A ocorrência da renúncia de Bento XVI tem suscitado diferentes apreciações, mundo afora.
Eis um momento propício apresentado pela atual conjuntura eclesial, para expressarmos, de distintas maneiras, nossas inquietações, nossos clamores, nossas propostas e votos de mudanças no governo da Igreja Católica Romana.
Como muitas outras pessoas, tenho/venho acompanhando esse momento mais atentamente – e para bem além do olhar da mídia convencional – análises, entrevistas, depoimentos, relatos, etc., poderíamos perguntar-nos: que apanhado sinóptico seria possível fazer, neste momento? Que tal tentar elencar alguns pontos, a título de ilustração, apontando em função de mudanças, a curto, médio e longo prazos? Do que tenho lido, destacaria, por enquanto, os seguintes pontos:
– Promover urgente processo de refontização (reabastecimento nas fontes evangélicas e neotestamentárias) e de de “aggiornamento”, dentro do espírito do Concílio Vaticano II.
– No plano das decisões eclesiais, assegurar a centralidade do Povo de Deus, em especial do povo dos pobres, na perspectiva de tomar-se a sério a proposta de uma Igreja toda ela pobre e a serviço da humanidade.
– Revisão do ministério petrino, seguindo critérios evangélicos, dentro do espírito de colegialidade sustentado pelo Concílio Vaticano II, em que o Bispo de Roma se sinta um com os demais colegas e em efetiva comunhão com todo o Povo de Deus.
– Modo colegiado de governar a Igreja Católica (de modo a torná-la mais católica, menos romana, na acepção da estrutura e do exercício do poder hepercentralizao);
– Reabilitar e promover o importante lugar, no governo da Igreja Católica, das conferências episcopais (continentais e nacionais).
– Reconhecer e assegurar o protagonismo das Mulheres na sociedade e na Igreja, nas decisões fundamentais, inclusive quanto à legitimidade de exercício de todos os ministérios eclesiais, conforme sua vocação.
– Revogar a lei do celibato sacerdotal, reconhecendo e assumindo o celibato como um dom conforme os carismas de quem o escolha, consciente e livremente, sem vinculação obrigatória com o exercício dos ministérios.
– Revisão radical do sentido e do papel da Cúria Romana.
– Revogar os critérios hoje vigentes, e refazê-los de forma colegiada, quanto ao que respeita à nomeação e transferência de bispos, de modo a tomar em consideração as necessidades e os anseios das comunidades que os acolhem.
– Respeitar a liberdade de pesquisa, produção e publicação teológicas, ao interno da Igreja.
– Antenar-se e solidarizar-se com as inquietações, os dramas, os gritos e as aspirações de toda a humanidade, abrindo-le ao diálogo inter-religioso e à prática do ecumenismo.
– Rever o Código de Direito Canônico, que, por vezes, passa a impressão de ser mais apreciado e tomado em conta acima ou à revelia do próprio Evangelho.
– Valorização positiva da sexualidade, sob distintos ângulos.
– Promover o compromisso com os Direitos Humanos, também ao interno da Igreja.
Quantos outros pontos poderiam ser acrescentados e discutidos. Eis o momento! Que tal seguirmos dialogando?
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