quarta-feira, 6 de julho de 2016

JORNADA MUNDIAL “NA CIDADE SEM MEU CARRO”: alguns questionamentos

Está prevista para sexta-feira, dia 23 do corrente, a realização de uma jornada mundial de sensibilização dos Cidadãs e Cidadãos em relação ao abuso dos automóveis e sua efetiva contribuição para a degradação ecológica e da qualidade de vida urbana. Trata-se de iniciativa que, partindo da França, conta com o acolhimento de vários países. No caso do Brasil, fala-se em 60 municípios que assumem a campanha, João Pessoa, inclusive.
Ao tempo em que saúdo o foco de inquietação da campanha – a ser trabalhado de modo articulado a outros (degradação da biodiversidade, dos oceanos, dos rios, das florestas, das matrizes energéticas, das diferentes manifestações de poluição e envenenamento do Planeta e dos Humanos, SEM ESQUECER O MODO DE PRODUÇÃO, DE CONSUMO E DE GESTÃO DE SOCIEDADE!), também trato de compartilhar alguns questionamentos:
– Com o perfil geo-econômico característico do território brasileiro, como explicar que, em vez de modelos como o transporte ferroviário e o aquático, os Governos tenham optado SOBRETUDO pelo modelo rodoviário? A que interesses se tem devido tal opção?
– A quem interessou e interessa o desmonte de nossas ferrovias, substituídas pela hipertrofia de rodovias, com todas as consequências sócio-econômicas com que temos arcado, em matéria de dispêndio de petróleo (em que só recentemente o Brasil se tornou auto-suficiente?
– Diante das evidências cada vez mais explosivas das situações DIÁRIAS de impasses do trânsito nas grandes e médias cidades, como explicar o crescimento desordenado do número de automóveis, a cada ano?
– Como explicar a INSENSIBILIDADE de sucessivos governos e respectivas políticas públicas de transporte coletivo, sempre a incentivar ou a se omitir diante da desordenada expansão das indústrias de automóveis?
– Diante das alegações de que o problema reside na falta de infraestrutura viária (rodoviária), será que, mantida essa lógica de crescimento desordenado do número de automóveis, que se tem feito em progressão geométrica, há mesmo infraestrutura que responda a essa tendência de DEMANDA CONSUMISTA BEM AO GOSTO DA LÓGICA NECRÓFILA DO MERCADO?
– A seguir tal insanidade, será que só vamos acordar no dia em que já não se possa literalmente circular com automóveis (com um ou dois passageiros, entupindo as vias que se dizem impropriamente públicas?
– Será que nem as insanas estatísticas diárias de mortes e acidentes no trânsito não tocam os gestores e, em especial, os formuladores de políticas de Estado?
– Quem disse que a felicidade de uma sociedade se meça pelo número de carros, de modo a supor-se que seja mais feliz a família (ou o indivíduo) que possuam dois, três carros?
São tantas perguntas…
Acorda, Brasil!

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