quarta-feira, 6 de julho de 2016

Da Normose a Autonomia: entre mascara e transparencia

Debatemos com frequência
Sobre temas atuais
Sobre quem reflete a práxis
Cuja instigação nos traz
Bom diálogo entre nós
Nos convida sua voz
A formar-nos sempre mais
Recebi bela incumbência
Para comentar em versos
O livro sobre normose
De peritos nele imersos:
Leloup, Crema e Weil, ao lado
Pelos três elaborado
Sobre o livro, então, converso
A normose é a expressão
Dum consenso introjetado
Sob a forma de valores
Que se tornam, assim, legado
A reger um povo inteiro
Sob um mesmo cativeiro
Só por poucos questionado
Eis um traço bem marcante
Das temíveis ditaduras
Ditam pensamento único
Nas caladas mais escuras
Bem pior é quem se cala
Omitindo a sua fala
Reforçando essa estrutura
Normose é patologia
Que aniquila o ser humano
Lhe tolhendo a identidade
Entregando-o ao tirano
Ele se desumaniza
Segue a direção da brisa
Sucumbindo a medo insano.
Resulta da desistência
De se manter consciente
Lhe retira a liberdade
E o faz preso à corrente
Nada há que o conforte
Sucumbe à pulsão de morte
Tem horror ao diferente
O desejo à liberdade
Sempre mais vai reprimindo
Só emite parecer
P´ra dizer: “Tá tudo lindo!”
Sua opinião esconde
E assim só perde o bonde
Dos embates vai fugindo
A normose tem lugar
Em diversos ambientes
Na esfera da política
Nas igrejas bem se sente
Até na Academia
Que diversa se anuncia
A normose está presente…
No campo religioso
Se revela um instrumento
De obediência cega
Só à letra estando atento
Passa longe o essencial
Só se busca um mero aval
Não se escuta a voz do “Vento”
Toda vítima de normose
Só no hábito se ampara
Tem pavor da consciência
Ativismo é sua tara
Não indaga, não se inquieta
Cumprir leis é sua meta
Mudar isto é coisa rara…
A normose é patológica
Faz sofrer, diversamente
Gera angústia e psicose
Desarruma a nossa mente
Cria estigma do “normal”
“Naturalizando” o mal
Cumpre regras, simplesmente.
Plenitude é nossa meta
Que o desejo incentiva
A normose impõe o medo
Nos deixando à deriva
Rumo ao aniquilamento
Nos tornando desatentos
Nossos planos desativa…
Entre “plêuroma” e “kénosis”
Oscilamos algum dia
Tendemos à Liberdade
Mas o medo esvazia
Minha ação instituinte
Já não vejo como pinte
Vai “pro brejo” a Utopia…
Cada máscara que usamos
Para esconder a face
Só depõe contra nós mesmos
Pois daí frustração nasce
Pois, por mais que a “maquillage”
A fingir bem nos engaje
Chega um dia, e cai a classe…
Expressões dessa normose
Dita a moda, a cada dia
Um padrão determinado
Que a tantos asfixia:
Peso, grife, loja fina
Muitos chegam à ruína
De viver perdem a alegria…
Um normótico proceder
Tem origem na fofoca
Há quem viva dessa indústria
Em doença desemboca
Por aí vai muita gente
Que prazer somente sente
Com fuxico de dondoca
Outro agir também normótico
Dos piores se revela
Quando em nome do Sagrado
Alguém mete outro em cela
O explora e aliena
Pelo medo, impondo pena
Usando palavra bela.
Só se livra da normose
Quem em busca vai de si
Se assumindo como é
Com os outros chora, ri
Dialoga abertamente
Procura ser transparente
Evitando tititi…
Normose tem mais a ver
Com a gula de ter tudo
Consumir sem ter limite
Até gente vira escudo
Objeto de brinquedo
Gente assim, mais tarde ou cedo
Vai sofrer de mal agudo…
Em todos e cada um
De normose há sempre um pouco
Nos diversos ambientes
Fazemos algo de louco
Ao curtir regras alheias
Desprezando nossa “aldeia”
Submissos ao sufoco
Quais espaços de normose
Entre nós são mais freqüentes?
Nos institucionais
São diversas as correntes
A forjarem desde cedo
As neuroses como o medo
Que se mostram eficientes
Na família, nas igrejas
No trabalho, na escola
Até mesmo nos esportes
A normose então assola
Só escapa, quem procura
Enfrentar a ditadura
Aos clichês não dando bola…
Jà basta de preconceitos!
Quer de gênero ou etnia
Ou também de procedência
O estigma arrepia!
Respeitar o diferente
Eis um passo bem à frente
Rumo à nossa Utopia.
Nós não somos condenados
Da normose a ser reféns
Nem de regras alienantes
Nem dos nossos próprios bens
Nossa consciência chama
A urdirmos nova trama
Este apelo tu já tens!

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