III SEMANA TEOLÓGICA Pe. JOSÉ COMBLIN
(João Pessoa, 22, 23 e 24 de outubro de 2013)
(João Pessoa, 22, 23 e 24 de outubro de 2013)
Resumo da primeira noite
O tema geral da III Semana Teológica, fruto da fecunda experiência das Jornadas Comunitárias do campo e da cidade, é “O Espírito Santo e a Missão: o protagonismo das Juventudes”, a ser tratado mais diretamente, a partir do segundo dia, tanto nas oficinas como nas exposições dialogantes, com distintos focos: gênero, geração, compromisso sócio-ambiental e formação.
Na abertura desta III Semana Teológica Pe. José Comblin, considerando a inspiradora figura de tal iniciativa, o foco incidiu na apresentação do livro póstumo do Pe. José Comblin, “O Espírito Santo e a Tradição de Jesus”, feita por Mônica Muggler (tendo destacado o processo de construção das distintas versões ligadas pelo autor do nesmo livro) e por Eduardo Hoornaert (atendo-se mais diretamente ao conteúdo do livro).
Como ocorrerá no início de cada noite desta Semana Teológica, graças à animação de integrantes da Rede Celebra, de Santa Rita – PB, os participantes foram convidados a vivenciarem um inspirador momento de espiritualidade, com cânticos, rito da luz e invocação do Espírito Santo, todos sendo convidados a cantar o refrão do conhecido apelo paulino: “Não extingais o Espírito Santo. Não desprezeis as profecias.” (1 Ts 5, 19-20).
Coube a Aparecida Paes Barreto (Cida), do Grupo Kairós/Nós Também Somos Igreja, e a Pe. Hermínio Canova, do Grupo Igreja dos Pobres, em nome dos demais grupos organizadores da III Semana Teológica Pe. José Comblin, fazerem a abertura da III Semana. Cida cuidou de dar as boas-vindas a(o)participantes, bem como fazer uma breve recapitulação das Semanas Teológicas precedentes, enquanto o Pe. Hermínio Canova sublinhou o caráter da primeira noite, acenando para a tarefa confiada a Eduardo Hoornaert e Mônica Muggler.
Em seguida, Cida retoma a palavra, para chamar à mesa os expositores da noite, o historiador e teólogo Eduardo Hoornaert e a missionária e coordenadora das Escolas de Formação Missionária, Mônica Muggler.
MÔNICA MUGGLER
Mônica iniciou felicitando os grupos organizadores da Semana Teológica pelo empenho e persistência na promoção desta iniciativa. Forneceu, de passagem, vários informes sobre livros e artigos reunidos no Memorial Pe. José Comblin, em Santa Fé (Solânea), de onde estava vindo há poucos dias, e onde, em meio a cerca de quatrocentos artigos lá reunidos, pôde revisitar alguns textos do Pe. José, escritos nos anos 60, que muito a impactaram por sua reconhecida atualidade.
Já acenando para o livro póstumo, “O Espírito Santo e a Tradição de Jesus”, lembrou que, dentre os mais de 70 livros escritos por Pe. José, a grande maioria resultou de convites e encomendas que lhe faziam, para atender a distintas necessidades e aspirações editoriais e pastorais, enquanto apenas uma pequena parte – uma meia dúzia – é que tinha brotado genuinamente de sua iniciativa (“Tempo da Ação”, 1982; “A Força da Plavra”, 1986. “Vocação para a Liberdade”, 1998; “O Povo de Deus”, 2002; “Vida em Busca da Liberdade”; “A Profecia na Igreja”).
Quanto ao livro póstumo, “O Espírito Santo e a Tradição de Jesus”, surgiu de uma pergunta de uma pessoa do Grupo que costumava reunir-se mensalmente em sua residência, em Bayeux, indagando-o sobre por que ele ainda não havia escrito um livro expressamente voltado sobre a ação do Espírito Santo na Igreja.
Aceita a provocação, ele cuida de redigir o livro, que acabou recebendo distintas versões, alcançando cinco diferentes versões, uma das quais sumiu do seu computador, graças a uma tecla equivocada sobre a qual havia pressionado…
Era o estilo de Pe. José dificilmente contentar-se com uma única versão. Costumava refazer seu caminho de redação, buscando aprimorar, mas sem reeditar o já escrito.
Em março de 2011, ainda não havia acabado o livro, por força de viagens e deslocamentos frequentes que precisou fazer, implicando interrupção de sua rotina de produção. Esperava publicar seu livro no final de 2011. O fato é que veio a ter sua páscoa em 27 de março de 2011, deixando inacabada sua obra.
Com a crescente expectativa de que o livro fosse publicado (agora, postumamente), emergia a pergunta: publicar, sim, mas qual das versões? Em conversas com pessoas próximas, inclusive Dom Frei Luiz Cappio, bispo de Barra – Ba, que acolhera Comblin e Mônica na Diocese de Barra, foi aconselhada a publicar todas as versões, tal como sucedera no processo semelhante ao que os franciscanos fizeram em relação aos escritos de Francisco de Assis.
Difícil, porém, resultou a aceitação por parte da Editora Paulus (na qual o autor vinha publicando suas obras, já havia algumas décadas). Foi determinado pela Editora que só publicaria um determinado número de páginas, insuficientes para a publicação de todas as versões.
Sendo assim, ela resolveu recorrer à Nhanduti Editora, de São Paulo, que aceitou publicar todas as versões e mais uma apresentação feita por Dom Cappio, além da introdução explicativa feita pela própria Mônica.
Enquanto relatava esse processo, Mônica também foi feliz ao ilustrar várias passagens de sua fala com situações e testemunhos acerca do estilo do Pe. José Comblin.
EDUARDO HOORNAERT
Antes de ater-se ao conteúdo do livro, fez algumas observações preliminares. Deu a conhecer a recente aparição, em Flamengo, na Bélgica, graças a iniciativa de amigos de Pe. José, de um livro contendo textos diversos de Comblin, Exemplar que presenteou a Mônica. Também, informou que, ainda na Bélgica, deve sair até inícios de 2014, um outro livro sobre Comblin, em Francês, trazendo, inclusive, vários artigos de teólogos brasileiros e de outros países, que ele próprio, Eduardo, já havia incluído e publicado em uma coletânea organizada pelo mesmo. Observou que ouviu desses amigos belgas a afirmação de que Pe. José, considerando o longo tempo vivido fora de sua terra, é aqui ainda um desconhecido…
Sobre o livro, discorreu, “en passant”, sobre diferentes aspectos das versões, atendo-se mais diretamente a um aspecto, já analisado na coletânea que ele organizara, de autoria do teólogo Jung Mo Sung, que se concentra fundamentalmente na questão geracional em Comblin.
Trata-se de tema recorrente em obras precedentes, especialmente em seu O Provisório e o Definitivo (publicado pela Editora Herder, São Paulo, em 1968) no qual sustenta a tese de que cada geração é autônoma para propor e trabalhar sua perspectiva teológica específica, sem amarrar-se a autores de gerações precedentes.
Enquanto expunha seus comentários, também trazia questões candentes, a exemplo da apresentação que o próprio Comblin em seu livro póstumo, lembrando, por exemplo, a aurora da Teologia da Libertação, quando ainda esta nem nome próprio tinha (dado por Gustavo Gutiérrez, em seu conhecido livro, de 1971/72). Ainda em meados dos anos sessenta, Comblin fazia parte de um pequeno grupos de teólogos iniciadores da Teologia da Libertação, do qual também faziam parte, entre outros, Juan Luiz Segundo, Segundo Galilea, Gustavo Gutiérrez.
Comblin tinha um estilo desinstalador. Mesmo em relação à Teologia da Libertação, aqui, ali, provocava situações de questionamento, como, por exemplo, em relação à tendência dominante de se lidar com categorias marxistas, ainda que tivesse conhecimento e apreciasse a obra de Marx.
Outro ponto tocado em sua fala, tem a ver com a posição de Comblin quanto a tratar a Tradição de Jesus como idêntica a um Messianismo, ainda que a Tradição de Jesus se valha de posições messiânicas do Judaísmo para extrair lições.
Após a exposição de Eduardo, seguiram-se várias intervenções da parte dos participantes, num fecndo exercício dialógico, inclusive com a participação e presença na abertura e nas intervenções de irmãos de distintas Igrejas reformadas, conrimando o tom ecumênico do Encontro.
P.S. Trata-se, como se percebe, de um resumo aproximativo, feito sem tomada de notas, sujeito, portanto, a imprecisões.
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