caso das grandes potências e de seus apadrinhados, inclusive Israel;
- práticas explícitas de pilhagem, por parte das grandes potências, em favor dos grandes conglomerados transnacionais, contra os países periféricos, seja mediante a política de crescente endividamento, imposição de política de privatização dos Estados nacionais, seja por meio do flagrante desrespeito às regras elementares de reciprocidade que devem reger as relações comerciais entre os povos, seja por meio da “ciranda financeira” do chamado capital volátil, ou ainda por meio de evasão de divisas* e de “n” mecanismos de sonegação combinados com a escandalosa renúncia fiscal feita por instâncias governamentais;
- abusiva liberdade de movimento e de lucro extorsivo dos conglomerados financeiros, sem qualquer controle social.



Considerações sinópticas

            Recorrendo a breves proposições, trato de sublinhar os principais ensinamentos que, de minha parte, recolho desse trágico capítulo da história dos Direitos Humanos, nesse início de século e de milênio, sob diferentes dimensões (econômica, política, cultural, militar, cósmica, ética, étnica, entre outras).
- Radical incompatibilidade entre Capitalismo e respeito à Natureza - Saio de mais esse desastre ecológico (milhares de toneladas de bombas jogadas contra a natureza) com a convicção mais arraigada da radical incompatibilidade entre Capitalismo (ou qualquer outro sistema classista) e o Ecúmeno, entendido este como a casa comum dos viventes, expressão da dimensão cósmica do ser humano. A brutal violação da Mãe-Natureza, neste e tantos outros macabros episódios, é prova da perda de características fundamentais do ser humano, como parte e expressão da consciência cósmica. O impacto extremamente destrutivo das bombas e dos poderosos equipamentos mortíferos jogados no Iraque, no Afeganistão, na Palestina ou em qualquer parte do Planeta deve ser sentido com igual dor pelos humanos, lá onde a vida nos ponha. E esta (a perda de características humanas como a dimensão cósmica) é a ferida mais funda, da qual se desdobram outros ferimentos menores.
- Radical incompatibilidade entre Capitalismo e vocação ontológica do ser humano – A invasão (mais uma!) perpetrada pelos Estados Unidos, Inglaterra e seus aliados ao território e à gente do Iraque, como fruto da estratégia expansionista do Capitalismo da era Bush-Blair, ameaça seriamente inviabilizar a trajetória existencial do ser humano como ser ontologicamente vocacionado à Liberdade. No mínimo, intervém como um fator gravemente retardatário desse devir, historicamente condicionado.
- A invasão anglo-americana e de seus aliados contra o território iraquiano e sua gente expõe às escâncaras a farsa da democracia representativa.- Com efeito, tal agressão faz cair de vez o verniz democrático dos governos ocidentais e seus aliados. Ainda que não se trate de vez primeira (haja vista o que se passa, neste mesmo instante, na Palestina e outras áreas do Planeta), o trágico episódio contribui sobremaneira para expor as entranhas apodrecidas das democracias representativas, à medida que o massacre põe à mostra o crescente fosso entre a vontade da maioria e as decisões de uma minoria inexpressiva. Algo como se o voto de um equivalesse ao de milhões.
- A incursão assassina anglo-americana e de seus aliados apresenta-se como coveira definitiva da ONU - Se já eram poucos os que ainda se deixavam tocar pelo papel da ONU como mediadora de conflitos internacionais, este episódio mais recente (e ainda em curso) veio pôr a última pá de cal na esperança de






- Inserir depoimento de domador de índios, recolhido por Toninho
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- O risco de se pretender agradar a todos
- Desafios do novo Teseu frente à barbárie do velho Minotauro travestido de democracia
- Como ficam os pós-modernos em sua timidez em reconhecer a vigência do imperialismo?
- Fazer tabula rasa do legado marxiano não implica omitir um ponto crucial da sociologia da complexidade: a adequada articulação macro-micro?
- Bush como expressão extremada da democracia burguesa, tal como D. José Cardoso foi usado pelo Vaticano para o desmonte da Igreja dos Pobre em Recife















* A esse respeito é bem elucidativa a entrevista feita com o Prof. Fábio Konder Comparato (cf. Caros Amigos, no 72, março de 2003, p. 8), em que denuncia o escandaloso expediente da Eletropaulo subsidiária da AES, em situação de falência, nos Estados Unidos, com uma dívida de 3 bilhões de dólares, a qual, deixando de pagar sua dívida ao BNDES (isntituição pública mantida com o dinheiro dos trabalhadores, o FAT), resolve socorrer a matriz, remetendo-lhe um bilhão de dólares

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